18ª Goiânia Mostra Curtas chega a capital

Tradicional no calendário goiano de eventos culturais, a 18ª edição do Goiânia Mostra Curtas inicia na próxima terça-feira (02), no Teatro Goiânia. Durante os seis dias de mostra, o público poderá conferir gratuitamente 77 produções audiovisuais de 15 estados brasileiros e o Distrito Federal. Divididos entre as cinco mostras competitivas – Curta Mostra Brasil, Curta Mostra Goiás, Curta Mostra Animação, 17ª Mostrinha e Curta Mostra Cinema nos Bairros -, serão exibidos 42 curtas de ficção, 17 animações, 13 documentários e 4 experimental.

A abertura do evento inicia às 20h, com a participação da banda goiana Carne Doce. Além disso, neste dia o publico poderá assistir o curta-metragem Estátua!, protagonizado por Maeve Jinkings, homenageada do festival ao lado da fundadora da Vitrine Filmes, Silvia Cruz.

“A 18ª Goiânia Mostra Curtas é o resultado da resistência com um propósito criado há dezoito anos: provocar e estimular o audiovisual no coração do cerrado. Contemplar diferentes formatos de gêneros de curtas-metragens com produções de todo o país demonstra a evolução desse cenário, que a Goiânia Mostra Curtas ajuda a construir e se fortalecer”, afirma Maria Abdalla, diretora geral do festival.

Para ela, as produções selecionadas para esta edição tem uma preocupação que vai além da estética e retratam temas como intolerância, discussões de gênero, violência contra a mulher, religião, questões sociais e todo um universo de situações e abordagens emergenciais, desempenhando o papel inegável de ferramenta de expressão, representatividade e denúncia. “A intenção é garantir ao público a possibilidade de se encantar, inquietar, discutir temas pertinentes e se permitir ser tocado por filmes de diferentes temas, origens, gêneros e formatos”, completa Abdalla.

A Curta Mostra Especial, única não competitiva, em 2018, convida para uma reflexão sobre o papel das mulheres no cinema, com o tema “Gênero e Invenção: tornar-se mulher no cinema de curta-metragem contemporâneo”.A diretora, roteirista, antropóloga e curadora da Mostra Especial, Maíra Bühler, elegeu 12 curtas, que pretendem ampliar o debate sobre relações de gênero, desconstruindo imagens fixas e estereotipadas da mulher e pensando na construção de novas narrativas e subjetividades.  A programação ainda traz um debate sobre os desafios da desconstrução e da criação da imagem da mulher no cinema, com foco de tornar a mulher, como ato performativo, no contra-fluxo da visão de gênero que vai além da essência e na direção de uma proposta política em sua abertura criativa.

Os dados alarmantes do Informe sobre Diversidade de Gênero e Raça no Cinema em 2016, divulgado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) mostra como a equidade de gênero está longe de ser alcançada no audiovisual. De acordo com o informe, chegaram às telas daquela ano apenas 25 produções brasileiras com direção exclusivamente feminina, representando apenas 16% dos longas. Onze filmes tiveram direção mista, enquanto os homens estiveram à frente de 124 longas-metragens, 77% do total. Os filmes lançados por mulheres também tiveram menos espaço sendo lançados em uma média de 65,4 salas, enquanto os feitos por homens chegaram a 83,1 espaços de exibição, em média. Os dados ainda revelam que o recorte racial é ainda mais desfavorável, já que apenas 2% das direções foram feitas por homens negros e nenhum filme dirigido por mulher negra chegou às salas de cinema em 2016.

Na contramão das estatísticas que mostram que o cinema brasileiro é majoritariamente masculino e branco, a Curta Mostra Especial é composta por curtas realizados, em maioria, por mulheres, brancas e negras. Mas a representatividade feminina não se restringe à Mostra Especial. Do número total de filmes selecionados para as demais categorias do festival, 41 produções contam com mulheres à frente da sua direção.

Uma das obras que também integram o programa é o lançamento literário do livro “Feminino e Plural: mulheres no cinema brasileiro”, realizado no hall do Teatro Goiânia. Organizado por Karla Holanda e Marina Cavalcanti Tedesco, a publicação consiste em uma coletânea de textos sobre o cinema feminino brasileiro, dos primórdios na atualidade.

O festival ainda ultrapassa o limite do Teatro Goiânia e chega até a Vila Cultural Cora Coralina, onde serão realizadas atividades de formação profissional, como o Laboratório de Roteiros Audiovisual e a Feira Audiovisual, novidade neste ano. Com coordenação de Leila Bourdoukan e curadoria de Ivan Melo, a Feira  vai reunir painéis, máster classes, oficinas e um lounge de networking com importantes nomes do meio audiovisual do Brasil e do mundo.

O encerramento do evento acontece no domingo  (7), ás 20h, com a performance da Cocada Cora.

Premiações

Para os filmes que integram a Curta Mostra Brasil, Curta Mostra Goiás e Curta Animação, o corpo de jurados avaliará as categorias de Melhor Filme, Melhor Direção, Prêmio Especial do Júri. Outro júri também será formado para a escolha das premiações do Júri Sesc TV, Júri CineBrasil TV e Elo Company. Entre os prêmios entregues aos vencedores, estão locação de equipamentos, cursos de formação audiovisual, serviços de pós-produção, finalização, distribuição e prêmios de aquisição. Além dos prêmios cedidos pelas empresas de audiovisual, todos os curtas-metragens escolhidos pelos júris, incluindo o júri popular, também recebem o Troféu Icumam, criado pelo artista goiano Gilvan Cabral.

Identidade artística

A artista e designer gráfica Beatriz Perini foi a responsável pela criação da arte do cartaz da 18ª Goiânia Mostra Curtas. A artista mescla em suas produções a colagem, fotografia e o desenho, interagindo com diferentes linguagens, se apropriando de mídia impressa para a criação de imagens. As experimentações gráficas e visuais aliadas às diferentes formas dispostas na arte realizada para 18ª Goiânia Mostra Curtas possibilitam inúmeras releituras do trabalho, marcando todo o material de divulgação gráfico, serigráfico e digital desta edição, colaborando criativamente com o festival, proporcionando também uma reflexão sobre as produções artísticas contemporâneas.

Já figuraram entre os convidados nomes como Paulo Caetano, Kátia Jacarandá,  Juliano Moraes, Marcelo Solá, Pitágoras, Fabíola Morais, Siron Franco, Kaboco, Mateus Dutra, Oscar Fortunato, estúdio Bicicleta Sem Freio, André Morbeck e Wes Gama.

Realização

A 18ª Goiânia Mostra Curtas é realizada pelo Icumam Cultural e Instituto com patrocínio da RTE – Rodonaves Transportes, por meio da Lei Goyazes, incentivo institucional do Ministério da Cultura por meio da Secretaria do Audiovisual; apresentado pelo Fundo de Arte e Cultura de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte (Seduce); e com o apoio da Unimed Goiânia.

A Feira Audiovisual também é uma realização Icumam Cultural e Instituto e Goiânia Mostra Curtas e recebe o patrocínio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, Fundo Setorial do Audiovisual e da Agência Nacional do Cinema, por meio do Ministério da Cultura, e conta com o apoio da Vila Cultural Cora Coralina.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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