Rússia abre corredores humanitários e Ucrânia começa a retirar civis

A Rússia abriu corredores humanitários para que as pessoas possam ser retiradas de Kiev e de outras quatro cidades ucranianas: Cherhihiv, Kharkiv, Mariupol e Sumi, segundo a agência de notícias Interfax, citando o Ministério da Defesa russo nesta terça-feira, 8. A Ucrânia começou a retirar civis da cidade de Sumi, no nordeste; e da cidade de Irpin, perto da capital Kiev, nesta terça-feira, 8, disseram autoridades ucranianas.

O local, perto da fronteira com a Rússia, tem sido palco de violentos combates há vários dias. Pelo menos nove pessoas, incluindo duas crianças, foram mortas em um bombardeio em Sumi na noite desta segunda-feira, 7, segundo serviços de emergência ucranianos.

As retiradas de moradores começaram depois que autoridades russas e ucranianas concordaram em estabelecer “corredores humanitários” para permitir que civis saíssem de algumas cidades sitiadas pelas forças russas.

O Ministério da Defesa acrescentou que as forças russas na Ucrânia introduziram um “regime silencioso” desde o início desta manhã (madrugada de terça no Brasil), informou a Interfax Muitos já conseguiram escapar nesse período – pelo menos 2 milhões de pessoas – no que as Nações Unidas descreveram como a crise de refugiados que mais cresce desde a 2ª Guerra. A grande maioria dos que correm para a segurança, de acordo com a ONU, são mulheres e crianças.

“Já começamos a retirada de civis de Sumi para Poltava (no centro da Ucrânia), incluindo estudantes estrangeiros”, disse o Ministério das Relações Exteriores, em um tuíte. “Pedimos à Rússia que concorde com outros corredores humanitários na Ucrânia”.

Crise de refugiados

Após a primeira onda de refugiados da Ucrânia, é provável que haja uma segunda onda composta por refugiados mais vulneráveis, disse o chefe da agência de refugiados da ONU nesta terça-feira. “Se a guerra continuar, começaremos a ver pessoas sem recursos e sem conexões”, disse o chefe do Acnur, Filippo Grandi, em entrevista coletiva. “Essa será uma situação mais complexa de gerenciar para os países europeus daqui para frente, e será necessário haver ainda mais solidariedade de todos na Europa e além”, disse ele.

Reunião

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e o homólogo ucraniano, Dmitro Kuleba, concordaram em se reunir em um fórum no sul da Turquia na quinta-feira, 10, no que pode ser a primeira conversa entre os chefes das diplomacias dos dois países desde o começo da invasão russa à Ucrânia, em 24 de fevereiro.

Mevlut Cavusoglu, ministro das Relações Exteriores da Turquia, fez o anúncio nesta segunda-feira, 7, e disse que participaria da reunião na cidade turística de Antália.

O plano também foi confirmado pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia e pelo ministro ucraniano, que declarou nesta segunda que se Lavrov estava pronto para “uma conversa séria e substantiva”, ele também estaria.

A Turquia, membro da Otan, que compartilha uma fronteira marítima com a Rússia e a Ucrânia no Mar Negro, estava oferecendo uma mediação entre os lados. Ancara tem boas relações com Moscou e Kiev, e ao mesmo tempo que chamou a ação militar da Rússia de inaceitável, opôs-se às sanções contra o país.

Cavusoglu disse que em uma ligação com o presidente russo, Vladimir Putin, no domingo, o presidente Recep Tayyip Erdogan repetiu a oferta da Turquia para sediar a reunião, o que foi aceito por Lavrov mais tarde.

“Esperamos especialmente que este encontro seja um ponto de virada e um passo importante para a paz e a estabilidade”, disse ele, acrescentando que ambos os ministros pediram para ele participar das negociações.

O anúncio veio após dois dias de fracassadas tentativas de estabelecer um cessar-fogo para a criação de corredores humanitários para a retirada de civis de Mariupol, onde centenas de milhares de pessoas estão presas sem comida e água, sob bombardeio implacável e incapazes de retirar seus feridos em meio ao cerco das tropas russas.

Ao estabelecer relações estreitas com a Rússia em matéria de defesa, comércio e energia, recebendo milhões de turistas russos todos os anos, a Turquia também vendeu drones para a Ucrânia, irritando Moscou. Ancara também se opõe às políticas russas na Síria e na Líbia e se opôs à anexação da Crimeia da Ucrânia pela Rússia em 2014.

Negociações

Representantes dos governos russo e ucraniano reunidos em Belarus concluíram a terceira rodada de negociações nesta segunda-feira, sem alcançar avanços significativos.

De acordo com o negociador ucraniano Mikhailo Podoliak, as conversas tiveram pequenos avanços na melhoria da logística dos corredores humanitários. Houve discussões sobre um cessar-fogo e garantias de segurança para a retirada de civis, mas ainda não há resultados que melhorem significativamente a situação.

O principal porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, declarou que a Rússia está pronta para interromper as operações militares “em um momento” se Kiev cumprir uma lista de condições.

As exigências incluem o fim das operações militares do país, o reconhecimento da Crimeia e das províncias de Donetsk e Luhansk como território russo e uma alteração em nível constitucional para garantir que a Ucrânia mantenha uma neutralidade entre Moscou e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), comprometendo-se a não aderir à aliança.

Esta foi a declaração russa mais explícita até agora dos termos que quer impor à Ucrânia para interromper a invasão, que já dura 13 dias. (Com agências internacionais).

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Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, nesta quinta-feira, 21, mandados de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.
 
Os mandados foram expedidos após o procurador do TPI, Karim Khan, ter solicitado a prisão deles em maio, citando crimes relacionados aos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 e à resposta militar israelense em Gaza. O TPI afirmou ter encontrado “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu e Gallant têm responsabilidade criminal por crimes de guerra, incluindo a “fome como método de guerra” e os “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.
 
Netanyahu e Gallant são acusados de terem privado intencionalmente a população civil de Gaza de bens essenciais à sua sobrevivência, como alimentos, água, medicamentos, combustível e eletricidade, entre outubro de 2023 e maio de 2024. Essas ações resultaram em consequências graves, incluindo a morte de civis, especialmente crianças, devido à desnutrição e desidratação.
 
Mohammed Deif, líder militar do Hamas, também foi alvo de um mandado de prisão. O TPI encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Deif é responsável por “crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, extermínio, tortura, estupro e outras formas de violência sexual, bem como crimes de guerra de assassinato, tratamento cruel, tortura, tomada de reféns, ultrajes à dignidade pessoal, estupro e outras formas de violência sexual”.
 
Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI, incluindo o Brasil, o que significa que os governos desses países se comprometem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais.
O governo israelense rejeitou a decisão do TPI, questionando a jurisdição do tribunal sobre o caso. No entanto, os juízes rejeitaram o recurso por unanimidade e emitiram os mandados. O gabinete de Netanyahu classificou a sentença de “antissemita” e “mentiras absurdas”, enquanto o líder da oposição, Yair Lapid, a chamou de “uma recompensa ao terrorismo”. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett também criticou a decisão, considerando-a uma “vergonha” para o TPI.
O conflito na Faixa de Gaza, que se arrasta há mais de um ano, deixou milhares de mortos e devastou a região. A decisão do TPI simboliza um avanço na responsabilização por crimes graves, embora sua eficácia prática seja limitada, dado que Israel e os Estados Unidos não são membros do TPI e não reconhecem sua jurisdição.

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