Dirigente do MST sobre ataque: “Por sorte, não morreu mais gente”
Líder do movimento afirmou que famílias tentaram impedir entrada de “milícia” e foram recebidas com “arsenal armamentista” em assentamento
São Paulo — O dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro, afirmou que o ataque a tiros a um assentamento do grupo em Tremembé, no interior de São Paulo, foi feito por uma “milícia com arsenal armamentista muito forte”. O ataque deixou dois mortos e seis feridos.
O primeiro suspeito, tido como o mentor intelectual do crime, foi preso pela Polícia Civil na tarde deste sábado (11/1).
“As famílias estavam lá para impedir a entrada dessa milícia, mas foram abordadas com um arsenal armamentista muito grande, por sorte não morreu mais gente”, afirmou Mauro em vídeo postado nas redes sociais do MST.
O detido é conhecido como “Nero do Piseiro” e já tinha passagem por porte ilegal de arma de fogo. Segundo a polícia, ele foi reconhecido por testemunhas que viram os criminosos chegando ao local em carros e motos e momentos depois atiraram.
“Essa é uma região de muitos assentamentos próximos às zonas urbanas e, portanto, motivo de sanha do capital imobiliário local, com objetivo de transformar os assentamentos em áreas de condomínios e de especulação imobiliária. Obviamente, há utilização de forças das milícias para fazer a execução e o massacre que fizeram ontem no assentamento”, disse ainda o dirigente.
Segundo apurou o DE, quatro pessoas seguem internadas, sendo uma em estado mais grave. Uma pessoa já foi liberada para voltar para casa.
O QUE ACONTECEU:
– Segundo o MST, homens armados teriam invadido o assentamento Olga Benário por volta das 23h dessa sexta-feira (10/1).
– No momento do ataque, 10 pessoas, entre crianças e idosos, estavam no local. Duas morreram e seis ficaram feridas.
– Os mortos foram identificados como Valdir do Nascimento, conhecido como “Valdirzão”, 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, 28.
– Outros dois feridos foram internados em estado grave. Ministros do governo Lula (PT) lamentaram o episódio e cobraram punição aos envolvidos.
– Em ligação, Lula expressou solidariedade às vítimas e prometeu uma visita à região.
– O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) enviou um ofício à Polícia Federal (PF), neste sábado (11/1), determinando a abertura de um inquérito para apurar o ataque.
De acordo com o MJSP, uma equipe da PF, composta por agentes, perito e papiloscopista, se deslocou ao local do ataque para investigar a ação.
LIGAÇÃO
O MST informou que o presidente Lula ligou para a direção nacional do grupo e expressou solidariedade às famílias das vítimas. Ainda segundo o movimento, o titular do Planalto deve visitar a região assim que puder voltar a viajar de avião. Ele ainda se recupera de uma cirurgia na cabeça.
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, vão a Tremembé, entre este sábado (11/1) e domingo (12/1), para acompanhar a investigação.