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25 anos sem Renato Russo: Relembre carreira e vida do cantor e compositor

Última atualização 11/10/2021 | 23:19

“É tão estranho, os bons morrem jovens”, e é assim que o dia 11 de outubro, há duas décadas e meia, é relembrado pelo rock nacional. Renato Russo, um dos maiores cantores e compositores do Brasil, morreu em 1996 por complicações do HIV. O cantor lutava contra a Aids há seis anos.

Hoje, em 2021, suas músicas parecem atemporais; permanecem na memória e colocam o cantor em um patamar de imortalidade.

Renato Russo: cantor e compositor. (Foto: Reprodução)

Vida

Renato Manfredini Junior (27 de março de 1960 – 11 de outubro de 1996), saiu de cena com apenas 36 anos de idade. Na época, já possuía 18 de carreira. Suas músicas são pautadas nas críticas sociais, na política e em emoções reais. A frente do Legião Urbana, RR deixou uma legião de fãs; Foram oito discos de estúdio com a banda, sendo que o último, “Uma Outra Estação”, foi lançado nove meses após sua partida. Ao vivo, foram cinco álbuns. Gravou três discos solo e cantou ao lado de inúmeros cantores brasileiros.

Renato Russo era carioca, mas, viveu a maior parte de sua vida em Brasília. Ainda criança, mudou-se para os Estados Unidos com a família, pois, seu pai era bancário e foi transferidos para Nova York.

Lá, foi inserido na cultura norte-americana, reflexos percebidos em algumas canções. Alguns anos depois de retorno ao Brasil, Renato foi diagnosticado como portador de epifisiólise, uma doença óssea, com apenas 15 aos.

A doença fez com que o cantor precisasse passar por cirurgia e ficar longos períodos acamado e na cadeira de rodas.

Com seu inglês impecável, aos 17 anos, RR teve a oportunidade de conhecer o príncipe Charles da Inglaterra, quando este foi convidado para vir ao Brasil conhecer a nova sede da escola onde Renato dava aulas de inglês. Além de professor de inglês, Renato Russo também foi jornalista.

Sexualidade e envolvimento com drogas

Aos 18 anos, Renato Russo revelou a sua mãe sobre sua sexualidade, ele se considerava bissexual. Em 1995, na edição 116 da Revista Bizz, Renato aborda sobre o assunto:

“Eu estava precisando me assumir havia muito tempo. Mas fica aquela coisa, filho de católico, ‘você é doente’ etc. Sei que sou assim desde os 3, 4 anos”. Renato também aborda o assunto na canção “Meninos e Meninas”:

“Eu gosto de meninos e meninas”, canta RR. “Quero me encontrar, mas não sei onde estou/ Vem comigo procurar um lugar mais calmo/ Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita/ Tenho quase certeza que não sou daqui/…/ Vai ver que é assim mesmo e vai ser assim pra sempre“.

Renato Russo também tinha problemas com drogas desde a adolescência. Ele chegou a ser internado, quando mais velho, em uma clínica de reabilitação, por vontade própria. Em seu diário, relatos sobre a decisão, foi publicado no livro “Só por hoje e para sempre – Diário do recomeço” (Companhia das Letras). O autor do livro, Giuliano Manfredini, é o único filho de RR:

Por volta de 1984, antes de lançarmos nosso primeiro disco, estávamos em São Paulo para uma apresentação no clube Rose Bom Bom (uma casa new wave da moda na época, com capacidade para um público de trezentas pessoas) e subi bêbado ao palco, o que atrapalhou minha dicção e deixou os outros membros da banda muito chateados (exceto o baixista, que também estava mais para lá do que para cá). O público não notou nada, porque nossa música na época era muito barulhenta e todos acharam que minha performance era parte do show. Não era, eles adoraram de qualquer jeito, mas fiquei muito descontrolado e (como sempre) sozinho depois do show porque ninguém queria falar comigo (acharam que tinha sido um desastre). Eu bebi mais (é claro) e achei, com arrogância, que isso era um comportamento tipicamente rock ‘n’ roll, quando na verdade era antiprofissionalismo mesmo.

Nossa pior apresentação deve ter sido em Angra dos Reis, em 1985, quando, além de beber, usei cocaína. Era um festival com várias bandas, pessimamente organizado. Não houve passagem de som e as guitarras estavam desafinadas e eu desafinei o tempo todo (logo eu, eleito o melhor cantor de rock pela revista Bizz e JB por seis anos seguidos). Se estivesse sóbrio, teria controle sobre a situação, em vez de insistir que o erro não era só meu (o que de fato não era, mas, sendo o líder da banda, a responsabilidade foi minha). Por acaso nosso técnico de som gravou a apresentação e fiquei a noite inteira ouvindo aquilo, muito, mas muito chateado e frustrado. Me senti um perfeito idiota e prometi q. isso nunca mais iria acontecer. Me senti muito mal depois, emocionalmente.

Até que em 1988 (eu acho) veio o pior incidente: tivemos que cancelar um show após a terceira música porque, além de não ter descansado, não me alimentei o suficiente e na noite anterior fiz uso abusivo de álcool (e vários outros químicos), o que minou meu stamina, e entrei em pânico completo ao subir no palco e verificar que estava passando mal e sem voz. Isso se deu em Patos de Minas. Fizemos o show no dia seguinte, mas aí o público já havia destruído parte do ginásio e haveria notas em todos os jornais sobre o “incidente”. O show foi espetacular, mas, de acordo com o médico que me atendeu, minha pressão estivera tão alta que eu poderia ter morrido ali mesmo, de um enfarte ou coisa parecida. Legal, né? Tive muito medo. Muito. E depois disso nunca mais deixei essa situação se repetir por minha causa.

Músicas

Em 1978, Renato Russo conheceu Fê Lemos e juntos fundaram a banda de punk rock “Aborto Elétrico”. Infelizmente, por discussões, o grupo teve vida curta. Fê Lemos fundou o Capital Inicial e, Renato, ao lado de Marcelo Bonfá, Dado Villa-Lobos e Renato Rocha fundaram a Legião Urbana em 1982. Nos anos 80, a banda lançou grandes sucessos, como Será, de 1985; Eduardo e Mônica, de 1986; Que País é Esse, de 1987; e Pais e Filhos, de 1989. Com esses sucessos, Legião Urbana se tornou conhecida em todo o Brasil.

Banda Legião Urbana (Foto: Reprodução)

Sua morte

Na madrugada de 11 de outubro de 1996, Renato Russo morreu por conta de doença pulmonar obstrutiva crônica, septicemia e infecção urinária — consequências da Aids. Renato lutava contra o HIV desde 1989, mas nunca havia assumido publicamente a doença.

Nesses 25 anos de ausência e, ao mesmo tempo, de uma presença imortal, Renato Russo foi homenageado várias vezes. Filmes como Faroeste Caboclo (2013), dirigido por René Sampaio e Somos Tão Jovens (2013), de Antonio Carlos da Fontoura foram inspirados em sua vida. Além disso, sua história é contada nos livros Renato Russo: O Filho da Revolução e Discobiografia Legionária, sobre Legião. No ano de 2006, artistas se reuniram para o CD Renato Russo – Uma Celebração, no qual cantaram suas maiores composições. As participações contam com a presença de  Paulo Ricardo, Plebe Rude, Vanessa da Mata, Leela, Chorão e Capital Inicial.