O especialista em finanças Fernando Dias, concedeu entrevista ao Diário do Estado e falou sobre como uma pessoa endividada pode pagar seus débitos e fazer um planejamento financeiro adequado. Para ele, a crise econômica atrelada ao padrão de vida do brasileiro, que subiu ao longo dos últimos anos, é um dos culpados por várias pessoas estarem devendo.
Para Fernando, o endividado deve primeiro se organizar e saber a origem do seu problema. “A primeira coisa a se fazer é um diagnóstico. Quanto essa pessoa ganha? Quanto ela ganha? Qual o comportamento dela? O que levou ela ter esse endividamento? Assim que você identifica as entradas, os gastos dessa pessoa e porque ela está endividada é importante entender também o comportamento dessa dívida”.
Conforme o especialista, o local ou pessoa para quem o devedor possui o débito também deve ser avaliado. “Saber se a pessoa deve para uma empresa, para um banco, um agiota. Qual o tipo de relacionamento com esse credor. É importante saber a taxa de juros. Deve-se classificar as dívidas da maior para a menor taxa de juros”.
Na opinião de Fernando, o pagamento à vista é a melhor opção de compras que pode ser feita. “Sempre que puder, pague à vista. Nossa vida é cheia de incertezas e não tem como prevermos o futuro. Você não sabe se vai estar empregado ou não. Sempre que possível, opte por compras à vista. Até porque você sempre vai pedir desconto. Quando o lojista coloca o preço inicial ele considera uma possível venda a prazo ou mesmo uma inadimplência”.
Ele também falou sobre o planejamento financeiro. “Muitos especialistas dizem que você pode comprometer até 30% de sua renda. Eu prefiro ser prático. Eu montaria um planejamento financeiro. Poder ser feito de forma simples em um papel, no Excel, em um aplicativo. Eu gosto de projetar para os próximos meses as entradas de dinheiro previstas os gastos previstos. Aí vou saber se vai sobrar ou vai faltar dinheiro e se tenho condições de pagar à vista ou parcelado”.
Fernando afirmou que grande parte das dívidas foram originadas pela perda de renda da população por causa da crise econômica. “Nós estávamos acostumados com certo padrão de vida e a economia mudou muito. Temos que organizar nosso padrão de vida. Quando falo disso estou me referindo a quê? Se eu ganhava R$ 5 mil por mês e agora ganho R$ 3 mil, o que tenho que fazer? Será que vou ter que continuar morando na mesma casa? Será que vou ter que manter o mesmo carro? Será que mesmo filhos terão que estudar na mesma escola? Eu preciso adequar meu padrão de vida”.
Ainda sobre as dívidas, o especialista em finanças disse que só há duas saídas para quitá-las. “Qualquer pessoa que tem problemas financeiros só tem dois caminhos para a solução. Ou você aumenta sua renda ou diminui seus gastos. E quando diminuímos os gastos, chegará um momento em que chamamos de ‘osso’. Esse é o limite. Não tem mais para onde correr”.