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60% das mulheres vítimas de violência doméstica têm filhos com agressores

Última atualização 07/03/2023 | 17:30

A maior parte das mulheres agredidas em casa tem filhos com os agressores e foi esfaqueada ou baleada. As estatísticas apontam que 61% das crianças, jovens ou adultos presenciaram a violência sofrida pelas mães. Além disso, 20% delas já haviam sido testemunhas do crime na casa dos pais. Os dados fazem parte do 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que coletou informações em 2020. 

 

“Nesse momento em que as crianças possivelmente estavam expostas a situações mais delicadas e que mais precisavam de ajuda, algumas das possíveis portas de entrada das denúncias – como as escolas – estão fechadas. As mulheres estiveram nesse período, submetidas a um ambiente de maior tensão nas suas vidas domiciliares”, consta na publicação.

 

As cenas violentas explícitas são avaliadas pelos especialistas como um reflexo do contexto de realização da pesquisa. A pandemia restringiu a circulação de pessoas, limitou a ida ao trabalho para os que não foram demitidos e as aulas passaram a ser remotas e/ou online. Uma das grandes preocupações dos especialistas está relacionada à reprodução da cadeia de violência. 

 

A vigilância social ao adotar como negativa a violência contra a mulher, medidas legislativas e ações público-privadas são parte das estratégias para coibir os dados alarmantes. Um dos recursos à disposição das mulheres é a solicitação a um juiz de medida protetiva de urgência  pessoalmente sem a necessidade de advogado através de um delegado, promotor ou defensor público. Em Goiás, a concessão quadruplicou desde 2020 saltando de 4.006 para 16.210, de acordo com o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). 

 

Outros aspectos fazem parte da engrenagem da chamada rede de apoio. O oferecimento de acolhimento para as mulheres e filhos vítimas de violência doméstica em instituições como o Centro de Valorização da Mulher Consuelo Nasser (Cevam), por exemplo, e oferecimento de assistência psicológica e prioridade em benefícios sociais, como os de transferência de renda e moradia, ajudam as vítimas a recuperarem a autoconfiança e poder aquisitivo para se desvincular completamente dos agressores.