Quem mora em Goiânia já deve ter visto um sofá velho, uma cama box quebrada, galhos de poda de árvores, animais mortos, restos de construção ou qualquer outra quinquilharia jogados em algum lote baldio, praças ou calçadas. A prática, além de ser proibida, causa uma série de problemas, podendo bloquear a passagem em vias públicas, poluição do meio ambiente e atrair insetos vetores de doenças como a dengue, zika e usando-se os canais da prefeitura para pedir o recolhimento adequado daquilo que se quer descartar. E o que quase todo mundo não sabe é que a maioria das coisas pode ser reaproveitada de alguma forma, evitando que tudo o que não queremos vá parar no aterro sanitário. Goiânia está longe de ser uma cidade que adota o conceito do lixo zero.
Mensalmente, a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) faz a coleta de 35 mil toneladas de resíduos sólidos orgânicos. Tudo vai para o aterro sanitário, que tem capacidade para receber o lixo de Goiânia por mais 2 anos no atual maciço e mais 15 anos na sua área de ampliação, mas essa realidade pode ser alterada caso campanhas de conscientização sejam desenvolvidas maciçamente para o reaproveitamento de parte do lixo gerado diariamente. A assessoria da empresa informa que faz campanhas em suas redes sociais e site. Não é o suficiente, posto que falta conscientização da população sobre o destino do que é descartado.
Garrafas pet, caixas de leite, tampinhas plásticas, latas de alumínio, papelão e outros materiais recicláveis são fonte de renda de centenas de famílias que fazem parte de 13 instituições ativas de reciclagem, quatro delas beneficiadas com galpões novos com recursos do Ministério Público de Goiás, com estrutura adequada para atender os cooperados e para o atendimento das demandas do município. As cooperativas ficam no Setor Chácara Recreio São Joaquim, Setor Barrada da Tijuca, no Residencial Senador Albino Boaventura e no Setor Santos Dumont. Além das cooperativas, o lixo reciclável é fonte de renda para um número cada vez maior de catadores informais.
A Comurg, através do Programa Goiânia Coleta Seletiva, recolhe mensalmente cerca de 2,5 mil toneladas de resíduos recicláveis em todos os bairros de Goiânia. Basta colocar o reciclável na porta de casa ou nas esquinas no dia da coleta. Ele deve ser limpo e acondicionado principalmente em caixas e deixado no dia em que o caminhão da coleta seletiva passa no bairro (só verificar o dia correto da sua região no site da prefeitura).
Aquele móvel que não serve mais, por defeito ou porque comprou um melhor, não pode ser jogado na rua e o descarte correto não custa nada para o contribuinte. O Cata-treco é um serviço gratuito que recolhe móveis, eletrônicos e eletrodomésticos na casa da pessoa e leva tudo para as cooperativas cadastradas no Programa Coleta Seletiva. Tudo é reciclado, reformado e vira renda para alguém. Para agendar o serviço basta ligar no 3548-8555, chamar pelo WhatsApp 62 – 9859-8555 ou pelo aplicativo Prefeitura 24 Horas.
Lixo Zero
Uma campanha que vem sendo desenvolvida no mundo todo tenta reduzir os impactos ambientais causados pelo lixo. Do plástico que vai parar nos rios, lagos e mares ao lixo orgânico que pode ser usado como adubo, quase tudo pode ser aproveitado, reaproveitado, reciclado, evitando que a existências dos aterros sanitários ou seu esgotamento, e acabando de vez com os lixões, ainda existentes em muitas cidades brasileiras, inclusive em Goiás.
O conceito de lixo zero é o de aproveitamento máximo e encaminhamento correto dos resíduos recicláveis e orgânicos e a redução do encaminhamento destes materiais para os aterros sanitários e\ou para a incineração. A meta é zerar essa quantidade do que é jogado fora e, embora seja uma meta ousada, a discussão sobre esse tipo de gestão do lixo tem crescido no mundo. Na região sul do Brasil o assunto foi discutido semana passada em um fórum virtual. Dia 4 de junho é a vez de Goiás participar do debate, com a realização de um Fórum Estadual, também pelas redes sociais, vai debater políticas públicas ambientais para Goiás.
As campanhas do lixo zero tentam conscientizar as indústrias para a produção de embalagens que podem ser reaproveitadas ou recicladas; do comércio para que venda apenas esse tipo de produto que pode ser reaproveitado ou reciclado; o consumidor, para que ele adote um consumo consciente, sem desperdícios e com descarte correto e por último, os governos, para que ajude a comunidade, comércio e indústria no cumprimento de metas.
Como diminuir o lixo jogado no aterro sanitário:
Repense – Cascas de frutas, verduras, legumes, cascas de ovo, podem virar adubo. Aprenda sobre compostagem. Tenha uma pequena horta ou faça parte de uma comunitária. Não descarte no lixo comum ou misture a ele materiais que poderiam ser reciclados.
Reutilize objetos e materiais antes de serem encaminhados para a reciclagem.
Reduza – Gere o mínimo possível de lixo. O consumo consciente pode ajudá-lo nesta missão.
Recicle – Separe o que pode ser reciclado e coloque, de preferência limpo, em sacolas biodegradáveis ou em caixas de papelão no dia correto em que a coleta seletiva passa em seu bairro. Tudo é levado para cooperativas e servirão de renda para centenas de famílias
* Rosana Melo, especial para o Diário do Estado