Professora, sindicalista, filha de Dona Zenaide, primeira presidenta do Clube de Mães de Senador Canedo, mãe de Carol, Kátia Maria, presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT) em Goiás conta que foi criada em uma casa que era palco de organização de mulheres e que soube desde muito cedo a importância de colocar as mulheres em grupo, da organização das mulheres para que pudessem se proteger e também se fortalecer.
Dona Zenaide foi a primeira presidenta do Clube de Mães de Senador Canedo. Era na casa da mãe de Kátia Maria que as mulheres se reuniam para fazer as assembleias e onde tiravam ações.
Juntas, ajudavam na construção de casas, conseguiram, com a parceria da Igreja Católica, construir uma creche que levou o nome de Dom Fernando, faziam campanha para arrecadar agasalhos, alimentos, campanha pão e leite.
“Cresci nessa rede de mulheres que se fortaleciam umas às outras para poder enfrentar a aridez dos dias que o machismo, que não vem de agora, ele vem de muito antes, predominava”.
Este aprendizado de fortalecimento das mulheres e da necessidade da rede de proteção, segundo a presidenta do PT em Goiás, pautou sua vida e essa visão foi para todas as áreas em que atua. “Fui para o sindicalismo como professora e lá enfrentamos uma brava jornada de reconhecimento da categoria, de ascensão de cargos, onde nós conseguimos que mais de 300 professoras fossem enquadradas como nível superior em Senador Canedo. Então, em todos os espaços eu vinha ocupando dentro do setor público eu vinha com esse viés de emponderar as mulheres”, conta.
O mesmo foi feito, segundo ela, no movimento organizado, onde defende pautas prioritárias onde a igualdade de gênero seja uma realidade no dia a dia. “Eu fico muito triste nesse momento, onde o Estado de Goiás, que deixou de eleger uma governadora em 2018, registra aumento nos casos de feminicídio. Onde o governador chama a Polícia Militar e minha polícia. Um Estado onde todos os tipos de crimes são reduzidos, menos o feminicídio”. Kátia Maria lembra que no Rio Grande do Norte, estado com a única governadora eleita em 2018, Fátima Bezerra, que é do PT, a taxa de feminicídio diminuiu.
“Isso mostra que é importante elegermos mulheres. Governadoras, prefeitas, deputadas, presidentas da República, porque onde a mulher está, o trabalho com este recorte de gênero é mais forte. Ele é mais organizado. Ele é mais emponderado, porque tem o espaço de fala, de vivência e a mulher consegue traduzir isso nas políticas públicas”, defende. E isso se dá, segundo Kátia Maria, seja numa lei, “num programa de governo para que ela possa fazer com que as mulheres tenham acesso à saúde, à educação, ao emprego, à creche para atender aos filhos”.
Creche
Ex-candidata a governadora de Goiás pelo PT, Kátia Maria defende que a creche é o local onde é garantida a educação integral para as crianças, mas também é nela que a mãe encontra a tranquilidade para trabalhar ou estudar ou ainda realizar as demandas da vida da mulher, pois sabe que o filho está em um local seguro.
Ela cita uma pesquisa da ONU sobre mobilidade que mostra o trajeto que o homem e a mulher fazem na cidade. “É um trajeto mais fixado, porque ele vai de casa para o trabalho e às vezes na pelada, no bar com um amigo e volta para casa. A mulher, não. A agenda dela é muito mais pujante, fazendo com que a cidade seja viva e essas cidades precisam ser pensadas para as mulheres. Ela passa na creche, na escola, na casa da mãe, na farmácia, no supermercado…”. Kátia defende que é importante que Goiânia e Goiás avancem e rompam com o preconceito ainda da estrutura patriarcal, conservador para dar oportunidade para que as mulheres possam governar.
“Este tem sido o meu compromisso dentro do Partido dos Trabalhadores. Na eleição de 2020 elegemos 30% a mais de mulheres nas câmaras municipais em Goiás. Nosso trabalho é para que a gente avance também na eleição deste ano”. Kátia Maria disse que o PT tem trabalhado para garantir uma bancada expressiva com a participação de mulheres na eleição deste ano, principalmente para a Assembleia Legislativa. Atualmente, Goiás tem apenas duas mulheres na Alego: as deputadas Lêda Borges (PSDB) e Adriana Accorsi (PT).