Por Lígia Saba
Diversos desastres químicos e radioativos já foram registrados na história da humanidade. O mais conhecido deles é o acidente nuclear de Chernobyl, que deixou milhares de mortos ao longo dos anos. Contudo, é interessante perceber que até mesmo itens do nosso cotidiano podem causar tais acidentes. Pensando nisso preparamos uma lista com as 10 maiores tragédia químicas e radioativas da história, que deixaram milhões de mortos em diferentes partes do mundo.
10. Tepojaco, México, 2013
O acidente envolveu o roubo de um caminhão que transportava uma carga de cobalto-60. Esse elemento era uma fonte de teleterapia radioativa proveniente de um hospital para um centro de armazenamento de resíduos radioativos. O veículo foi roubado em um posto de gasolina em Tepojaco, no México, em dezembro de 2013. Quando o veículo foi localizado, cerca de 2,3 km de onde foi o roubo, o caminhão havia sofrido um acidente, liberando a carga nuclear que carregava. Preocupadas, as autoridades emitiram um alerta para que qualquer um que tivesse entrado em contado com o material procurasse ajuda. Os ladrões nunca foram encontrados e provavelmente faleceram por conta da radiação do cobalto-60.
9. Rio de Janeiro, 2011
Em outubro de 2011, uma menina de apenas 7 anos chamada Maria Eduarda estava em tratamento de leucemia no Hospital Venerável da Terceira Ordem de São Francisco da Penitência, no Rio de Janeiro. Ela havia sido diagnosticada com a doença em 2010 e já tinha completado um ciclo de quimioterapia quando os médicos indicaram o tratamento radioterápico. Ao iniciar as sessões, seus pais ficaram preocupados com o repentino aparecimento de queimaduras em sua pele, os ferimentos foram piorando com o tempo, e logo ela começou a apresentar danos cerebrais, como dificuldade para andar e falar. Foi aí que finalmente diagnosticaram a radiação citânea na menina. Além das graves queimaduras, a radiação também afetou o seu cérebro, o que ocasionou danos irreversíveis no lobo frontal. Infelizmente, Maria Eduarda não resistiu e faleceu em junho de 2012.
8. Kramatorsk, Ucrânia, 1989
No ano de 1989, em Kramatorsk, na Ucrânia, duas famílias que moravam em um mesmo prédio sentiram na pele o perigo da radiação. Em uma delas, a mãe viu suas duas crianças morrerem por conta de uma leucemia contraída de forma desconhecida. Na segunda família, o filho mais velho também morreu, enquanto outro ficou gravemente ferido. O motivo das mortes só foi descoberto depois que essas duas famílias contrataram especialistas para analisar o ocorrido. Eles constataram que uma cápsula de Césio-137 estava armazenada em uma parede de concreto existente entre os dois apartamentos. Esse elemento químico é utilizado em dispositivos de controle de processo radioisótopo.
7. Césio-137, Goiânia, 1987
Um dos casos mais recentes de desastre envolvendo a radiação no Brasil aconteceu em 1987, aqui em Goiânia. Dois catadores de lixo curiosos foram os responsáveis por desencadearem um dos maiores acidentes envolvendo o isótopo Césio-137. Ao vasculharem as antigas instalações do Instituto Goiano de Radioterapia – também conhecido como Santa Casa de Misericórdia –, os dois trabalhadores encontraram um aparelho de radioterapia abandonado. Atraídos por seu brilho, ambos tiveram a ideia de levar o dispositivo para casa, o que acabou resultando na morte de centenas de pessoas. A situação só foi contornada porque a esposa de um dos catadores levou a cápsula de Césio-137 para a sede da Vigilância Sanitária, que identificou o elemento e conteve o problema.
6. Máquina Therac-25, 1985-1987
O Therac-25 é o nome de uma máquina de radiografia fabricada pela Atomic Energy of Canada (AECL) em 1985. Esse dispositivo foi responsável pela morte de três pacientes entre 1985 e 1987. A causa da morte dessas pessoas foi o envenenamento por radiação. O problema estava na quantidade de radiação emitida em seu funcionamento. Enquanto um paciente deveria receber cerca de 200 rads, a Therac-25 bombardeava as pessoas com o valor de 15 mil e 20 mil rads. Cinco dessas máquinas foram enviadas para os Estados Unidos, e seis delas permaneceram no Canadá.
5. Fukushima (2011)
Um terremoto que atingiu a costa leste do Japão acabou causando um abalo em uma usina nuclear de Fukushima. Os reatores de número 1, 2, 3 e 4 explodiram, obrigando o governo a evacuar uma área de um raio de 20 km do local. Os reatores 5 e 6 só ficaram ilesos porque estavam desativados. As pessoas que viviam a um raio de 30 km foram colocadas em estado de exclusão (ficaram proibidas de sair de casa, abrir janelas ou usar aparelhos de ar condicionado). A usina fica a 240 km de Tóquio.
4. Chernobyl (1986)
O mais conhecido acidente nuclear da história aconteceu nos arredores da cidade de Kiev, na Ucrânia, na central nuclear de Chernobyl. Os técnicos da usina, no dia 26 de abril, desligaram os sistemas de segurança do reator número 4 durante uma sessão de testes, e o reator acabou se incendiando. Na mesma noite, as autoridades soviéticas já sabiam das dimensões da tragédia, mas se recusaram a dar o aviso para evacuar a cidade. Só em 1° de maio, após outros países da Europa anunciarem um preocupante aumento de radioatividade, é que Mikhail Gorbachev, então presidente da URSS, admitiu o desastre. Oficialmente, os mortos foram 31, entre bombeiros e técnicos da usina. Sete anos depois, o governo ucraniano reconheceu a morte de 7 mil a 10 mil pessoas. O incêndio do reator durou dez dias e houve duas explosões. Cerca de 500 mil pessoas foram retiradas de 170 cidades depois do acidente. Pripiat, a 3 quilômetros da usina, tinha 55 mil habitantes. Hoje, é uma cidade-fantasma. Os prejuízos da catástrofe são calculados em 400 bilhões de dólares, e 7 milhões de pessoas ainda vivem em regiões afastadas pela radiação.
3. Bhopal (1984)
Cerca de 40 mil toneladas do gás Metil Isocianato escaparam para os céus da cidade de Bhopal, na Índia. Na noite de 6 de dezembro, os 6 sistemas de segurança e a sirene que soaria em caso de acidente estavam desligados. Os registros oficiais contabilizaram 7500 mortos, porém não registraram as pessoas que perderam a visão ou adquiriram dificuldades respiratórias. Até o ano 2000, o número de mortos relacionados ao acidente chegou a 16 mil.
2. Seveso (1976)
No dia 10 de julho de 1976, os tanques de armazenagem da indústria química ICMESA se romperam, provocando um dos maiores desastres químicos da história. A substância tóxica dioxina TCDD se espalhou por cidades italianas ao redor de Seveso, chegando às proximidades da metrópole de Milão. Apesar de o acidente ter provocado doenças de pele nos moradores da região, o vazamento da dioxina não provocou mortes de seres humanos. No entanto, 70 mil animais de criação tiveram de ser sacrificados, para evitar que a substância entrasse na cadeia alimentar.
1. Hiroshima e Nagasaki (1945)
Os bombardeamentos atômicos das cidades de Hiroshima e Nagasaki foram dois bombardeios realizados pelos Estados Unidos contra o Império do Japão durante os estágios finais da Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1945.