27º Goiânia Noise Festival começa nesta sexta-feira, 10

Um dos mais importantes festivais de música do Brasil chega à sua 27ª edição nesta sexta-feira, 10, a partir das 19 horas. Trata-se do Goiânia Noise Festival, evento que reúne 35 atrações até domingo, o evento acontece em shows intercalados em dois teatros do Centro Cultural Martim Cererê.

Entre os destaques da programação estão o ex-baterista dos Ramones, Richie Ramone, o ex-vocalista do Judas Priest, Tim Ripper Owens, e nomes nacionais como o trio mineiro Black Pantera, a cantora carioca Àiyé, os brasilienses do Joe Silhueta e do Ypu e bandas goianas como Black Drawing Chalks, MQN, Rollin Chamas e Mechanics, entre outros.

ESTREIAS INTERNACIONAIS NA CAPITAL

Esta será a primeira vez de Richie Ramone em Goiânia. Baterista dos Ramones, banda precursora do punk rock e um dos nomes mais importantes e influentes do rock mundial, Richie integrou a banda entre 1983 e 1987. O músico entrou no lugar de Marky Ramone e, nesse período, gravou três discos com a banda: Too Tough to Die (1984), Animal Boy (1986) e Halfway to Sanity (1987). Além disso, foi compositor de alguns sucessos da banda, como Somebody Put Something in My Drink, e o único baterista a dividir os vocais com o líder Joey Ramone.

Outra atração internacional do 27º Goiânia Noise também faz sua estreia na cidade. Tim Ripper Owens foi o fã que substituiu o lendário vocalista Rob Halford, quando este deixou Judas Priest por diferenças musicais com os demais membros. Ripper esteve na banda entre 1996 e 2003, gravou dois discos, e sua história ainda inspirou o filme Rock Star, estrelado por Mark Wahlberg e Jennifer Aniston.

Com um alcance vocal extremamente poderoso, podendo alterar entre falsetes e guturais, Tim Ripper Owens está na lista dos 100 melhores vocalistas do heavy metal de todos os tempos e também integrou outras bandas como Iced Earth, Dio Disciples e gravou com o guitarrista sueco Yngwie Malmsteen.

DESTAQUES DO ROCK BRASILEIRO

Já entre os nomes nacionais da programação do festival, um dos destaques é o trio mineiro Black Pantera. Formado em Uberaba, em 2014, o grupo é um dos nomes mais celebrados do rock brasileiro na atualidade. Com uma mistura de hardcore, groove, funk e thrash metal, o Black Pantera já se apresentou em grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza e Primavera Sound e foi pré-indicado ao Grammy.

Outra atração nacional é a cantora carioca Àiyé. Ex-baterista das bandas de Paulinho Moska e Marcelo Yuka, ela lançou esse projeto em 2020 e teve seu disco de estreia, Grativeras, eleito um dos melhores do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Musicalmente, Àiyé une os synths e santos, pista e terreiro, beats e orixás.

GOIANOS NO PALCO

Os goianos da Black Drawing Chalks também se destacam na programação do 27º Goiânia Noise Festival. Com quatro discos lançados, já ganharam e foram indicados a prêmios na MTV, Multishow e na revista Rolling Stone (que elegeu My Favorite Way a melhor música de 2009). Com turnês pelos EUA e Canadá e participação no Lollapalooza de 2012, já tocaram também ao lado do Motorhead, Eagles of Death Metal e Black Label Society.

DIVERSIDADE

A programação traz ainda outros nomes e uma diversidade de bandas mais novas, entre revelações e apostas. Uma curiosidade do Noise é que, numa mesma noite, é possível ver artistas dos mais diferentes estilos, linguagens e pesos.

O festival não segmenta as noites por gênero musical e sempre primou por uma programação bem diversa e que instigue o público a conhecer novos artistas, novos sons e a sair um pouco de sua zona de conforto auditiva.

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Restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos faz descoberta de cemitério de africanos escravizados

A restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Jaraguá, culminou em uma importante descoberta arqueológica: um cemitério com mais de 200 anos. Durante as escavações para a implantação de um sistema de drenagem, os arqueólogos encontraram ossadas que, segundo especialistas, são possivelmente de africanos escravizados e negros libertos.

A obra, iniciada em abril deste ano, é realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com um investimento de R$ 3,5 milhões. A conclusão está prevista para 2025. A descoberta das ossadas aconteceu em novembro, quando 35 ossadas foram exumadas sob o calçamento externo, e centenas de outros túmulos foram identificados.

Importância Histórica e Cultural

“É uma descoberta importantíssima para a história de Jaraguá e do estado de Goiás, pois nos permite resgatar a memória histórica de um período significativo para a formação cultural”, ressalta a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes. Este achado reforça a importância da preservação do patrimônio material e imaterial, conectando-nos com as raízes de nossa história.

Além das ossadas, os trabalhos também revelaram, com a remoção do piso de madeira, 56 campas funerárias numeradas dentro da igreja. Segundo os arqueólogos, há cerca de 150 sepultamentos nas laterais, no fundo e no pátio frontal da igreja. “Tem um sepultamento atravessado embaixo da escada da igreja, então quer dizer que aquela escada não é tão antiga, não é a original da construção. Em alguns locais a gente encontrou sobreposição de esqueleto, ou seja, existia o uso contínuo dessas covas”, conta o arqueólogo Wagner Magalhães.

A equipe agora enfrenta o desafio de extrair o máximo de informações possíveis sobre os esqueletos, que estão em péssimas condições de preservação devido ao solo úmido do local. As ossadas retiradas serão estudadas em laboratório para obter informações sobre sexo e faixa etária. Posteriormente, será feito um levantamento histórico com base nos registros de batismo e morte.

“Foi um trabalho surpreendente não só porque é inédito, mas é uma coisa que está mexendo com a memória. Quem eram essas pessoas? Apesar de não ter a história completa, a gente tem uma ideia do que aconteceu ali”, ressalta a arqueóloga Elaine Alencastro.

Educação patrimonial

Após o trabalho de curadoria da equipe arqueológica, a Secult, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Goiás, vai oferecer uma ação de educação patrimonial na igreja. “Todas as nossas obras já possuem tapumes educativos que contam a história do edifício, mas, com essa descoberta, vamos montar uma estrutura na igreja para que todos possam conhecer mais sobre essa história que ficou escondida durante tantos anos”, adianta a superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Secult, Bruna Arruda.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída em 1776 pela irmandade de negros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Nessa época, era comum a construção de igrejas específicas para a população negra. “Essa igreja foi dedicada aos pretos e foi construída por eles, e a população africana teve um papel importantíssimo até para a formação da cidade de Jaraguá. Então o que a gente tem aqui é um pouquinho da nossa história e traz também um pouco da história do início das minas de ouro, desses povos que trabalharam lá”, explica Wagner Magalhães.

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