A mulher que agrediu a motorista de aplicativo, Divania Moreira de Souza, de 37 anos, que está grávida de seis meses, por não aceitar fazer a corrida devido a cliente não usar máscara pode responder por três crimes, segundo o delegado responsável pelo caso, Joaquim Adorno. A agressora que não teve a identidade revelada deve ser ouvida nos próximos dias pelos crimes de injúria simples, injúria racial e lesão corporal dolosa cometidos contra a motorista no último domingo (03), no Parque Oeste Industrial, em Goiânia.
De acordo com o investigador, os crimes envolvendo racismo estão se tornando comuns. Apenas este ano, o Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), no qual Joaquim é responsável, realizou mais de 70 inquéritos envolvendo esse tipo de crime. O delegado afirma que 75% dos registros são sobre racismo.
“Caso seja condenada, ela pode pegar uma pena de quatro anos e seis meses de prisão. Até o momento ouvimos apenas a vítimas, que diz não entender ainda porque foi agredida, porque tanta raiva por parte da agressora. A gente também disponibiliza o telefone fixo 3201-2430 e o whatsapp 98495-2047”, explicou.
Agressão
Divania foi agredida na tarde deste domingo (03), após se recusar a fazer uma corrida com a passageira que estava sem máscara. Ela estava na quarta viagem do dia quando aceitou outra corrida no Parque Oeste Industrial, em Goiânia, mas ao chegar ao local se deparou com a mulher acompanhada da mãe, namorado e do filho. Todos sem máscara.
Temendo contrair a doença estando gestante, Divania – que fazia uso do equipamento de proteção individual – se negou a fazer a viagem, já que a mulher pretendia ir no banco da frente. Neste momento, a cliente partiu para cima da motorista, que teve escoriações em algumas partes do corpo.
“Ela estava visivelmente bêbada, gritava e falava que iria ligar para a polícia porque eu recusei a fazer a viagem. Eu desci do carro e comecei a gravar ela me xingando porque já estava esperando que ela fizesse alguma coisa, então ela começou a me agredir”, explicou.
Ainda de acordo com a motorista de aplicativo, a agressão mexeu com o seu psicológico. Ela teme ser agredida novamente enquanto trabalha.
“Estou abalada emocionalmente. Tenho medo de voltar a trabalhar como motorista de aplicativo e acontecer novamente o que aconteceu este final de semana”, concluiu.