57 indígenas resgatados de escravidão no PR: maior operação dos últimos anos em Itambé – DE Norte e Noroeste

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Mais de 45 indígenas são resgatados de condições análogas à escravidão no PR após saírem de aldeias por promessa de trabalho

Número total de vítimas, segundo Auditoria-Fiscal do Trabalho, é de 57. Todas são de Mato Grosso do Sul. Resgate é considerado maior dos últimos anos, no Paraná.

1 de 3 Vítimas saíram de Mato Grosso do Sul e foram abandonadas em alojamento no Paraná, sem salários. — Foto: Secretaria de Inspeção do Trabalho

Vítimas saíram de Mato Grosso do Sul e foram abandonadas em alojamento no Paraná, sem salários. — Foto: Secretaria de Inspeção do Trabalho

Em Itambém, no norte do Paraná, 57 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão. Deste número, 46 são indígenas da etnia Guarani Kaiowá. A operação foi coordenada pela Auditoria-Fiscal do Trabalho.

A ação teve início no dia 16 de outubro de 2025, mas foi compartilhada nesta quarta-feira (22).

Os trabalhadores saíram do Mato Grosso do Sul com a promessa de trabalhar em uma usina de açúcar em São Pedro do Ivaí, com um contrato feito por uma empresa terceirizada. O processo seletivo foi realizado em três aldeias. O trabalho no Paraná começou em julho, mas foi encerrado e as vítimas foram abandonadas no alojamento. Clique aqui para mais detalhes.

O nome da empresa não foi divulgado e, por isso, o DE não conseguiu identificar as defesas.

Segundo a Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, as vítimas estavam sem alimentação, transporte ou itens básicos de higiene. Para que conseguissem se alimentar, dependiam de doações.

Elas também não recebiam salário, estavam sem registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social e não passaram por exames de admissão.

Os quartos não possuíam espaço adequado ou armários, além de acumular lixo. Um dos trabalhadores foi picado por uma aranha neste alojamento e foi hospitalizado.

2 de 3 Alojamentos não tinham espaço adequado e acumulavam lixo. — Foto: Secretaria de Inspeção do Trabalho

Alojamentos não tinham espaço adequado e acumulavam lixo. — Foto: Secretaria de Inspeção do Trabalho

Os auditores-fiscais do Trabalho identificaram que houve trabalho escravo tanto em relação à usina tomadora quanto à empresa terceirizada.

Em negociação com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Federal (PF), a usina se comprometeu a quitar todas as verbas salariais e rescisórias. A Secretaria de Inspeção do Trabalho afirmou que também apura responsabilidade criminal e de danos morais coletivos.

As vítimas irão retornar às localidades de origem.

> “Este foi o maior resgate de trabalhadores em condições análogas à escravidão registrado no Paraná nos últimos anos”, diz a nota da Secretaria de Inspeção do Trabalho.

INDÍGENAS SAÍRAM DE ALDEIAS POR PROMESSA DE TRABALHO

De acordo com a Secretaria de Inspeção do Trabalho, os trabalhadores foram contratadas por uma empresa que presta serviço no corte de cana-de-açúcar, que tem sede em São Paulo. O serviço prometido era em uma usina de açúcar localizada em São Pedro do Ivaí, cidade a 34 quilômetros de distância de Itambé.

3 de 3 Trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão. — Foto: Secretaria de Inspeção do Trabalho

Trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão. — Foto: Secretaria de Inspeção do Trabalho

A empresa terceirizada realizou recrutamento em três aldeias diferentes do Mato Grosso do Sul.

Antes de saírem do estado, segundo as informações divulgadas, as vítimas foram obrigadas a comprar produtos em um supermercado local, com o acordo de que o valor seria descontado dos salários. Esta prática caracterizou um sistema de servidão por dívida – quando um trabalhador adquire uma dívida que deve ser paga com mão de obra. Com os depoimentos colhidos, a Secretaria de Inspeção do Trabalho estima que a essa dívida seja de aproximadamente R$ 45 mil.

A partir disso, o trabalho no Paraná começou no dia 14 de julho.

Com o rompimento contratual entre as empresas, os trabalhadores foram impedidos de entrar na usina e abandonados no alojamento, sem alimentação.

O aluguel do local também não estava sendo pago, conforme a nota divulgada.

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