O céu é o limite para esse paraciclista goiano. Carlos Alberto Gomes Soares, natural de Anápolis e criado em Alexânia, tem 27 anos e acumula diversos feitos na carreira. Por meio do esporte, ele se reinventou. E, com o tempo, vieram as conquistas pessoais e profissionais.
A jornada do paraciclista
Tudo começou com o mountain bike para o paraciclista. Carlos Alberto já andava de bicicleta no dia a dia, mas nada de competir. Trabalhava em uma oficina de bicicletas, e inicialmente o mountain bike era apenas um hobby.
Foi então que tudo mudou. Com diagnóstico de paraparesia estática, o goiano recebeu uma boa notícia de seu médico. Ele percebeu que a bicicleta estava ajudando no ganho de força nas pernas de Carlos Alberto. Com isso, o que havia começado como diversão, aumentou de importância e culminou na inscrição em provas amadoras.
Com isso, Carlos Alberto começou a se desafiar. “Eu sempre fui uma pessoa bem competitiva, mas comecei a ficar mais. Comecei a querer chegar na frente de pessoas que eu tinha chegado atrás em provas anteriores”, declara ao Diário do Estado.
Em 2017, o antigo técnico da seleção brasileira de paraciclismo o convidou para fazer parte da Copa Brasil, em Goiânia. Foi ali que Carlos Alberto se tornou paraciclista, por meio do esporte adaptado. No início, ele achou diferente, pois achava que não existia. Aos poucos, fez a sua classificação, indo inclusive com uma bicicleta emprestada por um amigo.
“Não imaginava que hoje estaria onde estou”, afirma.
Motivações e conquistas
De acordo com o próprio, Carlos Alberto nunca foi uma pessoa de se deixar levar por qualquer coisa. Nunca deixou de fazer nada, tentando todo tipo de esporte e brincando todo tipo de brincadeira na infância. O paraciclismo, no entanto, forneceu um novo ímpeto.
“O que me motivou bastante foi quando eu descobri que a bicicleta estava ajudando bastante na melhoria da minha deficiência, da estabilização dela. Eu tinha grandes chances de não caminhar mais, e isso me motivou a fazer mais força. Quando você começa a ganhar algumas coisas, isso também acaba motivando”, diz.
Em sua carreira, o goiano já participou de Copas do Mundo. Em 2019, conseguiu duas medalhas de bronze, uma na Bélgica e outra na Itália. Para ele, foram as de maior significado. Carlos Alberto participou também de mundiais de pista e estrada, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima. Desta forma, a paixão do paraciclista foi crescendo exponencialmente.
“A bicicleta me dá uma liberdade maior, são as minhas pernas. Em cima delas eu me sinto perfeito. Não que eu não seja, mas na bicicleta eu esqueço que tenho uma limitação”, completa.
E não para por aí. No ano passado, Carlos Alberto teve a chance de representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Não conquistou medalhas, mas a experiência foi incrivelmente enriquecedora. Segundo ele, a ficha não caiu até hoje, e a expectativa é estar em Paris em 2024.
Entretanto, não significa que os obstáculos não existam. “O maior desafio da carreira, não só para mim, mas para todos os atletas, é me manter no esporte. Requer uma aquisição financeira um pouco alta, os equipamentos infelizmente são caros. Quando se trata de competição, os valores são muito altos. Isso ainda pega muito atleta, para mim também”.