Jovem que sofreu racismo após vencer concurso é ouvida pela polícia

A Polícia Civil começou a ouvir nesta quinta-feira (17) as pessoas envolvidas no caso de racismo envolvendo uma jovem de 19 anos que venceu um concurso de rainha em Santo Antônio do Amparo (MG). Eleita no fim de semana, ela foi ofendida com um comentário preconceituoso que viralizou depois do concurso.

“Hoje as duas vieram aqui na delegacia prestar esclarecimentos dos fatos, do ocorrido, a versão delas, de como se sentiram, a respeito da situação de racismo. Esse depoimento vai ser muito importante, porque é aqui na delegacia onde se apura a prova da materialidade e colhe os indícios de autoria, a faze preparatória para a investigação criminal”, disse o advogado da jovem, Said Galboni.

A mulher que fez o comentário foi identificada e intimada a prestar depoimento. Mas segundo a polícia, a família de Nair Amélia Avelar Rodrigues alegou que ela está viajando e só poderá se apresentar na semana que vem. O áudio que ela compartilhou em um grupo de WhatsApp gerou revolta.

“Gente, eu estava na roça e agora que eu vi o resultado. Ah, vou contar uma coisa procês: esse negócio de inclusão social tá foda. É os preto é que tá mandando em tudo mesmo. É cota na escola, é cota aqui, é cota ali e os branco tá tudo levando tinta. Da próxima vez, nós tem que pular num tanque de criolina e sair tudo pretinha, aí pode candidatar a qualquer coisa, que ganha”, disse.

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A Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou que as câmeras corporais registraram a ocorrência. O autor do disparo e o segundo policial militar que participou da abordagem prestaram depoimento e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações. A investigação abrange toda a conduta dos agentes envolvidos, e as imagens das câmeras corporais serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
 
O governador Tarcísio de Freitas, de São Paulo, lamentou a morte de Marco Aurélio por meio de rede social. “Essa não é a conduta que a polícia do Estado de São Paulo deve ter com nenhum cidadão, sob nenhuma circunstância. A Polícia Militar é uma instituição de quase 200 anos, e a polícia mais preparada do país, e está nas ruas para proteger. Abusos nunca vão ser tolerados e serão severamente punidos,” disse o governador.
 
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Claudio Silva, avalia que há um retrocesso em todas as áreas da segurança pública no estado. Segundo ele, discursos de autoridades que validam uma polícia mais letal, o enfraquecimento dos organismos de controle interno da tropa e a descaracterização da política de câmeras corporais são alguns dos elementos que impactam negativamente a segurança no estado. O número de pessoas mortas por policiais militares em serviço aumentou 84,3% este ano, de janeiro a novembro, na comparação com o mesmo período do ano passado, subindo de 313 para 577 vítimas fatais, segundo dados divulgados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) até 17 de novembro.
 
O Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp) do MPSP faz o controle externo da atividade policial e divulga dados decorrentes de intervenção policial. As informações são repassadas diretamente pelas polícias civil e militar à promotoria, conforme determinações legais e resolução da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP).

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