Morte de surfista Ricardinho completa 10 anos e familiares fazem homenagem: ‘Lembranças vêm como furacão’, diz mãe
Parentes e amigos de Ricardo dos Santos, à época uma das referências do surf, se reuniram na praia da Guarda do Embaú, tradicional reduto do atleta.
Ricardo dos Santos, o Ricardinho, foi morto após discussão em janeiro — Foto: Reprodução/Instagram
A morte do surfista Ricardo dos Santos, conhecido como Ricardinho, completou 10 anos nesta segunda-feira (20). Familiares e amigos do atleta se reuniram na praia da Guarda do Embaú, em Palhoça, na Grande Florianópolis, para prestar uma homenagem a ele, que tinha 24 anos quando foi assassinado.
Ricardinho foi morto a tiros em frente à casa da família por um policial militar que estava de férias. Luís Paulo Mota Brentano foi condenado em júri popular em dezembro de 2016 e expulso da corporação.
O DE não conseguiu contato com a defesa de Brentano. A defesa alegou na época do julgamento que o ex-PM agiu em legítima defesa.
Parentes e amigos fazem roda em homenagem ao surfista Ricardinho, assassinado há 10 anos em Palhoça — Foto: Lucas Amorelli/NSC
Na homenagem desta segunda, dezenas de pessoas fizeram uma roda na areia da praia. A Guarda do Embaú é o local onde Ricardinho cresceu e também onde foi baleado.
Na cerimônia, as pessoas deram as mãos e, depois, seguiram para o Rio da Madre, que desagua na praia. A maioria dos presentes vestia camisetas brancas com a mensagem “#Ricardinho #MaisAmor, #paz e #justiça”, com a foto de Ricardo dos Santos.
A mãe de Ricardinho, Luciane dos Santos, disse à NSC que, para ela, o tempo passou rápido demais e que “as lembranças vêm como um furacão”.
“As lembranças desse dia são nítidas. São lembranças que não gostaria de ter no meu coração”, lamentou a mãe.
Ricardinho foi morto em janeiro de 2015 — Foto: Arquivo Pessoal
Apesar da dor, ela disse as conversas sobre Ricardinho são sempre em tom de alegria, já que o surfista “deixou lembranças de momentos lindos, que fazem substituir a dor pela gratidão”.
“Tenho meus filhos e agora um neto que amo muito, bons amigos que nunca me abandonaram… isso me fortaleceu para seguir em frente. Sou grata por todos estarem sempre comigo”, completou. Ricardinho era especialista em ondas pesadas e tubulares e reconhecido internacionalmente com diversos títulos, como o Wave Of The Winter e Andy Irons. Começou a surfar aos sete anos e, aos 12, disputou o primeiro campeonato estadual.
Em 2013, foi para o Taiti. Com feitos importantes, o surfista também teve visibilidade ao eliminar o campeão do mundo na época, Kelly Slater.
Familiares e amigos fazem homenagem ao surfista Ricardinho, morto há 10 anos em DE
Ricardinho levou três tiros em frente à casa da família, na Guarda do Embaú, na manhã de 19 de janeiro de 2015. Conforme depoimento de testemunhas à Polícia Militar, ele pediu para que duas pessoas, um policial militar e um menor – irmão do PM, segundo a polícia – saíssem da frente da casa dele.
Os familiares do esportista disseram na época que um dos homens teria estacionado o carro sobre um cano que faz parte de uma obra realizada na casa de Ricardo, o que teria motivado o pedido para que saíssem do local.
Houve discussão, e Ricardinho foi atingido por três tiros entre o tórax e o abdômen. O atleta passou por quatro cirurgias, mas não reagiu aos procedimentos médicos e as hemorragias não cessaram, causando a morte.
Ex-PM Luís Paulo Mota Brentano foi condenado pelo assassinato do surfista Ricardinho — Foto: Reprodução/NSC TV
O ex-PM que atirou no surfista tinha 25 anos na época. Ainda no mesmo ano do crime, ele foi expulso da Polícia Militar.
O julgamento dele em júri popular ocorreu em 16 e 17 de dezembro de 2016. Ele foi condenado a 22 anos de prisão em regime inicialmente fechado por homicídio qualificado por motivo fútil, perigo comum e recurso que dificultou a defesa da vítima. O ex-PM também recebeu pena de oito meses de detenção em regime inicial semiaberto por dirigir embriagado. Além disso, foi condenado a quatro meses de suspensão de habilitação para conduzir veículo automotor.
Ele ficou preso em um quartel da PM e depois foi transferido para o sistema prisional comum. Em 2017, teve a pena reduzida para 17 anos e seis meses de reclusão em regime fechado e sete meses e 15 dias de detenção em regime semiaberto.
Em 2020, durante a pandemia da Covid-19, teve a saída da prisão na Penitenciária Industrial de Joinville liberada para o regime semiaberto. Não há novas informações sobre o andamento do caso.