Os casos de violência contra a mulher no Estado apresentaram um aumento exponencial. Segundo dados Secretária de Segurança Publica do Estado de Goiás (SSP), nos primeiros nove meses de 2021 houve aumento em todas as áreas de violência contra a mulher, exceto no quesito estupro que registrou uma redução de 12,9%. Entretanto, crimes como feminicídio (aumento de 12,9%), ameaça (aumento de 17,1%), lesão corporal (aumento de 0,9%) e crimes contra a honra, como calunia difamação e injuria (aumento de 11,8%) chamam a atenção.
Em um âmbito geral, somando todas as áreas, de janeiro a setembro de 2020, a SSP registrou 25.563 ocorrências, enquanto que o em 2021, no mesmo período, foram contabilizados 28.233 casos de violência contra a mulher. Ou seja, um aumento de 10,4%. O crime de ameaça foi o mais registrado, com 12,205 denúncias este ano, seguindo pela crime de lesão corporal (7.930), crimes contra a honra (7.867), estupro (195) e feminicídio (35).
Aumento de agressões
Em entrevista ao Diário do Estado, a delegada titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), Josy Alves Guimarães, explicou que o aumento pode estar ligado a mudança no comportamento das vítimas. Ainda de acordo com a Josy, as mulheres começaram a denunciar os agressores, ação que antes era pouco realizada.
“Infelizmente temos vivido um aumento nos índices de violência contra a mulher. Acredito que esse aumento está ligado aos registros. Antes haviam casos subnotificados, quando a mulher fica em casa sofrendo agressão por parte do companheiro, agora esses casos começaram a ser denunciados. A vítima pode procurar a delegacia da mulher, que funciona 24h por dia todos os dias da semana para realizar as denuncias”.
Para a delegada, denunciar ou pedir ajuda é um fator essencial para punir o agressor. No dia 8 de novembro, por exemplo, um homem de 22 anos foi preso no Setor Solange Parque, em Goiânia, após agredir e ameaçar a namorada com uma faca. A vítima conseguiu fugir e foi encontrada pela polícia pedindo ajuda na rua. O homem que já tinha passagens por adulteração de veiculo foi preso e encaminhado a DEAM.
5% das vítimas de feminicídio tinham medida protetiva
De acordo com a delegada, o feminicídio normalmente acontece quando não há denuncia por parte da vítima que já vinha sofrendo agressões, que acabam ficando mais gravas com o passar do tempo. Josy diz que a mulher não precisa se preocupar na hora de denunciar, já a delegacia oferece proteção a agredida.
“A autoridade policial solicita, caso a mulher deseja, medidas protetivas que são encaminhadas ao poder judiciário. Ao qual, analisa se irá aderir ou não. Os casos de deminicídio estão ligada a não denúncia por parte das vítimas. Muitas mulheres que sofrem agressão não denunciam, não procuram a delegacia. O ciclo da violência vai se repetindo até chegar no feminicídio. Os dados mostram que apenas 5% das vítimas de feminicídio tinham medida protetiva”, explicou.
Feminicídio Aparecida
Um caso recente de feminicídio aconteceu no dia 3 de novembro, quando a manicure Arlete Almeida Silva, de 33 anos, foi morta a tiros, em Aparecida de Goiânia. A mulher foi atingida por dois disparos de uma pistola, sendo um na nuca e outro na perna direita. O crime foi cometido pelo até então companheiro, Francivaldo Alves Braz, de 46 anos.
O casal havia acabado de chegar na casa de um amigo, no setor Chácara Mansões Rosas de Ouro, quando Francisvaldo sacou a arma é efetuou os disparos contra Arlete. A mulher morreu ainda na casa, antes da chegada da equipe de socorro. Ela deixou quatro filhos, sendo que o mais novo tem 8 anos. O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil.