A frase ‘os pais que lutem’, nunca fez tanto sentido. Isso porque em plenas férias escolares, os papais e mamães precisaram se tornar professores, além de aprenderam a desenvolver habilidades para serem bem sucedidos nesse processo. Claro que as aulas em casa não substituem a dinâmica em sala de aula e os pais não substituem professores. Porém, esse novo método de aprendizagem em casa apenas surgiu como meio de controlar a ansiedade e o estresse das crianças, normalmente acostumadas com algum tipo de rotina.
Esses transtornos que tomam conta de muitas crianças durante as férias são provocados por essa mudança de rotina, visto que ao contrário de adultos, as crianças possuem maior dificuldade em se adaptar a novas tarefas ou a falta delas. Para a Neuropsicóloga, Eleuza Gonçalves Ferreira, as mudanças de comportamento nas crianças podem ser observadas dias antes das férias, devido a expectativa criada pelos pequenos alunos.
“Esse comportamento vem com a expectativa de fazer coisas boas, como brincar e ter tempo livre, fazer tudo que tiver vontade. Há aquelas crianças que pensam em viajar, visitar a avó. Isso leva a ansiedade para que cheguem as férias. Já o estresse acontece devido a síndrome de adaptação. Sempre que a criança vai se adaptar a uma nova rotina, ela acaba ficando estressada, mesmo que isso seja algo bom”, explicou.
Como identificar?
A especialista diz que algumas atitudes da criança podem indicar ansiedade e estresse, como agitação excessiva, irritabilidade e até a falta de movimentação. Para isso, é preciso que os pais fiquem atentos aos comportamentos dos filhos durante as férias escolares.
“Evitar esses transtornos é complexo, mas os pais podem ajudar as crianças a aprender a lidar com esses sentimentos. Por exemplo, programar passeios, eventos, brincadeiras e até atividades escolares. Outra coisa, se os pais tiverem tempo, é inserir os filhos nas suas próprias atividades, como pedir ajuda para fazer um lanche. Caso a pessoa não tenha tempo, pode desenvolver jogos que a criança pode brincar sozinha”, disse.
Manobras
A recepcionista, Thais Rocheanny, é uma das várias mães que assim como os filhos, também precisou se adaptar a nova rotina das férias. Ela diz que segue a risca os conselhos de Eleuza, desenvolvendo brincadeiras e até fazendo bolos com a sua filha Ana Laura Moura, de seis anos. Thais diz que começou a perceber a inquietação da filha logo nos primeiros dias em casa, quando ela começou a perguntar pela ‘tia’ da escola.
“Precisei criar uma rotina porque não vamos viajar. Todo dia leva a Ana na praça para ela não ficar apenas dentro de casa, a gente tem até uma lista do que fazer. Sempre fazemos receitas juntas, inventamos brincadeiras. Para ela não esquecer das coisas, a gente imprime tarefa, desenhos. Outra hora a gente brinca com balão d’água. É um modo dela não ficar apenas deitado, se não ela fica estressada mesmo”, contou Thais.
No entanto, há mães que não conseguem desenvolver atividades diárias devido a intensa jornada de trabalho. A recepcionista, Ruthiele Cássia, por exemplo, diz que tenta manter uma rotina com a filha, Mariana Gonsalves de Moura, também de seis anos, mas que muitas das vezes não consegue mantê-la.
“Ela está mais entediada com as férias porque não temos tempo de passear com ela. Todo dia ela pergunta o que vamos fazer e está mais no celular e vendo TV. É muito complicado. Quando está tendo aula eles dormem, brincam à tarde. Agora nas férias ela tem saído muito da rotina. A gente impõe algo para ela, mas com a correria acaba que não conseguimos acompanhar”, concluiu Ruthiale.