Sindicato prevê fechamento de 10% das distribuidoras de gás goianas

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Além do impacto para as famílias, o aumento nos preços do gás e combustíveis, anunciado no dia 10 pela Petrobras, preocupa as próprias distribuidoras. Pelo receio de queda nas vendas e dificuldade de manter o orçamento no azul, os estabelecimentos podem vir a fechar as portas. Este pode ser o caso de 10% de todas as distribuidoras goianas, nos próximos dois meses, conforme estimativa do Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás da Região Centro-Oeste (Sinergás).

De acordo com o presidente da entidade, Zenildo Dias do Vale, com o reajuste de 16%, o botijão chega a R$ 130, em Goiânia, sendo que antes era encontrado pelo preço mínimo de R$ 110. Na média geral do estado, os preços variam de R$ 127 a R$ 140. “Ou a gente repassa o aumento, ou fecha as portas”, afirma. Segundo ele, já há consumidores parcelando o gás em até três vezes no cartão.

Por outro lado, ainda que o reajuste seja repassado, Zenildo prevê queda nas vendas. Segundo ele, o consumidor tenderá a usar estratégias para reduzir o uso do gás, como aquecer comida pelo microondas, ainda que isso represente aumento na fatura de energia.

“As vendas já tinham caído 20%, em Goiás, ano passado. E devem cair mais uns 10%. Só em 2021, o gás aumentou 56%. Em janeiro estava R$ 70, hoje encontramos até por R$ 140. O problema são os governantes e a Petrobras”, argumenta o presidente do Sinergás.

Bares e restaurantes

O preço do gás a granel saltou de R$ 5, há alguns meses, para R$ 8. Impacto direto aos estabelecimentos em que o produto é essencial: bares e restaurantes. “Na realidade, o reajuste da Petrobras é mais um aumento, já estamos com uma série de problemas de elevação dos custos: gás, energia elétrica, combustível, preços de verduras e carnes. A caixa de cenoura, por exemplo, historicamente só havia chegado a custar R$ 70. Hoje, custa R$180 e isto vem acontecendo com uma série de produtos”, relata o presidente do Sindicato dos Bares e Restaurantes do Município de Goiânia (SindiBares), Newton Pereira.

Ainda conforme relatou o presidente do sindicato, os reajustes nos insumos devem ser repassados para o consumidor, não só no preço do quilo no self-service, mas também no à la carte e nas demais modalidades. No entanto, Newton não especificou uma média de aumento dos preços, afirmando que depende de cada estabelecimento, de acordo com tamanho e serviços prestados.

“Estamos em um momento muito complicado. Por conta da pandemia, muitos proprietários estão endividados com empréstimo financeiro que fizeram. A maioria fez com a taxa [de juros] Selic a 2,5% e hoje está em 11,5%. É impraticável. Se não tivermos ação do Banco Central e do governo federal para fixar de alguma forma os custos das operações financeiras, tememos muita inadimplência ou muita quebradeira no setor”, argumenta Pereira.

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Mauro Cid confirma ao STF que Bolsonaro sabia de trama golpista

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava ciente de um plano para um golpe de Estado. O ex-ajudante de ordens foi ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes na última quinta-feira, 21, para esclarecer contradições entre sua delação premiada e as investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF).

De acordo com informações apuradas pela PF, a investigação revelou a existência de um plano envolvendo integrantes do governo Bolsonaro para atentar contra a vida de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes. Contudo, os advogados de Mauro Cid negam que ele tenha confirmado que Bolsonaro estava diretamente envolvido na liderança do suposto plano de execução.

Após prestar depoimento por mais de três horas, o advogado de Cid, Cezar Bittencourt, declarou que seu cliente reiterou informações já apresentadas anteriormente. A advogada Vania Adorno Bittencourt, filha de Cezar, declarou ao Metrópoles que Bolsonaro sabia apenas da tentativa de golpe.

O ministro Alexandre de Moraes validou a colaboração premiada de Mauro Cid, considerando que ele esclareceu omissões e contradições apontadas pela PF. O depoimento foi o segundo do tenente-coronel nesta semana, após a recuperação de arquivos deletados de seus dispositivos eletrônicos pela PF.

Bolsonaro indiciado pela Polícia Federal

No mesmo dia, a Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. O relatório foi entregue ao ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso no STF.

Entre os indiciados estão os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O grupo é acusado de crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, atuando em seis núcleos distintos.

Bolsonaro, em resposta, criticou a condução do inquérito, acusando Moraes de “ajustar depoimentos” e realizar ações fora do que prevê a lei. As investigações continuam em andamento, com implicações graves para os envolvidos.

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