Mesmo com surto de dengue, pneus são descartados de qualquer jeito em Goiânia

Descartar pneus em calçadas e lotes baldios é uma irregularidade que pode ser punida por órgãos municipais de fiscalização, mas também um perigo à saúde da população, uma vez que podem se tornar criatórios para o mosquito Aedes aegypti transmissor da dengue.

O avanço da doença em Goiás deixou o Estado na segunda posição em número de mortes no Brasil em 2022, com seis casos no primeiro trimestre. Somente a Bahia está na frente. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), quase 35 mil pessoas já foram contaminadas com a doença.

Para o coordenador estadual de Dengue, Zika e Chikungunya da SES, Murilo do Carmo, vários fatores contribuiriam para estes resultados ruins no estado, como a circulação de dois tipos de vírus, a dengue tipos 1 e 2.

“Nós temos um intenso período chuvoso no Estado de Goiás. Isso fez com que aumentasse a oferta de água nos criadouros e aumentasse a quantidade de Aedes aegypti. Somado a isso, a baixa adesão da sociedade em ajudar o poder público a conter o avanço dessa doença”, analisou.

O que muita gente não sabe é que alguns objetos, como pneus, não podem ser descartados como lixo comum. A Lei de Resíduos Sólidos, obriga fornecedores a organizar e a colocar em prática o sistema de logística reversa, ou seja, o retorno dos produtos após o uso pelo consumidor.

Estão inseridos neste rol de produtos, além de pneus, agrotóxicos, seus resíduos e embalagens; pilhas e baterias; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens, lâmpadas fluorescentes, de vapor e sódio e mercúrio e de luz mista; produtos eletroeletrônicos e seus componentes. O objetivo da lei é que os fornecedores reciclem tais produtos para minimizar a exposição deles ao meio ambiente, protegendo assim, a vida, a saúde e a segurança dos consumidores.

Na Chácara do Governador, a poucos metros da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Paulo Garcia, o DE flagrou uma pilha de pneus velhos descartados como lixo comum. Vizinhos ao local não souberam dizer quem fez o descarte irregular do material que pode se tornar um criadouro do mosquito da dengue.

Um borracheiro do setor reclamou que tem de pagar um rapaz para levar os pneus usados e inservíveis para os pontos de coleta da Prefeitura de Goiânia e conta que na gestão anterior a Comurg recolhia gratuitamente os pneus.
A assessoria de comunicação da Comurg informou que como Goiânia atende a lei da Logística Reversa, só recolhe pneus velhos em ações pontuais de limpeza nas margens dos córregos e rios da capital.

“Uma empresa contratada pelos fabricantes de pneus recolhe o material e dá o destino correto a eles”, contou João de Oliveira, da Comurg. Além disso, as pessoas podem levar até 4 pneus a um dos quatro ecopontos da Prefeitura.

Confira os pontos de entrega:

• Ecoponto Guanabara: Rua GB-5 c/ Rua GB-6, Jardim Guanabara II
• EcopontoFaiçalville: Av. Nadra Bufaiçal c/ Av. Madri APM, Setor Faiçalville
• Ecoponto Jardim São José: Rua Frei Nazareno Confaloni c/ Rua Irmã Maria Bernarda, Jardim São José
• Ecoponto Campos Dourados: Rua São João Del Rei APM 07, Res. Campos Dourados.

Segundo a Comurg, a população pode descartar também pequenas quantidades de entulho e móveis como sofás, lâmpadas, pilhas e baterias nestes ecopontos. “A intenção do prefeito Rogério Cruz é aumentar de 4 para 20 o número de ecopontos na capital até o final do ano.”, informou.

Foto: Walter Peixoto

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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