O Ibovespa encerrou o mês de julho em baixa de 4,17%, na sua maior perda desde dezembro (-4,28%). Além disso, interrompeu a sequência positiva entre março e junho, quando o impulso assegurado pelo fluxo estrangeiro à B3 levou o índice a renovar máxima histórica, aos 141 mil pontos, já em 4 de julho. Depois disso, o fluxo externo passou a ser, predominantemente, de saída da Bolsa, tendência que se mostrou mais nítida depois de 9 de julho, sob a ameaça do governo Trump de impor a tarifa de 50% às importações desde o Brasil. Na quarta-feira, veio o relativo alívio do prazo estendido a 6 de agosto para a efetivação do tarifaço, também em parte mitigado pela ampla lista de exceções que isentou aviões, minério, alimentos e petróleo, mas não favoreceu, por exemplo, café e carnes. Neste cenário, poucas ações foram destaque positivo no período, enquanto houve muitos destaques negativos. Sete ações aparecem com baixa de mais de 15%, sendo várias de varejo, enquanto apenas três registraram alta acima de 10% em julho. Confira as maiores baixas de julho: Magazine Luiza (MGLU3) – queda de 28,32%. No começo do mês, o presidente-executivo do Magazine Luiza (MGLU3) estimou que o consenso de analista projeta que o faturamento da varejista poderia alcançar R$ 70 bilhões, sendo R$ 50 bilhões do online. A companhia esclareceu, em 2 de julho, que não se tratava de guidance. Ainda assim, os dados não foram suficientes para animar investidores e a varejista caiu ao longo do mês. Vários motivos explicam o movimento de baixa, dentre eles a alta de juros futuros presente em algumas sessões, que impactam principalmente empresas mais cíclicas. O Itaú BBA avaliou ainda em junho que havia uma “bandeira amarela” para o varejo e que os pr&oacirc;ximos meses seriam fundamentais para entender a trajetória do setor. Analistas agora aguardam os resultados do segundo trimestre para entender se há sinais de desaceleração no consumo. Há, ainda, a corrida do e-commerce a ser enfrentada pelo nome, uma vez que analistas do UBS BB consideram que a presença da Magalu no segmento deve ser impactada pela Amazon. No fim do mês, a companhia também teve seu preço-alvo cortado pelo Citi, de R$ 7,70 para R$ 6,80, em análise publicada em 28 de julho. A recomendação seguia a mesma, de venda. Yduqs (YDUQ3) – baixa de 21,53%. A companhia do setor educacional Yduqs (YDUQ3) também sofreu no mês com altas de juros futuros. Mas movimentações internas foram responsáveis pela forte queda do papel no mês. A Yduqs anunciou que o Eduardo Parente, atual CEO, está deixando o cargo para se tornar membro do Conselho de Administração. Em seu lugar, Rossano Marques, atual CFO, foi eleito CEO, enquanto o Alexandre Aquino, atual diretor de M&A e Controladoria, foi eleito para o cargo de CFO. Natura (NATU3) – desvalorização de 18,28%. A Natura estreou, neste mês, seu novo código de negociação na B3: NATU3 e já em queda. No dia da mudança, os ativos já encerraram a sessão com perda de 5,65%. A mudança marca a consumação da incorporação da Natura&Co pela Natura Cosméticos, operação na qual os acionistas da antiga holding passaram a deter, automaticamente, uma ação da Natura Cosméticos para cada papel de Natura&Co (NTCO3) que possuíam. Azzas 2154 (AZZA3) – baixa de 17,02%. Entre as varejistas que se destacam como maiores quedas do mês, está também a Azzas 2154 (AZZA3). A companhia foi afetada pelo ambiente de juros, mas também pelas tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump. A Azzas 2154 tem cerca de 3% de sua receita proveniente de exportações para os EUA.