“Minha vontade era de vomitar”, diz prefeito de Bonfinópolis sobre pastor em conversa de propina

A pequena Bonfinópolis, cidade de aproximadamente 10 mil habitantes, e distante 37 km de Goiânia, ganhou espaço na mídia nacional após o prefeito Kelton Pinheiro (Cidadania) denunciar que o pastor Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, pediu propina de R$ 15 mil em almoço posterior a uma reunião no Ministério da Educação (MEC), em Brasília, dia 11 de março.

O dinheiro deveria ser transferido imediatamente para a conta do pastor para a liberação de recursos para a construção de uma escola no município. “Após o almoço, o pastor Arilton passou de mesa em mesa falando com os prefeitos. Chegou em mim e foi direto. Pediu R$ 15 mil em dinheiro naquela hora. Eu disse que não pagaria por recurso público e ele respondeu que então não garantia nada e que nós que perderíamos”.

Segundo Pinheiro, o pastor Gilmar Santos, que preside a Convenção e é pastor da Assembleia de Deus, Cristo para Todos, no Jardim América, em Goiânia, ainda tentou intervir, falando que Arilton poderia fazer um parcelamento da propina. “Ele refutou dizendo que o dinheiro deveria ser pago integralmente porque, segundo ele, que me pedia propina naquele momento, prefeito é tudo malandro. Minha vontade era de vomitar”, contou. Arilton e Gilmar são acusados de encabeçar um esquema lobista junto ao MEC.

Kelton Pinheiro revelou que cerca de uma semana antes da ida ao ministério, foi procurado por assessores dos pastores, por telefone.

“Era um convite para falar com o pastor Gilmar, na igreja em Goiânia, sobre projetos e fui até ele no dia seguinte”. Ele chegou na igreja e foi recebido pelos pastores Gilmar e Arilton. “Foi o Arilton que perguntou sobre as demandas na área da Educação na cidade e falei sobre a necessidade de construir uma escola. Ele pediu um ofício para encaminhar ao MEC. Eu disse que não era assim que funcionava, mas ele falou que era só fazer o ofício. Foi quando perguntei qual o interesse dele neste processo”.

Teria sido neste momento que o pastor propôs que o prefeito de Bonfinópolis fizesse uma oferta para a igreja comprando “umas mil Bíblias”. Cada uma por R$ 50 para ajudar na construção da igreja. “Ele pediu uma oferta. Eu disse que poderia fazer uma oferta pessoal porque a prefeitura não pode comprar bíblias, mas ele não condicionou a compra das bíblias ao encontro com o ministro da Educação”.

Em Brasília, Kelton e o grupo de prefeitos levados pelos dois pastores ao MEC, participaram de uma reunião com o ministro Milton Ribeiro. “As palavras do ministro foram contra a corrupção, contra lobistas e muito técnicas, mas na mesa, além dos técnicos do ministério que nos atenderam depois, separadamente, estavam também os pastores Gilmar e Arilton”, lembra.

Foi depois da reunião que o pastor Gilmar convidou o grupo para almoçar no Restaurante Tia Zélia, em Brasília, o mesmo onde outras reuniões com prefeitos de municípios brasileiros aconteceram. “Foi neste almoço que o pastor Arilton pediu a propina de R$ 15 mil. Ele disse que no Brasil, as coisas funcionam assim”. Kelton Pinheiro conta que Bonfinópolis não recebeu nenhum centavo de recursos federais para a Educação desde então. “Nossos projetos estão protocolados formalmente, como devem ser, mas sempre consta que estão em análise”.

Matéria do jornal O Globo revelou que além do prefeito de Bonfinópolis, o prefeito de Boa Esperança do Sul (SP), José Manuel de Souza, também recebeu a proposta de pagamento de propina em dinheiro e em Bíblias. O pastor Arilton Moura foi apontado pelo prefeito de Luís Domingues, no Maranhão, Gilberto Braga (PSDB), como o autor do pedido de R$ 15 mil de entrada para a liberação de recursos do MEC para a construção de escolas e creches no município, com o ‘compromisso’ de pagamento de um quilo de ouro após a liberação dos recursos federais. Braga afirmou não ter aceito a proposta feita no Restaurante Tia Zélia, em Brasília, em abril de 2021.

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Taxa de desemprego entre mulheres foi 45,3% maior que entre homens

A taxa de desemprego entre as mulheres ficou em 7,7% no terceiro trimestre deste ano, acima da média (6,4%) e do índice observado entre os homens (5,3%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o IBGE, o índice de desemprego das mulheres foi 45,3% maior que o dos homens no terceiro trimestre do ano. O instituto destaca que a diferença já foi bem maior, chegando a 69,4% no primeiro trimestre de 2012. No início da pandemia (segundo trimestre de 2020), a diferença atingiu o menor patamar (27%).

No segundo trimestre deste ano, as taxas eram de 8,6% para as mulheres, 5,6% para os homens e 6,9% para a média. O rendimento dos homens (R$ 3.459) foi 28,3% superior ao das mulheres (R$ 2.697) no terceiro trimestre deste ano.

A taxa de desemprego entre pretos e pardos superou a dos brancos, de acordo com a pesquisa. A taxa para a população preta ficou em 7,6% e para a parda, 7,3%. Entre os brancos, o desemprego ficou em apenas 5%.

Na comparação com o trimestre anterior, houve queda nas três cores/raças, já que naquele período, as taxas eram de 8,5% para os pretos, 7,8% para os pardos e 5,5% para os brancos.

A taxa de desocupação para as pessoas com ensino médio incompleto (10,8%) foi maior do que as dos demais níveis de instrução analisados. Para as pessoas com nível superior incompleto, a taxa foi de 7,2%, mais do que o dobro da verificada para o nível superior completo (3,2%).

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