Governo de Goiás investe R$ 12 milhões em Inteligência Artificial

O Governo de Goiás entrou na corrida pelas tecnologias de inteligência artificial. O Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia) é o símbolo dos avanços na área no Estado e contabiliza resultados após parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), a Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi) e a Universidade Federal de Goiás (UFG)/Instituto de Informática, em 2019. Para o projeto, a Fapeg disponibiliza R$ 12 milhões: R$ 7 milhões investidos em bolsas de estudo, R$ 4 milhões em capital e R$ 1 milhão para custeio.

Entre as soluções em desenvolvimento estão acompanhamento fiscal para evitar evasão de receita, identificação de placas veiculares e reconhecimento de imagem utilizado pela Secretaria de Segurança Pública. O Ceia também desenvolveu projetos para a indústria agro no lançamento da rede de internet 5G, em Rio Verde. “A inteligência artificial talvez seja a tecnologia mais disruptiva, no sentido de maior transformação da nossa sociedade, maior impacto no nosso dia a dia”, resume o secretário-geral de Governo, Adriano da Rocha Lima.

A mais recente entrega do Ceia para o Governo de Goiás foi o chatbot da plataforma Expresso. Depois de concluído o produto, o Ceia fez a transferência de conhecimento sobre os processos do software que simula conversa humana do Expresso para a Secretaria de Desenvolvimento e Inovação, por meio do Laboratório de Inovação Goiás (Ligo).

O Expresso foi lançado em maio deste ano. A plataforma oferece serviços em mais de 18 categorias, envolvendo agricultura e pecuária, assistência social, ciência e tecnologia, comunicação e transparência, cultura, educação, empreendedorismo, indústria e comércio, esportes, finanças e impostos, infraestrutura e habitação, justiça, meio ambiente, saúde, segurança pública, transporte, turismo, trabalho, emprego e previdência, veículos e condutores. O objetivo é garantir isonomia, inclusão e aumento na capilaridade da prestação de serviços públicos.

Outro fruto da parceria com o governo estadual foi o chatbot para atendimento a pessoas com suspeita de Covid-19, que evitou milhares de comparecimentos físicos desnecessários a unidades de saúde. Mais uma solução com inteligência artificial encontrada por pesquisadores do Ceia foi a correção automática de redação que possibilita aos alunos da rede estadual de educação um resultado instantâneo e preciso, tecnologia que também despertou interesse de outros dois estados da federação.

Para Adriano da Rocha Lima, a inteligência artificial influencia “em aspectos desde a nossa mobilidade urbana, até em itens dos mais corriqueiros do nosso dia a dia. Cada vez mais iremos investir e atrair pesquisadores e empresas dispostas a adotar essa tecnologia nos seus produtos, serviços e na nossa vida diária.”

“Hoje Goiás possui o centro de maior reconhecimento em inteligência artificial na América Latina”, ressalta o secretário-geral de Governo, que destaca ainda os investimentos do Governo de Goiás na área de internet das coisas, principalmente da automação da agricultura, que, junto com processamento em nuvem, processamento de big data e aplicações de inteligência artificial.

A meta do Ceia é ser, até o ano de 2025, um dos principais centros de inteligência artificial na geração de tecnologias de impactos positivos para o Brasil, utilizando técnicas de conhecimentos de inteligência artificial e tecnologias exponenciais nas mais diversas aplicações, amparado por pesquisas aplicadas desenvolvidas pela academia.

Parceria que deu certo

O Ceia, antigo Deeplearning Brasil da UFG, já possuía clientes e uma estrutura. “A Fapeg veio para escalar, permitir mais crescimento e inserir mais rapidamente o conceito de inteligência artificial nas vidas das pessoas. Ainda não é possível avaliar amplamente o impacto dessa política pública desenvolvida em Goiás, que é preparar a sociedade goiana para os avanços da inteligência artificial. Acreditamos que fizemos o investimento no momento correto e lideraremos algumas iniciativas nacionalmente”, comenta o presidente da Fapeg, Robson Domingos Vieira.

Com apoio da fundação, o Ceia conquistou o credenciamento junto à Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), no ano passado. “Ter uma chancela MCTI credencia um grupo de pesquisa a ser capaz de fazer negócio e de gerar inovação de base tecnológica dentro de uma empresa. Além disso, a empresa recebe um incentivo financeiro do governo federal e um terço do valor do projeto é custeado pela Embrapii. Ter unidades Embrapii no estado é crucial e determinante para o crescimento de inovações de alto valor agregado em todos os segmentos de negócios”, revela Vieira.

O presidente da Fapeg explica que a atual gestão busca fomentar o crescimento do ecossistema científico e de inovação. “Em contrapartida, queremos projetos de qualidade que atendam e transformem a sociedade. Estamos reconstruindo esse diálogo com a comunidade científica, desde a construção de chamadas públicas em conjunto até no monitoramento e levantamento de indicadores. Precisamos trabalhar em conjunto para o crescimento do Estado. Para realizarmos isso, estabelecemos processos, implantamos ferramentas e, o mais importante, mudamos o mindset da fundação”, completa.

“O Ceia foi um dos maiores acertos deste governo. A Sedi e Fapeg vão investir, até 2025, R$ 12 milhões no desenvolvimento de soluções tecnológicas exponenciais, o que coloca o Estado na rota do crescimento e desenvolvimento tecnológico do país”, diz o secretário de Desenvolvimento e Inovação, Marcio Cesar Pereira. Dados recentes do relatório AI Index 2021, uma das principais pesquisas globais de IA, apontam que Brasil, Índia, Canadá, Cingapura e África do Sul são os países com maior crescimento na contratação de profissionais de IA entre 2016 e 2020.

Academia

À frente do Ceia, o professor doutor Anderson Soares, da UFG, foi indicado recentemente pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para integrar, nos próximos dois anos, junto com outros cinco pesquisadores brasileiros, o Comitê de Governança de Dados da Aliança Global de Inteligência Artificial, uma ação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A proposta do Comitê, que conta com representantes de vários países, visa ao aumento da competitividade dos países no desenvolvimento de IA, além de criar e recomendar diretrizes de boas práticas nos sistemas de inteligência artificial, dentro de valores éticos, morais e sociais. Para o professor, no Brasil, o Plano Nacional de Inteligência Artificial e o apoio do governo federal para a implantação de centros nacionais de IA vão acelerar o processo de desenvolvimento desta área.

“Nos últimos anos temos conseguido o feito de gerar ciência e soluções (produto) ao mesmo tempo. Uma das grandes motivações do acordo com a Fapeg foi estabelecer uma via de mão dupla. Conhecer desafios enfrentados pelo governo, desafios que inspiram o desenvolvimento da ciência e ao mesmo tempo mostrar como a ciência também é capaz de resolver problemas no curto prazo”, explica o coordenador executivo do Ceia e professor do Instituto de Informática da UFG.

“No mundo inteiro, sem exceções, o governo é um grande financiador da ciência, pois resultados científicos acontecem no longo prazo”, comenta o professor Anderson Soares. Ele ressalta que “existem novas demandas do governo, dado o sucesso das iniciativas até agora, e estamos nos preparando para atendê-las”.

Muitas teses, projetos, dissertações do mundo acadêmico já estão resultando em produtos de alta tecnologia capazes de promover um grande impacto na qualidade de vida do cidadão. “Disponibilização e/ou transferência de tecnologia e formação de Recursos Humanos altamente qualificados são os principais focos do Ceia, mas existem outros temas que acreditamos serem importantes para toda a sociedade e que o Ceia pode contribuir, como a construção da visão empreendedora em todos os pesquisadores e a popularização da ciência como instrumento de trabalho”, comenta.

O professor defende a integração entre academia, setor privado e governo para gerar soluções efetivas para problemas do mercado e para alimentar o conhecimento acadêmico e fala da necessidade crescente de construção de uma sede física para o Ceia. “Em um primeiro momento o foco foi estruturar, crescer a capacidade de formação de recursos humanos e ampliar a captação de projetos. Agora que já temos a demanda, graças ao sucesso nas ações de ampliação de projetos, faz todo sentido ampliarmos nosso espaço físico”, destaca. Atualmente o Ceia conta com cerca de 250 pesquisadores e a perspectiva é que este número cresça ainda mais, comenta Anderson Soares.

“Esperamos até o final de 2021 realizar a reforma de um espaço físico na escola de engenharia da UFG onde serão instalados os laboratórios de veículos autônomos e internet das coisas”. Segundo ele, o projeto está pronto e o processo licitatório deve ter início em breve, “mas esta reforma é insuficiente para o nosso ritmo de crescimento. Nosso desafio é estabelecer um projeto de espaço físico ainda mais audacioso”, frisa o professor.

Além do Governo, os maiores parceiros e investidores do Ceia do setor privado são a Copel Energia (Paraná), Cyberlabs (Rio de Janeiro), Americas Health (Goiás), iFood (São Paulo) e Data-H (São Paulo). “Nós desenvolvemos projetos com a iniciativa privada desde 2013 e estávamos mantendo um bom ritmo de crescimento ao longo dos anos. O desafio que nos foi colocado pela Fapeg foi acelerar este crescimento com recursos para infraestrutura e aumento do capital humano de pesquisa. E deu muito certo. Nós captamos mais recursos em 2020 do que o valor somado de todos os anos anteriores em um verdadeiro crescimento exponencial. E as perspectivas para 2021 são ainda melhores. Além do investimento em recursos, a Fapeg nos ajudou com estratégias que se mostraram muito assertivas, como o credenciamento na Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial – Embrapii”, disse Anderson Soares.

Conhecimento e produto

A UFG se destaca como pioneira na criação do bacharelado em Inteligência Artificial no Brasil. Quarenta estudantes ingressaram, em 2020, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), e desde então participam do desenvolvimento de projetos tecnológicos inovadores. “Esses estudantes recebem bolsas de R$ 600 a R$ 3 mil. Os projetos de grande porte do Ceia possuem tarefas de pequena a grande complexidade que podem ser distribuídas desde a alunos ingressantes a alunos de doutorado”, comenta o reitor da universidade, Edward Madureira.

Além da imersão dos alunos nos projetos de inovação, o reitor explica que a UFG iniciará uma nova fase de investimento em infraestrutura. Ele revela que será adquirido mais um supercomputador de alto desempenho para IA, o segundo em menos de três anos. Comemora ainda que a Escola de Engenharia passará por reforma para abrigar o primeiro laboratório de veículos autônomos sobre a plataforma de carros elétricos. “O Brasil tem laboratórios deste tipo, mas para veículos mecânicos e à gasolina”, explica.

Para Edward Madureira, o Ceia traz um ambiente de grandes oportunidades de inovação e pesquisa que podem alavancar soluções tecnológicas e o desenvolvimento cada vez maior dessa área no Estado. “A UFG é pioneira e continua com o grande desafio e missão de que o curso de Inteligência Artificial concilie a formação sólida que oferecemos tradicionalmente com um modelo em que o conhecimento tenha conexão rápida com os problemas práticos”, comentou o reitor.

Segundo ele, “essa nova geração de alunos deseja ver os resultados dos seus estudos em algum problema próximo da sua realidade e nós queremos que a Universidade se conecte cada vez mais com a sociedade, pois o conhecimento produzido, a pesquisa e a inovação devem estar a serviço do desenvolvimento do estado, da região e do país.”

Foto: INF-UFG

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Anvisa atualiza regras sobre implantes hormonais

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta sexta-feira (22) no Diário Oficial da Uniãoresolução que atualiza as regras sobre o uso de implantes hormonais, popularmente conhecidos como chips da beleza. O dispositivo, segundo definição da própria agência, mistura diversos hormônios – inclusive substâncias que não possuem avaliação de segurança para esse formato de uso.

A nova resolução mantém a proibição de manipulação, comercialização e uso de implantes hormonais com esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos para fins estéticos, ganho de massa muscular ou melhora no desempenho esportivo. O texto também proíbe a propaganda de todos os implantes hormonais manipulados ao público em geral.

“Uma novidade significativa dessa norma é a corresponsabilidade atribuída às farmácias de manipulação, que agora podem ser responsabilizadas em casos de má prescrição ou uso inadequado indicado por profissionais de saúde. Essa medida amplia a fiscalização e promove maior segurança para os pacientes, exigindo mais responsabilidade de todos os envolvidos no processo”, disse em nota Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbenm).

“É importante destacar que essa nova resolução não significa aprovação do uso de implantes hormonais nem garante sua segurança. Ao contrário, reforça a necessidade de cautela e soma-se à resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que já proibia a prescrição de implantes sem comprovação científica de eficácia e segurança”, destacou a nota.

Entenda

Em outubro, outra resolução da Anvisa havia suspendido, de forma generalizada, a manipulação, a comercialização, a propaganda e o uso de implantes hormonais. À época, a agência classificou a medida como preventiva e detalhou que a decisão foi motivada por denúncias de entidades médicas como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) que apontavam aumento no atendimento de pacientes com problemas.

Na avaliação da Sbem, a nova resolução atende à necessidade de ajustes regulatórios em relação a publicação anterior. A entidade também avalia a decisão de proibir a propaganda desse tipo de dispositivo como importante “para combater a desinformação e proliferação de pseudoespecialistas, sem o conhecimento médico adequado, comuns nas redes sociais”.

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