Contra essa geografia não há o que fazer, diz bombeiro goiano sobre Petrópolis

Bombeiro que atuou nas buscas por vítimas em Petrópolis, no Rio de Janeiro, o capitão Higor Mendonça diz que a cidade é vulnerável a esses acontecimentos. A declaração foi feita durante entrevista ao Diário do Estado, sobre o novo deslizamento, ocorrido neste domingo (20), após um temporal que deixou pelo menos cinco mortos e quatro desaparecidos.

Até o início da manhã desta segunda-feira (21), a Defesa Civil do município registrou mais de 95 ocorrências. Em função do risco, alguns moradores precisaram deixar suas casas. Além disso, um sensor instalado em uma rocha, que fica no bairro 24 de Maio, causou movimento. Uma rua foi interditada.

Petrópolis: bonita, mas vulnerável

De acordo com o Capitão Higor Mendonça, a sensação que ficou na equipe goiana que participou das buscas às vítimas soterradas no dia 15 de fevereiro, é que apesar de linda, a cidade é extremamente vulnerável.

Bombeiros e cães, que atuaram nas buscas em Petrópolis. Foto: Divulgação Corpo de Bombeiros de Goiás

“Do que a gente viu lá, a sensação que ficou é que a cidade tem essa vulnerabilidade natural desde a sua fundação. Tem relatos aí de Dom Pedro II fazendo buscas sobre essa situação de enchentes no município.

Então, é uma posição geográfica que é muito bonita, é uma cidade linda de se ver, mas quando tem chuvas intensas, em um curto espaço de tempo, causa esses problemas na cidade. E isso ficou bem claro para gente”, relatou Mendonça.

Conforme o capitão, ela é composta por rochas, nas quais tem uma extensa camada de terra. Porém, quando ocorrem chuvas com alto volume de água, o solo tende a ceder. Por isso, deslizamentos podem ocorrer com certa frequência. Ainda de acordo com ele, não há o que possa ser feito.

“A cidade é cercada por morros, onde você olha é morro, e alguns pontos são habitados e são justamente esses que são críticos. A água desce com muita velocidade, desce com muito volume e o próprio sistema não comporta isso, e nem dá para aumentar esse sistema.

Contra essa realidade geográfica na cidade, não há o que fazer. São rochas, com uma camada de terra, aí chove, essas camadas se soltam e é onde ocorrem os deslizamentos”, explicou o Capitão.

Nova ajuda

Apesar dos riscos, o militar não acredita que ocorra novo desastre semelhante ao que aconteceu em fevereiro, onde 233 pessoas morreram e milhares ficaram desabrigadas. No entanto, a equipe goiana está preparada para contribuir caso haja necessidade.

“Uma eventual evolução de chuvas lá, com novos deslizamentos, pode acontecer, mas não será como na primeira vez, porque eles já estão retirando as pessoas. Mas, se acontecer, eles vão entrar em contato novamente para esse auxílio. Principalmente com o apoio dos cães”, afirmou Mendonça.

O Capitão ressalta que para os trabalhos de buscas em regiões de soterramento é essencial o apoio dos cães. Eles têm a capacidade de encontrar vítimas vivas e mortas, em um curto espaço de tempo.

“No primeiro cenário, as pessoas estavam em uma mata de terra, e a gente não tinha a menor noção de onde estariam os corpos. E os cães trabalham na indicação do local. Então, em pouco tempo conseguimos concluir a operação, o que não aconteceria sem os cães. A gente teria que ter escavado toda a área, como se fosse uma ‘agulha no palheiro’”, concluiu Mendonça.

A previsão para esta segunda-feira (21), em Petrópolis é de chuva forte, que pode se estender até a noite.

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Policial Militar é indiciado por homicídio doloso após atirar em estudante de medicina

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou que as câmeras corporais registraram a ocorrência. O autor do disparo e o segundo policial militar que participou da abordagem prestaram depoimento e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações. A investigação abrange toda a conduta dos agentes envolvidos, e as imagens das câmeras corporais serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
 
O governador Tarcísio de Freitas, de São Paulo, lamentou a morte de Marco Aurélio por meio de rede social. “Essa não é a conduta que a polícia do Estado de São Paulo deve ter com nenhum cidadão, sob nenhuma circunstância. A Polícia Militar é uma instituição de quase 200 anos, e a polícia mais preparada do país, e está nas ruas para proteger. Abusos nunca vão ser tolerados e serão severamente punidos,” disse o governador.
 
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Claudio Silva, avalia que há um retrocesso em todas as áreas da segurança pública no estado. Segundo ele, discursos de autoridades que validam uma polícia mais letal, o enfraquecimento dos organismos de controle interno da tropa e a descaracterização da política de câmeras corporais são alguns dos elementos que impactam negativamente a segurança no estado. O número de pessoas mortas por policiais militares em serviço aumentou 84,3% este ano, de janeiro a novembro, na comparação com o mesmo período do ano passado, subindo de 313 para 577 vítimas fatais, segundo dados divulgados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) até 17 de novembro.
 
O Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp) do MPSP faz o controle externo da atividade policial e divulga dados decorrentes de intervenção policial. As informações são repassadas diretamente pelas polícias civil e militar à promotoria, conforme determinações legais e resolução da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP).

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