Em Goiás, recusa familiar por doação de órgãos aumenta 70%

A morte nem sempre é o fim. Pelo contrário, pode ser um recomeço para quem está na fila de espera por um transplante. Porém, externar o desejo de se tornar um “herói” no momento da morte é indispensável para que a família diga sim à doação. Trata-se de uma situação que preocupa a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), que aponta aumento de 70% na recusa familiar em 2022. Vale ressaltar que o estado realiza apenas o transplante de fígado, rins, córnea e medula óssea.

Com recusa da família, doação de órgãos cai 35%

Segundo a Central Estadual de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Goiás (CNCDO-GO), se comparado ao primeiro semestre do ano passado, o estado sofreu uma queda de 15% no número de transplantes gerais. O número de doações também caiu 35%.

A gerente da Central Estadual de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Goiás (CNCDO-GO), Enf. Katiúscia Christiane Freitas, pandemia da Covid-19, colaborou com a queda no nas operações desse gênero, assim como o aumento de pessoas que aguardam o procedimento.

“Apesar da gente, agora, está conseguindo monitorar melhor essa situação do Covid, do doador, na época (ponto crítico da pandemia), deu uma parada. O vírus mesmo assim está afetando está retomada. Mas, estamos trabalhando ativamente para melhorar tanto a questão da doação, quanto a do transplante”, disse a gerente da CNCDO-GO.

Segundo dados disponibilizados pela SES-GO, o procedimento mais procurado é o transplante de córnea. No mês passado, cerca de 1.316 pacientes aguardavam na fila para a realização da cirurgia, que ficou suspensa durante a pandemia. Em segundo está a troca de rim, com 223 pessoas esperando por um doador compatível.

Tabela disponibilizada pela SES-GO. (Foto: Divulgação)

Apesar dos números, o que preocupa a Central Estadual de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Goiás são as recusas das famílias de pacientes aptos a serem doadores.

“A nossa preocupação é com a recusa familiar, que aumentou em Goiás e também em nível nacional. Mas nós chegamos assim numa recusa que é de 70%. Nós fechamos o ano passado com 72% e esse primeiro semestre com 70%”, ressaltou Katiúscia Freitas.

Quem está apto a doar?

De acordo com a gerente da CNCDO-GO, em todos os casos em ocorrer morte encefálica (morte cerebral), a equipe da central realiza uma entrevista com os familiares do paciente, sobre a possibilidade de doação dos órgãos. Vale ressaltar, que aqueles que têm o desejo de ser um doador devem comunicar os familiares.

“Na lei de 1997 trouxe essa questão de colocar a intenção de ser doador na identidade, mas isso foi revogado em 2001. Hoje quem decide é a família. Quando o paciente deixa em casa avisado -“quando eu morrer, quero que doem meus órgãos”, isso faz toda a diferença, porque é muito difícil receber a notícia de morte e ainda ter que decidir sobre a doação”, explicou Katiúscia Freitas.

Vale ressaltar que os órgãos, os quais o estado não realiza o transplante, como o de coração e pulmão, são repassados para hospitais que atendem a demanda nacional. De acordo com a CNCDO-GO, em junho dois corações goianos foram encaminhados para outros estados.

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Mauro Cid confirma ao STF que Bolsonaro sabia de trama golpista

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava ciente de um plano para um golpe de Estado. O ex-ajudante de ordens foi ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes na última quinta-feira, 21, para esclarecer contradições entre sua delação premiada e as investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF).

De acordo com informações apuradas pela PF, a investigação revelou a existência de um plano envolvendo integrantes do governo Bolsonaro para atentar contra a vida de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes. Contudo, os advogados de Mauro Cid negam que ele tenha confirmado que Bolsonaro estava diretamente envolvido na liderança do suposto plano de execução.

Após prestar depoimento por mais de três horas, o advogado de Cid, Cezar Bittencourt, declarou que seu cliente reiterou informações já apresentadas anteriormente. A advogada Vania Adorno Bittencourt, filha de Cezar, declarou ao Metrópoles que Bolsonaro sabia apenas da tentativa de golpe.

O ministro Alexandre de Moraes validou a colaboração premiada de Mauro Cid, considerando que ele esclareceu omissões e contradições apontadas pela PF. O depoimento foi o segundo do tenente-coronel nesta semana, após a recuperação de arquivos deletados de seus dispositivos eletrônicos pela PF.

Bolsonaro indiciado pela Polícia Federal

No mesmo dia, a Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. O relatório foi entregue ao ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso no STF.

Entre os indiciados estão os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O grupo é acusado de crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, atuando em seis núcleos distintos.

Bolsonaro, em resposta, criticou a condução do inquérito, acusando Moraes de “ajustar depoimentos” e realizar ações fora do que prevê a lei. As investigações continuam em andamento, com implicações graves para os envolvidos.

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