Por meio da propagação da LIBRAS, a comunidade surda vem ganhando cada vez mais espaço na Internet. Nas redes sociais, digitais influencers vêm utilizando a Língua Brasileira de Sinais para interagir com seguidores e debater sobre os mais variados temas. Ao mesmo tempo, a acessibilidade entra em pauta com uma discussão inerente ao momento em que o País está passando.
O espaço dos surdos na Internet
Jorge Suede é presidente da Associação dos Surdos de São Paulo (ASSP). Ele começou a produzir conteúdo em sua página no Instagram durante a pandemia, no ano passado.
“O que me motivou foi o fato de que eu tenho um público que pode levar a minha voz para outros lugares, a voz do ativismo e da luta da comunidade surda”, declara.
Aos 26 anos, Jorge grava vídeos a respeito de diversas temáticas, desde o ativismo até assuntos do cotidiano. Por exemplo, após a premiação do artista surdo Troy Kotsur como Melhor Ator Coadjuvante no Oscar de 2022, Jorge emitiu o seu relato como uma pessoa surda.
Com o tempo, o seu alcance foi aumentando. Neste momento, o paulistano possui mais de 5 mil seguidores. “Não esperava, confesso. Ainda não ganhei algumas publiposts, então ainda não cheguei lá”, brinca.
Apesar da crescente popularidade da comunidade surda, Jorge acredita que o Brasil ainda não ostenta uma real acessibilidade. “Ao meu ver, falta muito para ser acessível. São tantas falhas, ainda mais em regiões não tão urbanas, como SP e RJ. A presença dos influenciadores contribui para que as pessoas tenham conscientização da importância de aprender”, explica.
Um goiano que interpreta LIBRAS
Gustavo Mendes não é uma pessoa surda, mas tem uma paixão por LIBRAS. O jovem goianiense, de 21 anos, começou a postar alguns poemas autorais em sua página pessoal entre abril e maio de 2021. Certo dia, uma amiga falou que um de seus textos parecia uma música da cantora Letrux, e ele teve a ideia de interpretá-la em LIBRAS.
Deu muito certo. Hoje, Gustavo conta com mais de 65 mil seguidores. Ele começou a entrar nesse mundo da LIBRAS após fazer uma disciplina na faculdade de Psicologia, pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Posteriormente, iniciou um curso de tradutor e intérprete, que ainda está fazendo.
“Os pontos positivos são o contato com a comunidade surda, conhecer muita gente. Era muito difícil ter esse contato quando estávamos online, e é importante esse contato para aprender a LIBRAS”, destaca Gustavo.
No entanto, ele alerta para os problemas: comentários negativos e se tornar uma influência do dia para a noite. “A questão mais difícil foi ser visto como referência da inclusão e anticapacitismo. São coisas que estou lutando junto, mas que não me pertencem”, diz.
Por esse motivo, o estudante quer futuramente se dedicar a outros temas além da LIBRAS nas redes sociais, justamente para não tomar o espaço de pessoas surdas. Ainda assim, ele é uma engrenagem importante na função de chamar a atenção para uma comunidade que ainda luta por espaço no Brasil.