Moradores do assentamento Vale do Sol em Aparecida de Goiânia clamam por ajuda

Iniciado em 2016, o assentamento Vale do Sol em Aparecida de Goiânia se tornou um refugio para pessoas em situação de invulnerabilidade social, que foram despejadas por não terem condições de pagar um aluguel, mas que buscam uma melhor qualidade de vida. Hoje, o local que fica nas proximidades do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, abriga cerca de 90 famílias com mais de 300 crianças. Entre a população existem enfermos acamados e deficientes físicos. Além de moradores de outros países como a Venezuela e Haiti, que também fizeram do Vale do Sol o seu lar.

De uma forma simples, os moradores do assentamento precisam trabalhar arduamente para conseguir se manter no local, já que a área não possui requisitos básicos para se viver de forma “aconchegante”, como água tratada e energia elétrica.

As frágeis casas de lona e madeirite, levantadas pelos próprios moradores, refletem o sofrimento de quem não tem onde morar. Construídas através de materiais de construção reciclareis, as casas não conseguem aguentar as chuvas, principalmente os fortes temporais que tem atingido o estado nos últimos dias. Realidade difícil para os moradores que acabam perdendo moveis por conta da água que entra nas tendas.

Casa alagada após a chuva no Vale do Sol / Foto: Arquivo pessoal

Fragilidade

Fragilizados, os moradores também ficam expostos a doenças transmitidas no local devido a falta de saneamento e ao risco de viver embaixo de uma rede de energia de alta tensão. É o que diz a líder da ocupação Vale do Sol, Carlena Ferreira de Souza, de 43 anos. Em entrevista ao jornal Diário do Estado, a mulher explica que os moradores enfrentam uma luta diária para se manter no local, já que não tem ajuda da prefeitura de Aparecida de Goiânia.

“Todos precisamos de alimentos, acessórios de higiene e itens de sobrevivência. A gente veio para esta terra buscando onde morar. Algumas casas são de lona outras de madeirite, mas quando chove os barracos molham tudo. Eles não têm uma telha boa para tampar as casas, por isso a água entra. Estamos vivendo um verdadeiro descaso, ninguém tem olhado por nós. Não estamos apenas passando necessidade de uma casa melhor, mas de comida também. Não sabemos mais o que fazemos, eu não sei mais o que fazer pelo meu povo. Pelo amor de Deus, estamos precisando de alimento”, disse Carlena.

Alguns dos moradores em reunião / Foto: Arquivo pessoal

Uma das moradoras mais antigas

Carlena é a moradora mais antiga da ocupação. Ela chegou ao local há cinco anos, acompanhada do marido, 7 filhos com idades entre 24 e 3 anos e a irmã que possui problemas mentais. Agora viuja, Carlena explica que veio em busca de emprego e melhor qualidade de vida, mas que acabou tendo que deixar a casa em que morava de aluguel por não ter dinheiro e que viu no assentamento um refúgio.

“Fomos os primeiros a chegar. De início construímos um barraco de lona, mas agora é de madeirite. Em pouco tempo os vizinhos começaram a chegar. Pessoas que estavam na mesma situação do que eu”, comentou.

A viúva também fez um apelo pedindo ajuda, já que sofre com problemas de saúde, mas que não possuí dinheiro para arcar com cirurgias. Ela explica que apenas um dos procedimentos está avaliado em R$ 25 mil:

“‘Tenho oito hérnias na barriga, meu intestino está para fora. Tenho algumas feridas no estomago também, além de diabetes e invalidade em uma das mãos. Fui no médico esses dias, ele falou que preciso fazer uma cirurgia urgente. Eu sinto enjoo o tempo todo. Preciso fazer uma dieta, mas não tenho condição nem para comer, imagina para fazer essa cirurgia. Preciso da sua ajuda. Me ajude a viver e cuidar dos meus filhos e a minha irmã, por favor”, pediu.

Carlena carregando taboas para montar a sua barraca / Foto: Arquivo pessoal

Desocupação

A área onde as famílias vivem é pública é destinada para a construção de uma praça de lazer e convivência. Situação que traz insegurança aos moradores que não tem para onde ir e temem a remoção da prefeitura. No dia 9 de setembro, por exemplo, a Prefeitura de Aparecida em conjunto com a Guarda Civil Municipal (GCM) desocupou parte da área. De acordo com Carlena, algumas maquinas derrubaram barracões que serviam de abrigo para alguns moradores.

“O pessoal estava terminando de fazer os barracos, outros estavam cavando o poço. Alguns fiscais chegaram e mandaram passar a patrola. Juntamos para tentar impedir a ação, mas não adiantou. Aterraram algumas ferramentas dos moradores e derrubaram os barrocos. Então foram embora”, disse Carlena.

 

Assista o vídeo do apelo de Carlena e do pedido de ajuda dos moradores da ocupação:

 

Nota Prefeitura de Aparecida

“A secretaria de Habitação de Aparecida informa que sempre tem buscado realizar ações para viabilizar moradia digna para as famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social no município. No caso da ocupação no setor Vale do Sol, equipes da secretaria vão até o local constantemente para promover o cadastramento socioeconômico das famílias nos programas habitacionais para que participem dos sorteios de moradia popular e está viabilizando aluguel social para aquelas famílias em extrema vulnerabilidade e se enquadram nos critérios pré-estabelecidos.

Informa ainda que os processos de aluguel social já foram montados com a documentação e relatório sócioeconômico das famílias, e a expectativa é de que sejam atendidas em breve. A secretaria destaca ainda que está preparando um mutirão social que vai atender todas famílias no dia 26/11 junto com as Secretarias de Assistência Social, Saúde, Trabalho, SEPLAN e Defensoria pública.

Informa também que atualmente a empresa de energia Furnas move um processo para retirada dessas famílias do local, justamente por conta de estarem embaixo das redes de alta tensão. A secretaria ressalta que está sendo viabilizado ainda um mutirão de atendimentos e serviços em parceria com as secretarias de Saúde e Assistência Social na ocupação para beneficiar os moradores, como tem acontecido também em outras ocupações irregulares. A secretaria finaliza informando que está em fase de aprovação um projeto de Lei para criação de loteamento municipal que irá beneficiar mais de mil famílias em vulnerabilidade.”

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Torcedores jogam cabeça de porco em jogo de Corinthians x Palmeiras

Durante a vitória do Corinthians por 2 a 0 sobre o Palmeiras na Neo Química Arena, em São Paulo, um incidente chocante marcou o jogo. Torcedores do Corinthians lançaram uma cabeça de porco no campo, gerando grande controvérsia e indignação.

Segundo testemunhas, o incidente ocorreu começou antes do início do jogo, quando a cabeça de porco foi arremessada por um homem em uma sacola por cima das grandes do setor sul.

A Polícia Civil solicitou ao Corinthians o acesso às imagens da câmera de segurança para identificar todos os responsáveis pelo ato. Dois torcedores foram levados ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) e, após depoimentos, foi proposto uma transação penal no valor de R$ 4 mil ao Ministério Público, mas eles não aceitaram e negaram ter participado do ato.

Um dos suspeitos da provocação foi identificado como Rafael Modilhane, que teria comprado e arquitetado o ataque ao time rival. Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostra que o torcedor comprou o item em um açougue e mencionou o plano para jogar a cabeça no gramado.

“Sabe aquela cabeça de porco que postei mais cedo? Vocês vão ver o que vai acontecer com ela. A gente é louco mesmo. Se for para mexer com o psicológico de vocês [jogadores], nós vamos mexer.”, afirmou Modilhane.

Confira o vídeo:

Pelo artigo 201 da nova Lei Geral do Esporte, os torcedores envolvidos podem responder por “promover tumulto, praticar, incitar a violência e invadir local restrito aos competidores, com possível penas de até seis meses de prisão ou multa”. Cabe agora a decisão do Ministério Público se a denúncia será realizada ou voltará ao Drade para novas investigações.

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