Talibãs mataram a tiros o parente de um jornalista que trabalhava para a Deutsche Welle (DW) no Afeganistão e era procurado pelos militantes, informou o canal público de televisão alemão nesta sexta-feira (20).
Segundo informações do G1, um outro familiar do jornalista ficou gravemente ferido e vários conseguiram fugir, segundo a DW, que não informou a nacionalidade das vítimas e não relevou a identidade do profissional. Ele atualmente mora e trabalha na Alemanha.
Alguns jornalistas afegãos dizem que foram espancados e tiveram a casa invadida desde que o Talibã tomou a capital Cabul, no domingo (15), e voltou ao poder após 20 anos.
Também nesta sexta, um civil alemão foi baleado a caminho do aeroporto de Cabul, mas não corre risco de vida e logo será evacuado do Afeganistão, afirmou uma porta-voz do governo alemão.
Apesar da tentativa inicial do Talibã de tentar passar uma imagem menos radical, militantes do grupo extremista têm intensificando a busca por pessoas casa a casa, aponta documento confidencial da ONU (Organização das Nações Unidas).
O documento relata ameaças de matar ou prender familiares caso os alvos não sejam encontrados, exatamente como ocorreu com o parente do jornalista da DW.
O Talibã havia dito na terça-feira (17), em sua primeira entrevista coletiva, que permitiria o trabalho da imprensa e que mulheres poderiam trabalhar, ao contrário do que ocorreu quando o grupo esteve no poder, entre 1996 e 2001.
Mas o Talibã declarou na quinta-feira (19) que o país passou a se chamar Emirado Islâmico do Afeganistão, o mesmo adotado em 1996, e Waheedullah Hashimi, um dos principais comandantes do grupo, afirmou que “não haverá democracia” no país: “A lei é a Sharia e é isso”.