Dengue: média em Goiás é cinco vezes maior que no Brasil; clima do Cerrado ajuda o mosquito

De acordo com dados desta segunda-feira (2), divulgados pelo Ministério da Saúde (MS), Goiás tem média de casos de dengue cinco vezes maior que a do país como um todo. Entre os goianos, são 1.336 diagnósticos para cada 100 mil habitantes. No Brasil, são 254 por 100 mil. Cidades com mais casos estão na região metropolitana da Capital e no Entorno do Distrito Federal.

Ao ser questionada sobre o que explica esta alta de casos, a gerente de Vigilância Ambiental e Saúde do Trabalhador da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Edna Covem, afirma que a dengue e outras doenças transmitidas por insetos, como a febre amarela, sempre foram endêmicas em Goiás. “Tem a ver com o bioma Cerrado, com o clima”.

A pesquisadora e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Adelair dos Santos, estuda o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, há 16 anos anos. Segundo ela, de fato, o clima da região ajuda o mosquito a sobreviver.

“No Cerrado, as temperaturas não mudam muito como no Sul, por exemplo, em que temos épocas de frio rigoroso. No sudeste também vemos mais chuvas fortes que provocam alagamentos e isso não é bom para o mosquito, porque a água destrói muitos criadouros. Aqui em Goiás, não temos tanto isso. Existe um período de seca, mas não é tão prolongado. Então, o mosquito aprende a se adaptar facilmente às mudanças da nossa região, que não são tão extremas”, explica a especialista.

Por outro lado, mesmo nos dias de seca, a especialista lembra que os criadouros dentro das casas continuam: bebedouros de animais de estimação, ar-condicionado de modelo antigo que acumula água, vaso de planta e até mesmo fossos de elevadores, nos quais, segundo a pesquisadora, o Aedes não só bota ovos, mas também pega carona, subindo até os andares mais altos.

Pandemia sem agentes

A pandemia de Covid-19 é tida como um problema que prejudicou o combate à dengue, zika e chikungunya – e não só porque as pessoas foram menos aos hospitais buscar diagnóstico. “Na pandemia, tivemos a suspensão de visitas domiciliares dos agentes de saúde e voltamos em outubro do ano passado. Isso comprometeu as medidas de controle e combate do criadouro. No fim do ano de 2021, quando voltou a chover, já percebemos o aumento de casos”, explica a representante da Secretaria de Saúde.

O ovo pode resistir centenas de dias, esperando a próxima chuva. A especialista conta que, em laboratório, já viu ovos de Aedes durarem mais de um ano em lugar seco. O vírus da dengue também consegue ficar “hibernando”. Em contato com a água, é questão de dias para um mosquito ser liberado. O ciclo do Aedes Aegypti, processo que acontece  desde que o ovo é colocado na água, até um novo inseto surgir, dura de uma semana a dez dias. “Não é só o clima do Cerrado. A verdade é que temos muitos focos de criadouros do mosquito em Goiânia, na cidade toda, em todos os bairros”, alerta a pesquisadora da UFG.

Além de tudo isso, Edna, da SES, afirma que o período mais intenso de chuvas dos últimos meses e o fato de estarem circulando dois tipos de vírus da dengue no estado, fazem com que o cenário seja pior.

Regiões de maior alerta para dengue

Edna Covem, gerente de Vigilância Ambiental e Saúde do Trabalhador da SES-GO. (Foto: Divulgação/SES-GO)

“A dengue está no estado todo”, afirma Edna. Por outro lado, a integrante da pasta estadual de Saúde explica que alguns locais preocupam mais pelo número de casos. Primeiro, a região metropolitana de Goiânia, como a própria capital, Aparecida e Senador Canedo; Segundo, o entorno do Distrito Federal: Luziânia, águas Lindas, Valparaíso e Nova Gama, por exemplo.

“A população não deve esperar piorar para procurar o médico. Começou a apresentar sintomas como náusea e febre, já deve ir ao hospital para checar”, explica Edna. Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), equipes da Saúde da Família e Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s) fazem diagnóstico e tratamento da população.

Na última semana, Goiás confirmou que duas gestantes contraíram zika vírus, o que alerta para o risco de microcefalia nos bebês. “As duas crianças já nasceram. Uma está bem, sem sinal de consequência da doença. A outra faleceu, mas por outra causa, não por conta da zika. As duas mães e o bebê continuam sendo monitorados”, afirma Edna, que conta ainda que não existem outros casos confirmados ou sob suspeita de zika em grávidas de Goiás.

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Hugo destaca avanço em cirurgias endoscópicas com melhorias e investimentos

O Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), unidade do governo do Estado gerida pelo Hospital Israelita Albert Einstein desde junho deste ano, realizou no final de novembro sua primeira cirurgia endoscópica da coluna vertebral. Essa técnica, agora prioritariamente utilizada nos atendimentos de urgência e emergência, é minimamente invasiva e representa um avanço significativo no tratamento de doenças da coluna vertebral, proporcionando uma recuperação mais rápida e menores riscos de complicações pós-cirúrgicas.

Segundo o coordenador da ortopedia do Hugo, Henrique do Carmo, a realização dessa técnica cirúrgica, frequentemente indicada para casos de hérnia de disco aguda, envolve o uso de um endoscópio. Este equipamento, um tubo fino equipado com uma câmera de alta definição e luz LED, transmite imagens em tempo real para um monitor, iluminando a área cirúrgica para melhor visualização. O tubo guia o endoscópio até a área-alvo, permitindo uma visão clara e detalhada das estruturas da coluna, como discos intervertebrais, ligamentos e nervos.

“Quando iniciamos a gestão da unidade, uma das preocupações da equipe de ortopedia, que é uma especialidade estratégica para nós, foi mapear e viabilizar procedimentos eficazes já realizados em outras unidades geridas pelo Einstein, para garantir um cuidado mais seguro e efetivo dos pacientes”, destaca a diretora médica do hospital, Fabiana Rolla. Essa adoção da técnica endoscópica é um exemplo desse esforço contínuo.

Seis meses de Gestão Einstein

Neste mês, o Hugo completa seis meses sob a gestão do Hospital Israelita Albert Einstein. Nesse período, a unidade passou por importantes adaptações que visam um atendimento mais seguro e de qualidade para os pacientes. Foram realizados 6,3 mil atendimentos no pronto-socorro, mais de 6 mil internações, mais de 2,5 mil procedimentos cirúrgicos e mais de 900 atendimentos a pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC).

A unidade passou por adequações de infraestrutura, incluindo a reforma do centro cirúrgico com adaptações para mitigar o risco de contaminações, aquisição de novas macas, implantação de novos fluxos para um atendimento mais ágil na emergência, e a reforma da Central de Material e Esterilização (CME) para aprimorar o processo de limpeza dos materiais médico-hospitalares.

Hoje, o Hugo também oferece um cuidado mais humanizado, tanto aos pacientes como aos seus familiares. A unidade implementou um núcleo de experiência do paciente, com uma equipe que circula nos leitos para entender necessidades, esclarecer dúvidas, entre outras atividades. Além disso, houve mudança no fluxo de visitas, que agora podem ocorrer diariamente, com duração de 1 hora, em vez de a cada três dias com duração de 30 minutos.

Outra iniciativa realizada em prol dos pacientes foi a organização de mutirões de cirurgias, visando reduzir a fila represada de pessoas internadas que aguardavam por determinados procedimentos. Essa ação viabilizou a realização de mais de 32 cirurgias ortopédicas de alta complexidade em um período de dois dias, além de 8 cirurgias de fêmur em pacientes idosos. Todos os pacientes beneficiados pelos mutirões já tiveram alta hospitalar.

Plano de investimentos para 2025

Para o próximo ano, além do que está previsto no plano de investimentos de R$ 100 milhões anunciado pelo Governo de Goiás, serão implantadas outras melhorias de fluxos e processos dentro das atividades assistenciais. Isso inclui processos preventivos de formação de lesões por pressão, otimização de planos terapêuticos, cirurgias de emergência mais resolutivas, e outras ações que visam aprimorar o cuidado dos pacientes.

O hospital também receberá novos equipamentos, como o tomógrafo doado pelo Einstein para melhorar o fluxo de pacientes vítimas de trauma e AVC, e um robô de navegação cirúrgica.

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