Por que Bolsonaro é responsável pela alta da inflação para 75% dos brasileiros?

Pesquisa Datafolha, divulgada nesta segunda-feira (28), indica que 75% dos brasileiros apontam o Governo Federal como responsável pelo aumento da inflação. Entre os ouvidos no levantamento, 39% acreditam que o governo tem muita responsabilidade na elevação dos preços, enquanto 36% apontam alguma responsabilidade.

Para Everton Rosa, economista e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), apesar do contexto adverso provocado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, a responsabilidade de equilibrar preços é mesmo do Governo Federal. De acordo com o especialista, o equilíbrio nos preços é tarefa do Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, e não vem sendo cumprido, mesmo antes do conflito no leste europeu.

“Os brasileiros que responderam à consulta estão muito conscientes de que, de fato, a responsabilidade é do governo. Tudo isso vem acontecendo ou porque existe uma política ou porque a política é inexistente”, afirma o especialista.

Na semana passada, o Banco Central elevou de 4,7% para 7,1% a estimativa de inflação para 2022, calculada com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A nova taxa está acima do teto definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que era de 3,5%. Em 2021, a inflação também superou o teto estipulado.

“Antes da guerra, o Brasil já estava com problemas inflacionários e era incapaz de controlar a inflação dentro do seu regime de metas. E eu atribuo esta responsabilidade ao governo federal. Se tem desemprego, crise e inflação, a responsabilidade é sim do Ministério da Economia. Ainda que o Banco Central tenha se tornado independente, a responsabilidade de controle de preços é do Ministério”, argumenta.

Em fevereiro de 2021, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei de independência do Banco Central. A expectativa de alguns economistas era de que a instituição não sofresse interferência política e que a novidade deixasse o Brasil com taxas de juros mais baixas, com controle mais efetivo da inflação. “Está provado que esta independência não era desejável nem tem resultado próspero. Desde então, estamos escalando na subida da taxa de juros e a inflação tem se agravado. Com a guerra, a expectativa é que se agrave ainda mais , seja por conta da escassez de insumos para o setor agropecuário, seja pelos reflexos no petróleo”, argumenta o professor.

Professor Everton Rosa é doutor em Economia pela Unicamp. (Imagem: Arquivo pessoal)

O que pode diminuir a inflação?

A longo prazo, na análise do economista, a saída é aumentar a produção. “Inflação se combate mexendo na cadeia produtiva, não com taxa de juros somente”. No entanto, com a escalada nos preços, medidas emergenciais e de efeitos mais rápidos devem ser tomadas, de acordo com o especialista. Ele destaca três: Petrobras, agronegócio e câmbio.

Segundo Everton Rosa, a Petrobras precisa servir como amortecedor das pressões externas que aumentam o preço do combustível. Atualmente, a estatal considera o preço que o barril de petróleo tem no mercado internacional para determinar por quanto venderá o produto em território brasileiro – é a Política de Paridade Internacional (PPI), que começou em 2016, na gestão de Michel Temer. “O aumento de preço do petróleo gera uma escalada nos custos de insumos básicos, em um país cujo frete é predominantemente feito em rodovias”, explica.

No agronegócio, o economista defende uma política agrícola. “A comercialização, hoje, é feita de forma relativamente livre. Então, logicamente, o produtor vai buscar quem pague o melhor preço, inclusive fora do país. Cabe ao governo garantir o abastecimento da população brasileira. Nós exportamos alimentos para vários países do mundo, enquanto falta aqui dentro para os brasileiros. Precisa de política de diversificação da produção para garantir ofertas e preços adequados para os brasileiros. Esta política tem que vir do Ministério da Economia”, argumenta o especialista.

Segundo Everton Rosa, a terceira medida necessária seria a de equilibrar o câmbio, que vem se desvalorizando. “Muitos insumos não conseguimos substituir internamente e, sempre que o câmbio é desvalorizado, vemos impactos inflacionários. Quando o câmbio valoriza, a chegada disso ao consumidor é mais demorada. A estimativa é de que um terço da nossa inflação seja causada pelo impacto do câmbio”, conclui.

 

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Goiás lidera crescimento econômico nacional com 3,5% em setembro

Goiás se destacou mais uma vez como o líder do crescimento econômico nacional em setembro, com um aumento de 3,5% na variação mensal, comparado ao mês de agosto. Este crescimento é mais de quatro vezes superior à média nacional, que foi de 0,8% no mesmo período. As informações são do Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR), medido pelo Banco Central e analisado pelo Instituto Mauro Borges (IMB).
 
A atividade econômica goiana também apresentou um significativo avanço interanual, com um crescimento de 4,7% em setembro de 2024 em comparação com o mesmo mês do ano anterior. No acumulado em 12 meses, o avanço goiano foi de 3,8%, enquanto no acumulado do ano, entre janeiro e setembro, o crescimento foi de 2,4%.
 
O secretário-geral de Governo, Adriano da Rocha Lima, atribuiu o crescimento observado a investimentos estratégicos e setores em ascensão. “Mais uma vez a economia em Goiás se destaca entre as demais unidades federativas com o índice divulgado. O crescimento observado é fruto de investimentos estratégicos e setores em ascensão que contribuem para o nosso desenvolvimento econômico,” afirmou.
 
O Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR) é um indicador considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) e é utilizado para monitorar o desempenho da economia em bases mensais. Ele mede a evolução da atividade econômica, considerando dados de setores como indústria, comércio e serviços.

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