Órgãos de segurança pública de Goiás registram 23 trotes por hora, em 2022

O que parece uma brincadeira leve e descontraída para algumas pessoas, pode custar a vida de um ser humano. Assim são são os trotes, bastante praticados contra os órgãos de segurança pública e de saúde. Para se ter ideia, em 2022, corporações como a Polícia Civil (PC), Corpo de Bombeiros e Polícia Militar (PM) receberam 23 ligações indesejadas por hora, totalizando 566 por dia ou 16.980 por mês.

Durante todo o ano, juntas, as forças de segurança registraram 101.214 trotes. No mesmo período, foram registradas 250.341 ligações de todos os tipos. Ou seja, 45,7% de todas as solicitações eram falsas.

A prática é prejudicial ao trabalho das instituições, visto que ao invés de atender uma real necessidade, acabam perdendo tempo em linha com uma falsa ligação de urgência. Passar trotes aos serviços de emergência, no entanto, é crime e o infrator pode pegar de um a seis meses de detenção.

Além disso, pessoas com menos de 18 anos também podem ser punidas. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), esse tipo de ligação é um ato infracional gravíssimo e quem o comete deve ser encaminhado para a Vara da Infância e da Juventude para que sejam aplicadas as medidas socioeducativas.

“É importante que a população observe a necessidade de seriedade no tratamento com o canal de denúncias. Esse contato pode salvar vidas de pessoas que estejam sofrendo algum crime, mas, apenas este ano a PC recebeu mais de 8 mil denuncias falsas. Isso, de fato, causa um prejuízo ao atendimento, visto que muitas pessoas ligam alegando que viram pessoas com mandado de prisão em aberto ou que presenciaram um crime, mas quando vamos ver não passou de falsas informações”, explicou a chefe de comunicação da PC, delegada Paula Meotti.

Triagem

Para combater as ligações indesejadas, os atendentes das corporações realizam triagem com uma série de questionamentos que ajudam a identificar os trotes e, consequentemente, evitar desperdício de dinheiro público e danos à população, conforme explicou o capitão do Corpo de Bombeiros, Hugo de Oliveira Bazilio.

“Essas ligações falsas acabam por atrapalhar o nosso andamento. É feita uma triagem dessas ocorrências para que possamos avaliar, sendo que percebemos que muitas delas são trotes. Porém, diariamente, nos deslocamos até determinados locais, em média cinco, onde é constatado que é uma ocorrência falsa. Ou seja, a gente tem uma perda de recurso, tempo e efetividade no atendimento ao cidadão. Precisamos muito do apoio da população para combater essa prática”, reforçou.

Falso sequestro

Um caso recente de trote que mobilizou a polícia, por exemplo, foi o de uma mulher grávida de 9 meses, que agora é investigada por simular falso sequestro para fugir com o ex-namorado, em Aparecida de Goiânia, a fim de que a família não descobrisse que ela havia reatado o romance com o rapaz. O suposto sequestro chegou ao conhecimento da PC no última dia 30 de junho.

Depois de tomar conhecimento do caso e começar a investigar o sequestro, a corporação descobriu que a jovem grávida estava apenas fingindo, enquanto se escondia na casa do companheiro no Distrito Federal (DF). A jovem, inclusive, teria sacado R$ 19 mil de uma conta a pedido da família e depois fugido da cidade para se encontrar com o rapaz, com quem a família não aprovava o namoro.

Com as mensagens e fotos enviadas pela grávida durante a simulação, a delegada começou a procurar a localização do suposto cativeiro. Os policiais foram até o distrito de Nova Fátima para tentar encontrar a jovem, mas ‘passaram batido’. Porém, ao continuar analisando novas imagens, a corporação conseguiu identificar o prédio em que a jovem estava escondida no DF. Agora, caso seja condenada, a mulher pode pegar até um ano de prisão, além de ter que pagar uma multa.

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Policial Militar é indiciado por homicídio doloso após atirar em estudante de medicina

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou que as câmeras corporais registraram a ocorrência. O autor do disparo e o segundo policial militar que participou da abordagem prestaram depoimento e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações. A investigação abrange toda a conduta dos agentes envolvidos, e as imagens das câmeras corporais serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
 
O governador Tarcísio de Freitas, de São Paulo, lamentou a morte de Marco Aurélio por meio de rede social. “Essa não é a conduta que a polícia do Estado de São Paulo deve ter com nenhum cidadão, sob nenhuma circunstância. A Polícia Militar é uma instituição de quase 200 anos, e a polícia mais preparada do país, e está nas ruas para proteger. Abusos nunca vão ser tolerados e serão severamente punidos,” disse o governador.
 
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Claudio Silva, avalia que há um retrocesso em todas as áreas da segurança pública no estado. Segundo ele, discursos de autoridades que validam uma polícia mais letal, o enfraquecimento dos organismos de controle interno da tropa e a descaracterização da política de câmeras corporais são alguns dos elementos que impactam negativamente a segurança no estado. O número de pessoas mortas por policiais militares em serviço aumentou 84,3% este ano, de janeiro a novembro, na comparação com o mesmo período do ano passado, subindo de 313 para 577 vítimas fatais, segundo dados divulgados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) até 17 de novembro.
 
O Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp) do MPSP faz o controle externo da atividade policial e divulga dados decorrentes de intervenção policial. As informações são repassadas diretamente pelas polícias civil e militar à promotoria, conforme determinações legais e resolução da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP).

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