WTA anuncia suspensão de todos os torneios de tênis realizados na China

Na quarta-feira (1) Steve Simon, o Presidente da Associação dos Tenistas Profissionais (WTA), anunciou a suspensão dos torneios profissionais de tênis do circuito feminino realizados na China, assim como os que são anexados ao território de Hong Kong.

A decisão, até então inédita na história do tênis, foi tomada pela falta de informações vindas das autoridades chinesas envolvendo o caso da tenista Peng Shuai. A tenista denunciou, no dia 2 de novembro, o ex-vice-primeiro-ministro da China, Zhang Gaoli, por abuso sexual.

A ex-número 1 nas duplas esteve desaparecida por aproximadamente 17 dias. A WTA pediu contato com a Shuai, que só foi atendida durante uma vídeo-chamada do presidente do Comitê Olímpico. Nenhum trecho dessa ligação foi divulgado.

O presidente da WTA havia alertado a China sobre uma possível suspensão dos torneios, escrevendo um comunicado detalhado, informou a decisão da diretoria da WTA. Tal decisão incluía os representantes dos torneios realizados pela associação, assim como os representantes das jogadoras.

Confira o comunicado na íntegra:

“Quando, em 2 de novembro de 2021, Peng Shuai postou uma alegação de agressão sexual contra um alto funcionário do governo chinês, a Associação Feminina de Tênis reconheceu que a mensagem de Peng Shuai precisava ser ouvida e levada a sério. As jogadoras da WTA, sem falar nas mulheres de todo o mundo, não merecem nada menos que isso.

Daquele momento em diante, Peng Shuai demonstrou a importância de falar abertamente, especialmente quando se trata de agressão sexual, e especialmente quando pessoas poderosas estão envolvidas. Como Peng disse em seu post: “Mesmo que seja como um ovo batendo em uma pedra, ou se eu for como uma mariposa atraída pela chama, convidando à autodestruição, contarei a verdade sobre você.” Ela conhecia os perigos que enfrentaria, mas ela veio a público de qualquer maneira. Eu admiro sua força e coragem.

Desde então, a mensagem de Peng foi removida da Internet e a discussão deste grave problema foi censurada na China. As autoridades chinesas tiveram a oportunidade de cessar essa censura, provar de forma verificável que Peng é livre e capaz de falar sem interferência ou intimidação e investigar a alegação de agressão sexual de maneira completa, justa e transparente. Infelizmente, a liderança na China não abordou essa questão tão séria de maneira confiável. Embora agora saibamos onde Peng está, tenho sérias dúvidas de que ela seja livre, segura e não sujeita a censura, coerção e intimidação. A WTA foi clara sobre o que é necessário aqui, e repetimos nosso apelo por uma investigação completa e transparente – sem censura – da acusação de agressão sexual de Peng Shuai.

Nada disso é aceitável nem pode se tornar aceitável. Se pessoas poderosas puderem suprimir as vozes das mulheres e varrer as acusações de agressão sexual para debaixo do tapete, então a base sobre a qual a WTA foi fundada – igualdade para as mulheres – sofreria um retrocesso imenso. Não vou e não posso deixar que isso aconteça com o WTA e suas jogadoras.

Como resultado, e com o total apoio da Diretoria da WTA, estou anunciando a suspensão imediata de todos os torneios da WTA na China, incluindo Hong Kong. Em sã consciência, não vejo como posso pedir as nossas atletas para competir lá, quando Peng Shuai não tem permissão para se comunicar livremente e aparentemente foi pressionada a contradizer sua alegação de agressão sexual. Dada a situação atual, também estou muito preocupado com os riscos que todas as nossas jogadoras e suas equipes poderiam enfrentar se realizássemos eventos na China em 2022.

Fiquei satisfeito com o enorme apoio internacional que a WTA recebeu por sua posição sobre este assunto. Para proteger ainda mais Peng e muitas outras mulheres em todo o mundo, é mais urgente do que nunca que as pessoas se manifestem. A WTA fará todo o possível para proteger suas jogadoras. Ao fazermos isso, espero que os líderes em todo o mundo continuem a falar abertamente para que a justiça possa ser feita por Peng e todas as mulheres, não importando as ramificações financeiras.”

Tênis chinês na WTA

Até 2019, a China realizava 11 torneios do calendário anual do tênis feminino, incluindo o WTA Finals de Shenzhen, o principal evento da temporada. Em razão da pandemia da COVID-19, os torneios em 2020 e 2021 foram suspensos, fazendo com que a WTA precisasse realocar parte do seu calendário.

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Anvisa atualiza regras sobre implantes hormonais

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta sexta-feira (22) no Diário Oficial da Uniãoresolução que atualiza as regras sobre o uso de implantes hormonais, popularmente conhecidos como chips da beleza. O dispositivo, segundo definição da própria agência, mistura diversos hormônios – inclusive substâncias que não possuem avaliação de segurança para esse formato de uso.

A nova resolução mantém a proibição de manipulação, comercialização e uso de implantes hormonais com esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos para fins estéticos, ganho de massa muscular ou melhora no desempenho esportivo. O texto também proíbe a propaganda de todos os implantes hormonais manipulados ao público em geral.

“Uma novidade significativa dessa norma é a corresponsabilidade atribuída às farmácias de manipulação, que agora podem ser responsabilizadas em casos de má prescrição ou uso inadequado indicado por profissionais de saúde. Essa medida amplia a fiscalização e promove maior segurança para os pacientes, exigindo mais responsabilidade de todos os envolvidos no processo”, disse em nota Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbenm).

“É importante destacar que essa nova resolução não significa aprovação do uso de implantes hormonais nem garante sua segurança. Ao contrário, reforça a necessidade de cautela e soma-se à resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que já proibia a prescrição de implantes sem comprovação científica de eficácia e segurança”, destacou a nota.

Entenda

Em outubro, outra resolução da Anvisa havia suspendido, de forma generalizada, a manipulação, a comercialização, a propaganda e o uso de implantes hormonais. À época, a agência classificou a medida como preventiva e detalhou que a decisão foi motivada por denúncias de entidades médicas como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) que apontavam aumento no atendimento de pacientes com problemas.

Na avaliação da Sbem, a nova resolução atende à necessidade de ajustes regulatórios em relação a publicação anterior. A entidade também avalia a decisão de proibir a propaganda desse tipo de dispositivo como importante “para combater a desinformação e proliferação de pseudoespecialistas, sem o conhecimento médico adequado, comuns nas redes sociais”.

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