Alvo de mais de 120 pedidos de impeachment, por razão a negligência e da corrupção na compra de vacinas, Jair Bolsonaro se envolveu em mais um novo escândalo. Dessa vez, o presidente é acusado de ter envolvimento direto no esquema ilegal de entrega de salário de assessores na época em que atuou como deputado federal (entre os anos de 1991 e 2018).
O caso foi revelado pela ex-cunhada do político, a fisiculturista Andrea Siqueira Valle, em três reportagens ao site UOL.
Na primeira reportagem, Andrea afirmou que Bolsonaro demitiu o irmão dela após ele se recusar a devolver a maior parte do salário como assessor.
“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’ disse.
A segunda reportagem mostra que o coronel do Exército, Guilherme dos Santos Hudson, ao lado do ex-PM Fabrício Queiroz, eram responsáveis por recolher o salário dos servidores. No áudio, a mulher e a filha de Queiroz, Márcia Aguiar e Nathália Queiroz, chamam Jair Bolsonaro de ”01”. Márcia diz que o presidente ”não vai deixar” Queiroz voltar a atuar como antes, uma possível referência ao último cargo de assessor de Flávio Bolsonaro.
No áudio obtido pelo site da UOL, Nathália reclama com a madrasta sobre Queiroz e o chama de ”burro” por continuar participando das articulações.
“É chato também, concordo. É que ainda não caiu a ficha dele que agora voltar para a política, voltar para o que ele fazia, esquece. Bota anos para ele voltar. Até porque o 01, o Jair, não vai deixa. Tá entendendo? Não pelo Flávio, mas enfim não caiu essa ficha não. Fazer o quê? Eu tenho que estar do lado dele”, afirmou Márcia, em trecho exclusivo.
Já a terceira, descreve como recolhimento de salários não era uma tarefa exclusiva de Fabrício Queiroz. A ex-cunhada do presidente afirmou que o coronel da reserva do Exército atuou no recolhimento de salários no período em que ela constava como assessora do antigo gabinete de Flávio na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).
Guilherme dos Santos Hudson, coronel reserva do Exército, é tio da ex-cunhada de Bolsonaro, Andrea, e da ex-mulher do presidente, Ana Cristina Valle. Ele constou como assessor de Flávio entre junho a agosto de 2018, mas, de acordo com pessoas ouvidas pela coluna, ele seria conhecido da família a anos e atuava como funcionário da família Bolsonaro. Nas gravações, Andrea disse que o tio a levava para sacar o dinheiro todos os meses e que ela estaria sendo silenciada.
“Não é pouca coisa que eu sei não. É muita coisa que eu posso ferrar a vida do Flávio, ferrar a vida do Jair, posso ferrar a vida da Cristina. Entendeu?” disse em um áudio.
Ao ser informado das gravações, o advogado Frederick Wassef, representante do presidente, negou ilegalidade e disse que existe uma antecipação da campanha para 2022. Wassef afirmou que os fatos narrados por Andrea “são narrativas de fatos inverídicos, inexistentes, jamais existiu qualquer esquema de rachadinha no gabinete do deputado Jair Bolsonaro ou de qualquer de seus filhos”.
O crime é conhecido com rachadinha, o esquema em que Bolsonaro se esquivou todas às vezes que foi questionado durante sua campanha presidencial em 2018. O presidente chegou a ameaçar um jornalista que teria perguntado sobre cheques depositados por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.