Quem foi Araceli e o que significa o 18 de Maio?

Todos os anos no Brasil Maio é o mês de enfrentamento e prevenção ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. O país tem a triste marca de ser o segundo no ranking de países com maior número de casos de abuso e exploração sexual de menores do mundo, perdendo apenas para a…. e ainda assim, acredita-se na subnotificação dos crimes. Apenas 10% dos casos chegariam ao conhecimento das autoridades. Durante a campanha, há uma maciça divulgação de maneiras de prevenir violência sexual contra menores de idade.

Desde o ano 2000, quando a Lei Federal 9.970 foi sancionada, que o dia 18 de Maio é o Dia Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil. A data foi escolhida para lembrar da menina Araceli Cabrera Crespo, de 8 anos, que foi sequestrada, estuprada, morta e jogada em uma mata em 1973. Há 48 anos, a menina desapareceu após sair do colégio, na Praia do Suá, em Vitória, no Espírito Santo. Ela foi vista pela última vez viva na porta de um bar, aguardando o ônibus que a levaria para casa.

O corpo de Araceli foi encontrado seis dias depois, desfigurado por ácido, em estado de decomposição, em uma mata nos fundos de um hospital infantil. De acordo com a investigação, os autores do crime foram Dante de Barros Michelini, o pai dele, Dante de Brito Michelini e Paulo Constanteen Helal, membros de tradicionais e influentes famílias do Espírito Santo na época.

A menina teria sido raptada por Paulo Helal, na porta do bar onde ela aguardava o ônibus após sair do colégio e levada para outro bar, na Praia de Camburi, de Dante Michelini, onde ele foi estuprada e mantida em cárcere privado sob efeito de drogas. Ela teria entrado em coma e morrido pelo excesso de drogas e seu corpo, jogado por Paulo Helal e Dantinho na mata atrás do Hospital Infantil de Vitória.

Em 1980, Paulo e Dantinho foram condenados a uma pena de 18 anos de reclusão e multa, e Dante a 5 anos de reclusão, mas os três recorreram da decisão e em 1991, foram absolvidos por falta de provas em uma sentença de mais de 700 páginas assinada pelo juiz Paulo Pololilo, que determinou o arquivamento do processo.

Inconformados com a falta de punição em um dos crimes que mais abalaram o Brasil, cerca de 80 entidades se reuniram no I Encontro da Ecpat e tiveram e ideia de criar o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual e Comercial de Crianças e Adolescentes. As entidades conseguiram que a lei fosse sancionada no ano 2000. A partir daquele ano todo mês de maio é dedicado a ações de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes e o dia 18 de maio, um dia de discussão, reflexão e lembrança da impunidade do caso Araceli, para que outros não aconteçam.

As entidades envolvidas em uma rede de proteção às crianças e adolescentes trabalham para eliminar esse tipo de violência combatendo os crimes de prostituição, pornografia, tráfico e turismo para fins de exploração sexual. Criou-se a Campanha Faça Bonito – Proteja Nossas Crianças e Adolescentes, que tem como objetivo mostrar à sociedade que isso é compromisso coletivo, cuidar para que a população infanto-juvenil tenha uma vida plena e com a garantia do direito ao desenvolvimento sexual saudável, ou seja, sem violências.

O símbolo da campanha é uma flor de cor laranja, como forma de recordação dos desenhos feitos na infância e lembrança da delicadeza e da necessidade de cuidado e proteção. Tendo a cor laranja presente no slogan e no símbolo da campanha, o mês de maio ficou conhecido como Maio Laranja. Todos os anos, desde 2000, entidades, coletivos e comunidades se organizam para divulgar não só a história de várias Araceli, mas para mostrar à sociedade que precisamos denunciar os casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes —o maior canal de denúncia nacional é o Disque 100, mas denúncias podem ser feitas às Polícias Civil (197), Militar (190), PRF (191), ou aos Conselhos Tutelares de sua cidade.

*Rosana Melo, especial para o Diário do Estado

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Mauro Cid confirma ao STF que Bolsonaro sabia de trama golpista

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava ciente de um plano para um golpe de Estado. O ex-ajudante de ordens foi ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes na última quinta-feira, 21, para esclarecer contradições entre sua delação premiada e as investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF).

De acordo com informações apuradas pela PF, a investigação revelou a existência de um plano envolvendo integrantes do governo Bolsonaro para atentar contra a vida de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes. Contudo, os advogados de Mauro Cid negam que ele tenha confirmado que Bolsonaro estava diretamente envolvido na liderança do suposto plano de execução.

Após prestar depoimento por mais de três horas, o advogado de Cid, Cezar Bittencourt, declarou que seu cliente reiterou informações já apresentadas anteriormente. A advogada Vania Adorno Bittencourt, filha de Cezar, declarou ao Metrópoles que Bolsonaro sabia apenas da tentativa de golpe.

O ministro Alexandre de Moraes validou a colaboração premiada de Mauro Cid, considerando que ele esclareceu omissões e contradições apontadas pela PF. O depoimento foi o segundo do tenente-coronel nesta semana, após a recuperação de arquivos deletados de seus dispositivos eletrônicos pela PF.

Bolsonaro indiciado pela Polícia Federal

No mesmo dia, a Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. O relatório foi entregue ao ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso no STF.

Entre os indiciados estão os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O grupo é acusado de crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, atuando em seis núcleos distintos.

Bolsonaro, em resposta, criticou a condução do inquérito, acusando Moraes de “ajustar depoimentos” e realizar ações fora do que prevê a lei. As investigações continuam em andamento, com implicações graves para os envolvidos.

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