Operação Necandi: delegado e servidores são acusados de envolvimento em quadrilha com “departamento de homicídios”

O desenrolar da operação Necandi, deflagrada ontem (30) pela Polícia Civil através da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), revelou o esquema de uma complexa associação criminosa que atuava em Goiás e cidades do interior. Entre os envolvidos na quadrilha, que tinha até “departamento de homicídio”, estão um delegado recém-aposentado, escrivães de polícia e uma servidora comissionada do Detran-GO.

“Duas situações chamam a atenção: primeiro pela organização do grupo, já que existem funções estritamente delineadas, e a frieza com que os suspeitos executam suas vítimas”, explica o delegado Danilo Proto, referindo-se, primeiramente, ao “departamento de homicídio” e a execução de membros da organização, entre eles um dos sócios. O homem, identificado como Alexandre Ribeiro Borges, era líder do grupo juntamente com Vinicius de Andrade Borges. Segundo a polícia, a suspeita é de que o próprio Vinicius tenha assassinado o parceiro para assumir a liderança da quadrilha sozinho.

A atuação do grupo iniciava com furto de carros em Goiânia ou fora do Estado. Os dados dos automóveis, de maioria da marca Renault (o que chamou a atenção dos agentes), eram adulterados por veículos semelhantes com a ajuda de uma servidora do Dentran-GO (ela também é investigada por ceder a conta bancária para movimentações do grupo), geralmente na cidade de Goianira. Em seguida, os carros, avaliados na média de R$ 30 mil, eram levados ao Pará e trocados por carregamentos de madeira clandestina, vendida em Goiás pelo dobro do valor conseguido com os veículos roubados.

Ontem, a polícia cumpriu 8 mandados de prisão, 15 de busca e apreensão e 2 de condução coercitiva.Duas pessoas continuam foragidas. Entre os envolvidos, está o delegado aposentado Eduardo Galieta, acusado de coagir uma das testemunhas que procuraram a delegacia para oferecer denúncia contra a organização criminosa. Segundo Danilo Proto, os escrivães compartilharam informações privilegiadas com bandidos sobre o boletim de ocorrência, que resultou na operação Necandi, e o delegado Galieta tentou dissuadir a testemunha a prestar depoimento.

Conforme as investigações, os criminosos levavam um padrão de vida elevado: além de imóveis caros e viagens, a polícia apreendeu vários veículos de luxo. Embora o prejuízo ainda não tenha sido calculado pela DIH, a estimativa é que o grupo tenha faturado pelo menos três milhões de reais no Estado.

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PRF inicia operações para coibir ultrapassagens indevidas nas rodovias

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) promete reforçar a fiscalização nas rodovias federais entre esta sexta-feira, 20, e a próxima quarta-feira, 25. Deflagrada à 0h de hoje, a Operação Natal 2024 prevê maior frequência nas rondas, além do posicionamento de equipes policiais em trechos identificados como os mais perigosos.

Durante a operação, que se estenderá até as 23h59 da quarta-feira de Natal, a PRF ampliará o efetivo policial nas rodovias federais para coibir, principalmente, as ultrapassagens indevidas. Entre janeiro e novembro deste ano, foram registradas 272.955 infrações deste tipo.

Embora o total de ocorrências tenha variado pouco em comparação ao resultado registrado em 2023 (270.165), o número de acidentes com feridos e mortos aumentou significativamente. Entre janeiro e novembro deste ano, 1.557 sinistros de trânsito associados à ultrapassagem indevida deixaram 2.287 feridos e 363 óbitos. No mesmo período do ano passado, foram 1.469 acidentes, com 2.263 feridos e 313 óbitos.

Em nota, o coordenador-geral de Segurança Viária da PRF, Jeferson Almeida, destaca que o motorista que realiza ultrapassagem indevida está colocando em risco não só sua própria vida, como a de seus eventuais acompanhantes e de outras pessoas.

“A ultrapassagem indevida já é perigosa por si só. Quando associada à velocidade excessiva para conseguir realizar a manobra e não se tem sucesso, os efeitos são muito danosos. São saídas de pista, colisões transversais ou frontais, circunstâncias em que o choque entre os veículos é mais intenso”, enumera Almeida.

O motorista flagrado realizando ultrapassagens indevidas pode ser multado em até R$ 2.934,70 e ter o direito de dirigir suspenso.

Rodovida

A Operação Natal 2024 é a primeira das grandes ações da Operação Rodovida 2024/2025, que a PRF lançou nesta quarta-feira, 18. Com o tema Desacelere: Seu Bem Maior é a Vida, a iniciativa se estenderá até 9 de março de 2025, com o objetivo de tentar reduzir as ocorrências por excesso de velocidade nas rodovias federais.

De janeiro a outubro deste ano, o excesso de velocidade resultou em mais de 5 milhões de autos de infração – mais que o dobro dos 2,1 milhões de autuações registradas no mesmo período de 2023. Apesar da alta significativa nas infrações, a PRF registrou queda no número de sinistros de trânsito e mortes em que a causa principal foi o excesso de velocidade. De janeiro a outubro deste ano, foram 3.478 sinistros e 358 óbitos. No ano passado, foram 3.508 ocorrências e 381 mortes.

Por outro lado, entre janeiro e outubro de 2024, a PRF registrou 9.013 sinistros de trânsito atribuídos à reação tardia ou ineficiente dos condutores, o que resultou em 10.506 feridos e 575 mortes. A correlação entre o excesso de velocidade e a reação tardia ou ineficiente dos condutores é um dos principais desafios para a segurança viária. A velocidade excessiva reduz o tempo de reação necessário para desviar de obstáculos, frear a tempo ou lidar com mudanças inesperadas na via. Isso se reflete nos dados, uma vez que a velocidade elevada pode ser fator determinante em muitos sinistros de trânsito fatais com vítimas.

 

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