Enquanto as tropas russas avançam, o governo da Ucrânia publica memes em sua rede social oficial. Nesta quinta-feira (24), a página postou uma charge alfinetando o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ao retratá-lo tendo o rosto delicadamente tocado pelo nazista e ditador Adolf Hitler. Apesar do tom cômico, as publicações são uma estratégia para popularizar o posicionamento ucraniano em meio à guerra. De memes em contas oficiais, passando por sites do governo ucraniano fora do ar, e chegando às fake news, pode-se dizer que a guerra também é digital.
“Isso não é um meme, mas a sua e a nossa realidade no momento”, acrescentou o perfil @Ukraine, ao publicar a charge de Hitler ao lado de Putin, presidente russo. A conta oficial tem mais de 730 mil seguidores e apenas esta postagem teve mais de 1,5 milhão de curtidas. A página chegou a pedir que o Twitter removesse a conta russa. “Não há lugar para agressores como a Rússia em plataformas de mídia social ocidentais”, publicou. O @Ukraine também convidou os seguidores a marcarem o perfil oficial do governo do governo russo na postagem.
E esta não é a primeira postagem alfinetando o país vizinho. No fim do ano passado, foi publicado um meme sobre os tipos de dores de cabeça, bastante popular, inclusive no Brasil. A imagem ironiza ao afirmar que a pior das dores atinge quem vive perto da Rússia.
A pessoa responsável pela página ucraniana disse ao jornal estadunidense The Washington Post, sem se identificar, que o humor não é uma forma de subestimar as ameaças. “Imagine uma pessoa muito boa que passou por muita coisa no passado, conseguiu superar as dificuldades e desenvolveu esse tipo de humor obscuro e atrevido como defesa. É sobre isso que a conta da Ucrânia trata. Nós rimos diante das ameaças, não porque as subestimamos, mas porque o que mais poderíamos fazer? Deitar e chorar? Lágrimas nunca garantiram liberdade”, afirmou.
— Ukraine / Україна (@Ukraine) December 7, 2021
Ciberguerra entre Rússia e Ucrânia
Para além das redes sociais, a internet é palco de outras formas de embate entre Rússia e Ucrânia. Na quarta-feira (23), um dia antes dos primeiros ataques que sinalizaram o início oficial da guerra, vários sites do governo ucraniano ficaram fora do ar.
O que provocou a queda nas plataformas foi o chamado DDoS maciço. Um tipo de ataque em que o site é sobrecarregado com quantidade muito grande de tentativa de acesso, até que o serviço não suporte as solicitações e fique indisponível. O mesmo aconteceu com sites de bancos online, nas últimas semanas. Para alguns especialistas, isto é apenas parte pequena do que está por trás dos ‘armamentos’ usados em meio digital.
Fake news
A guerra, decretada na madrugada desta quinta-feira (24), é considerada a mais grave crise mundial pela qual passa a Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Com uma diferença: em 2022, as informações são disparadas de todos os lados, em tempo recorde, o que abre espaço para informações falsas. Como mostrou o DE, imagens falsas circulam nas redes, sendo atribuídas ao embate no leste europeu.
Problema que acontece, inclusive, entre brasileiros. No dia 14 de fevereiro, o canal de TV CNN Brasil precisou publicar uma nota para desmentir o ex-ministro Ricardo Salles. “A CNN não noticiou que presidente Bolsonaro evitou a guerra”, disse o canal. A fake news mostrava uma montagem, com o símbolo da CNN, em que Bolsonaro e Putin dão um aperto de mãos, acompanhada do título “Putin sinaliza recuo na Ucrânia, presidente Bolsonaro evita a 3ª Guerra Mundial”, afirmava a publicação falsa.