Por Lígia Saba
A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo, entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal da cidade, e representa um dos principais marcos do movimento modernista no Brasil. O evento, que completa seu centenário no ano que vem, é considerado um dos principais na história da arte nacional. Nesse contexto, preparamos uma lista com 10 fatos e curiosidades para você conhecer um pouco mais sobre a Semana de 22.
10. Monteiro Lobato foi um forte opositor dos modernistas
Em 1917, Anita Malfatti, recém-chegada da Europa, montou uma exposição com suas obras em São Paulo, considerada a primeira exposição modernista do Brasil. No dia 20 de dezembro, o escritor Monteiro Lobato publica um artigo no jornal O Estado de S. Paulo que criticava ferozmente a exposição de Malfatti, chamando as formas distorcidas e abstratas representadas nas obras modernistas de frutos de “cérebros transtornados por psicoses” e defendendo a arte clássica de época.
9. A Semana foi financiada pela oligarquia paulista
O apoio da elite paulista foi fundamental, na época, em pleno auge do período das oligarquias na República Velha, a oligarquia paulista tinha interesse em tornar São Paulo uma referência em criação cultural, posto que era ocupado pelo Rio de Janeiro. Além disso, o início da efervescência paulista passou a se contrapor ao conservadorismo carioca, que era bem mais tradicional no ramo das artes e, por isso mesmo, tinha um estilo mais consolidado e conservador. Assim, a Semana de Arte Moderna foi amplamente financiada pela elite cafeeira, que tomou a frente do evento de projeção nacional.
8. Sua duração na verdade foi de apenas três dias
A Semana de Arte Moderna, na verdade, durou apenas três dias, alternados, o evento esteve anunciado e programado para ocorrer entre os dias 11 e 18 de fevereiro, mas o Theatro foi aberto para as exposições nos dias 13, 15 e 17. Em cada dia, as apresentações foram divididas por tema: no dia 13, pintura e escultura; no dia 15, a literatura; e no dia 17, a música.
7. Não agradou o público
As pinturas e esculturas, de formas estranhas, fizeram os visitantes se perguntarem se os quadros estavam pendurados da maneira certa. Os poemas modernistas eram declamados entre vaias e gritos da plateia. Conta-se, inclusive, que no último dia o músico Heitor Villa-Lobos entrou para sua apresentação calçando sapato em um pé e chinelos no outro, o que foi considerado um desrespeito pelo público presente.
6. Mais Vaias
Durante a leitura do famoso poema “Os Sapos”, de Manuel Bandeira, o público presente no Teatro Municipal fez coro e atrapalhou a leitura, mostrando mais uma vez sua desaprovação como o movimento.
5. O único pernambucano da Semana de Arte Moderna
Divulgador das vanguardas europeias no Brasil, Vicente do Rêgo Monteiro (1899-1970) foi um precursor das ideias que nortearam a Semana de 22, com seu interesse nas lendas amazônicas e na produção de cerâmica marajoara desde a década anterior. Deixou oito obras para serem expostas na Semana de Arte Moderna, mas na época vivia em Paris.
4. A Escrava que não era Isaura
Durante a Semana de Arte Moderna, Mário de Andrade fez a apresentação do esboço de um texto que seria publicado na íntegra apenas em 1925, chamado A escrava que não era Isaura. No ensaio, ele defende um maior aprofundamento do verso livre, da síntese no uso das palavras e frases e defende uma maior valorização do que há de brasileiro na língua (características centrais que aparecem no movimento modernista).
3. Participaram da semana:
Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, na Pintura e no Desenho; Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, na Escultura; Antonio Garcia Moya e Georg Przyrembel, na Arquitetura; Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, na Literatura; Villa-Lobos e Guiomar Novais, na Música.
2. Primeira-dama do Modernismo
Um dos principais nomes do Movimento no Brasil, Tarsila do Amaral, não participou do evento, pois estava estudando na Europa.
1. Inspiração
A Semana de Arte Moderna de 1922 foi inspirada no Cubismo, movimento artístico criado por Pablo Picasso e Georges Braque, no início do século XX, o qual representava objetos e pessoas, por meio de formas geométricas formadas por cubos, daí o nome.