Falta de pão agrava crise na Venezeula

A mais recente polêmica entre o regime de Nicolás Maduro e os comerciantes na Venezuela tem os padeiros como protagonistas. O presidente está decidido a obrigar as padarias a destinar 90% do saco de trigo que o Estado lhes subsidia para o preparo de tipos mais baratos de pão (baguete e francês). O chefe de Estado deu conotações bélicas à aposta. Chama-a de “a guerra do pão” e para tentar vencê-la pôs em prática o plano 700, que consiste em agressivas fiscalizações aos estabelecimentos do município de Libertador (centro-oeste da Região de Caracas) por parte da Superintendência Nacional para Defesa dos Direitos Socioeconômicos (Sundee).

Os pães tipo baguete eram itens de destaque do jantar dos venezuelanos, mas a dura escassez que tem caracterizado o Governo de Nicolás Maduro – ocasionada por uma medida que pretende obrigar quase todo o comércio, no âmbito de uma economia inflacionária, a trabalhar com uma margem de lucro de 30%, sem reconhecer o custo de reposição da mercadoria na hora de fixar o preço de venda – mudou esses hábitos.

Hoje na Venezuela não há oportunidade de escolher entre um café da manhã com as populares arepas (torradas recheadas) ou pão tipo baguete. Às longas filas que se formam todas as horas do dia diante dos supermercados para adquirir produtos básicos se somam agora as que, a certas horas, se formam na frente das padarias para a compra dos pães regulamentados.

O Governo acusa as padarias de destinarem a farinha de trigo à fabricação de cachitos (pão recheado de presunto), pastelitos (massas folhadas recheadas com queijo e presunto), doces, bolos e produtos não regulamentados. Sua venda permite compensar, mediante a operação de subsídio cruzado, as perdas com os tipos de pão regulamentados, cujo preço está abaixo do custo real.

A Fevipan, associação dos empresários de panificação, não aceita essa explicação. Na semana passada, quando o Governo começou a visitar as padarias na capital venezuelana para obrigá-las a cumprir as diretrizes de Maduro, a entidade afirmou que 80% dos seus membros não tinham estoques e os 20% restantes estavam recebendo apenas 10% da farinha necessária para produzir.

“As padarias do país precisam de 120.000 toneladas de trigo por mês para atender a demanda, mas o Governo só distribui 30.000”, informar a associação. Nesta semana, depois da ocupação de quatro padarias e da prisão de quatro pessoas por ordem da Superintendência Nacional, os empresários reiteraram suas denúncias de falta de matérias-primas e rejeitaram as ocupações, que durarão três meses.

Os responsáveis pela execução do plano de Maduro são dois polêmicos funcionários: o vice-presidente executivo Tarek El Aissami e a mais alta autoridade da Superintendência Nacional, William Contreras. El Aissami porque é acusado por Washington de tráfico de drogas e foi punido pelo Departamento do Tesouro. Contreras porque desde que assumiu o cargo transformou as fiscalizações a todos os estabelecimentos comerciais em espetáculos. Muitos vídeos nas redes sociais mostram o funcionário em plena ação, prometendo mandar para a cadeia aqueles que violam a lei. “A padaria diante da qual se forme uma fila será punida, apreenderemos a matéria-prima e a entregaremos à comunidade organizada para que a transforme”, disse Contreras na semana passada, quando o plano 700 começou.

Os Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), organizações de base do chavismo que distribuem alimentos básicos entre sua clientela, assumirão por três meses as padarias punidas. A medida tem tanto defensores quanto detratores. Tais opiniões divergentes podem ser explicadas pelo fato de que a inflação crônica da Venezuela, que nos últimos 35 anos quase nunca ficou abaixo dos dois dígitos, liquidou o poder aquisitivo das pessoas.

*Fonte: El País

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Anvisa atualiza regras sobre implantes hormonais

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta sexta-feira (22) no Diário Oficial da Uniãoresolução que atualiza as regras sobre o uso de implantes hormonais, popularmente conhecidos como chips da beleza. O dispositivo, segundo definição da própria agência, mistura diversos hormônios – inclusive substâncias que não possuem avaliação de segurança para esse formato de uso.

A nova resolução mantém a proibição de manipulação, comercialização e uso de implantes hormonais com esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos para fins estéticos, ganho de massa muscular ou melhora no desempenho esportivo. O texto também proíbe a propaganda de todos os implantes hormonais manipulados ao público em geral.

“Uma novidade significativa dessa norma é a corresponsabilidade atribuída às farmácias de manipulação, que agora podem ser responsabilizadas em casos de má prescrição ou uso inadequado indicado por profissionais de saúde. Essa medida amplia a fiscalização e promove maior segurança para os pacientes, exigindo mais responsabilidade de todos os envolvidos no processo”, disse em nota Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbenm).

“É importante destacar que essa nova resolução não significa aprovação do uso de implantes hormonais nem garante sua segurança. Ao contrário, reforça a necessidade de cautela e soma-se à resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que já proibia a prescrição de implantes sem comprovação científica de eficácia e segurança”, destacou a nota.

Entenda

Em outubro, outra resolução da Anvisa havia suspendido, de forma generalizada, a manipulação, a comercialização, a propaganda e o uso de implantes hormonais. À época, a agência classificou a medida como preventiva e detalhou que a decisão foi motivada por denúncias de entidades médicas como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) que apontavam aumento no atendimento de pacientes com problemas.

Na avaliação da Sbem, a nova resolução atende à necessidade de ajustes regulatórios em relação a publicação anterior. A entidade também avalia a decisão de proibir a propaganda desse tipo de dispositivo como importante “para combater a desinformação e proliferação de pseudoespecialistas, sem o conhecimento médico adequado, comuns nas redes sociais”.

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