Comemorado nesta sexta-feira, 1º de abril, o Dia da Mentira teve origem na França, no século XVI. Em alguns países a data também é conhecida como o Dia dos Tolos. Neste dia, são comuns as pegadinhas entre amigos e familiares. Imagens de testes de gravidez, ilustram a mentira mais contada entre as mulheres, além do falso término de namoro, figurinhas que nunca carregam, falsas demissões, etc.
A criatividade é, sem dúvida, uma das principais qualidades do brasileiro. No entanto, algumas pessoas levam a mentira ‘muito a sério’, a ponto de se tornar um hábito no dia a dia. De acordo com a psicóloga Maria Madalena Gioia, quando a pessoa perde o controle sobre as mentiras que conta, isso pode se tornar uma doença conhecida como Mitomania.
“Todos nós já mentimos em algum momento da vida, mas quando a mentira começa a ser um comportamento contínuo e inconsequente da pessoa, aí sim, podemos nos preocupar e considerá-lo um comportamento patológico (doença)”, explicou a especialista.
Ainda de acordo com ela, contar uma mentira, muitas vezes, está relacionado com fuga da realidade. Ou, com a incapacidade de arcar com as consequências de um ato. Todavia, o mentiroso crônico ou patológico faz isso sem perceber. Vale ressaltar que todo hábito foi inserido na rotina, em algum momento da vida.
“A mentira compulsiva começa com uma mentira inocente, que geralmente está associada à necessidade de uma pessoa de obter atenção ou aceitação, principalmente em situações potencialmente constrangedoras. Mas depois, a mentira torna-se algo tão intrínseco e compulsivo para esse indivíduo, que interfere até mesmo na sua capacidade de julgar racionalmente uma situação, seja nos seus relacionamentos, seja na sua vida em sociedade”, detalha a psicóloga.
Mentira: mecanismo de defesa
A mentira também está associada a dificuldades de lidar com frustração ou críticas. Ela se torna um ”instrumento de defesa”. Conforme as mentiras trazem prazer, impunidade, alívio, sentimento de poder e aceitação, pode se criar um ciclo que reforce o comportamento compulsivo, ou seja, fora de controle.
No geral, pessoas que sofrem com essa patologia, têm necessidade de atenção excessiva, baixa-estima ou desejo de se esconder. Elas também podem ser contadoras de histórias repetidas, porém, o local e data da ocorrência se alteram. A mentira é contada tantas vezes, que em alguns casos, o mentiroso passa a acreditar no que foi dito, sem ajuda, ele passa a viver uma realidade paralela.
“Infelizmente essas pessoas raramente buscam ajuda, uma vez que muitas delas se acostumam tanto com esse hábito que, inclusive, começam a acreditar em suas mentiras, viver uma realidade paralela. Além de não conseguirem mensurar os riscos e perdas ocasionados por tal comportamento”, explica a especialista.
Ainda de acordo com ela, em alguns casos, a pessoa só percebe que isso deixou de ser “uma brincadeira”, quando outros transtornos mais graves vêm à tona.
“Muitas nem compreendem o isolamento no qual se encontram e as fichas só começam a cair quando esse comportamento envolve outros transtornos mais graves como: alcoolismo, transtorno de personalidade antissocial e esse indivíduo acaba cobrado judicialmente por suas enganações e manipulações”, explica Maria.
Para esta doença o principal tratamento é a psicoterapia. Neste processo, o paciente “começa a identificar a doença e a expressar quais são os aspectos da sua vida que geram tanta insatisfação a ponto de ele tentar fantasiar e viver outra realidade. ” A partir daí, ele começa a ter consciência dos gatilhos que desencadeiam suas mentiras, e o que deve ser feito para mudar. “Pode ser um longo processo, mas é bastante efetivo.”