A possibilidade de parcelar pagamentos via Pix ainda é desconhecida entre os consumidores e até mesmo entre empresários mesmo após meses de lançamento. A ideia esbarra em muitos fatores, sendo a ausência de conta em banco e fintechs dos brasileiros um deles, conforme levantamento da Caixa Econômica Federal (CEF) durante a implementação do Auxílio Emergencial. Cerca de 40% dos contemplados nunca tiveram conta em uma instituição bancária, o que corresponde a 24 milhões de pessoas.
Nessa formato, a empresa ou pessoa continua recebendo o pagamento integral de forma instantânea, mas quem envia o dinheiro tem a opção de parcelar o valor pago. O mecanismo não é considerado uma operação de crédito para o Banco Central, por isso é válido como meio de pagamento oficial somente entre as instituições financeiras. A modalidade tem como uma das vantagens desconsiderar a existência de um cartão de crédito e funciona como um empréstimo pessoal. Atualmente, as taxas são a partir de 2,09% mensais.
“De forma geral, é mais uma opção que o brasileiro tem para pagar suas compras. Na atual situação de contração financeira, pode ser uma saída para quem não tem dinheiro disponível nem reserva financeira. O motivo da sua utilização poderia ser o esgotamento do limite no cartão de crédito, ou até o comprador não ser usuário do dinheiro de plástico”, explica o administrador de empresas e planejador financeiro José Mario Carvalho.
Por enquanto, o empresário Lucas Silva pretende manter as tradicionais formas de pagamento nas sete lojas de duas marcas de roupas masculina e feminina e nas outras cinco no sul do Brasil. Ele desconhecia a modalidade até ser informado pela reportagem do Diário do Estado.
“Só confirmando o pagamento é que sai com a mercadoria da loja. Eu conhecia aquele em que a pessoa agenda o pagamento do Pix que são feitos na hora, nós pedimos confirmação do cliente para entregar os produtos. Esse parcelado não estou apto a aderir ainda. A princípio meu parcelamento vai continuar sendo feito à distância por meio de um link ou presencial com o próprio cartão de crédito da pessoa”, afirma.
José Mário explica que a função de crédito do Pix não ameaça o mercado de cartões de crédito. O impacto, na perspectiva dele, seria nulo ou mesmo positivo. “Quem pretende utilizar o Pix parcelado será uma pessoa que ou não tem cartão, ou está com seu limite ‘estourado’. Ele pode vir a incrementar o mercado porque são mais de 126 milhões de usuários no Pix com mais de 438 milhões de chaves cadastradas”, destaca.