José Padilha admite que Lava-Jato não foi republicana e diz que Wagner Moura tem razão

O cineasta José Padilha anda fazendo autocrítica quando o assunto é política brasileira. O foco principal da reflexão é em relação ao ‘mecanismo’ de 2018, onde se coloca Sérgio Moro como um dos heróis da Operação Lava Jato. Ele se diz decepcionado com o juiz. A informação foi revelada pelo portal Yahoo.

“Olhando friamente para a Lava-Jato, minha opinião sobre a corrupção revelada na operação não mudou. Não dá para apagar a roubalheira, até porque as pessoas fizeram acordos para devolver bilhões de reais aos cofres públicos. Não tem como negar que, desde o mensalão até o fim dos governos do PT, houve uma corrupção institucionalizada gigante”, disse Padilha.

Para ele, essa corrupção não era exclusiva do Partido dos trabalhadores, ela envolvia outros partidos, e não restam dúvidas de que o mecanismo existiu, e ainda existe.

“O que mudou, na minha opinião, é que quando vazaram as mensagens trocadas entre o Ministério Público e o Moro, ficou óbvio que a condução da Lava-Jato não foi republicana”, completou Padilha em entrevista concedida à Veja.

O diretor ainda contou que demorou para ”perceber” os problemas da visão política que defendia, mas alega ter deixado claro que quando ”aprende com fatos” muda de opinião sem problemas. Ele contou ainda que os antigos posicionamentos o afastaram de amigos próximos, como o ator e diretor Wagner Moura.

”Mas é uma burrice você criar picuinha e estresse com um amigo por divergências em torno de política. Eu dou meu braço a torcer, e digo aqui: Wagner, você tinha toda a razão sobre a Lava-Jato. Sem problema nenhum”, disse.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp