Uma a cada três prisões por furtos em Goiânia, registradas entre os dias úteis de janeiro e fevereiro de 2022, foi por furto famélico, quando a pessoa comete o crime para se alimentar.
Segundo a Defensoria Pública de Goiás (DPE), foram realizadas 29 audiências neste período, sendo que 11 foram por furto famélico. Já entre julho de 2021 e fevereiro de 2022, a DPE atuou em 174 casos, destes 38 foram furtos para se alimentar.
Conforme o defensor público, Luiz Henrique Silva Almeida, a defensoria nunca registrou tantos furtos desta natureza, onde as pessoas furtam alimentos, medicamentos e produtos de higiene. Para ele, a situação reflete o cenário de pobreza extrema que muitos brasileiros enfrentam.
“O furto famélico se dá quanto alguém furta itens de sobrevivência em geral, imprescindíveis para a pessoa ou para algum familiar. Essa ação poderia ser tida como um crime, mas como a pessoa pratica o ato por necessidade extrema, ela não se encaixa no código penal. Porém, esse não é o caso de alguém que tenha condições e subtraia algo”, explicou.
Perfil
Ainda de acordo com Luiz, grande parte das pessoas que cometem furto famélico são desempregadas, estão em situação de rua ou estão em situação de miséria extrema.
“Hoje o Brasil tem mais de 20 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza. Esse dado pode ajudar a justificar o porque deste aumento de casos de furto famélico na capital, já que as pessoas não tem trabalho e precisam furtar supermercados e lojas para se alimentar”, concluiu.
Furto
No dia 24 de janeiro, por exemplo, uma mulher de 41 anos foi presa após furtar uma série de alimentos e produtos de beleza em um hipermercado do Setor Coimbra, em Goiânia. Em dinheiro, o total subtraído passava de R$ 200. A mulher foi pega com pacotes de macarrão instantâneo, salsicha, escovas de dentes, um queijo, um panetone, latas de sardinha, pacotes de bolo e alguns salgados.
Além dos alimentos, ela também escondeu na bolsa um vidro de acetona, creme para hidratação, alicate de unhas, esmaltes, unhas de gel e uma pinça. A mulher foi pega pelo gerente do mercado, depois te ser denunciada por uma outra cliente que presenciou a ação. Ela presa pela Polícia Militar (PM) por furto famélico, mas foi liberada.