Impacto financeiro do piso salarial da enfermagem acende alerta de hospitais

Adelvânio Morato fala sobre piso salarial enfermagem

Em cerimônia no Palácio do Planalto nesta quarta-feira, 4, o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a lei que estabelece o piso salarial nacional da enfermagem. Apesar de ter sido uma vitória na categoria, a decisão vem gerando desconforto nos hospitais. Isso porque os custos com profissionais aumentarão em R$ 16,31 bilhões por ano.

O piso salarial nacional da enfermagem

Até então, as categorias com vinculação à enfermagem não possuíam um piso salarial definido. Com a nova lei, a remuneração mínima de enfermeiros deverá ser fixada em R$ 4.750, com 70% deste valor para técnicos e 50% para auxiliares e parteiras. A lei entrou em vigor nesta sexta-feira, 5, após publicação no Diário Oficial da União (DOU).

Diário do Estado entrou em contato com Adelvânio Francisco Morato, presidente da Federação Brasileira dos Hospitais (FBH) e também da Associação dos Hospitais do Estado de Goiás (AHEG), para conversar sobre o impacto da decisão nos hospitais.

“A gente comemora, acho uma vitória para a categoria. O grande problema é que se coloca um piso salarial dessa maneira, nacional, em um país continental, com diferenças econômicas e sociais em todos os estados”, ressalta.

Segundo o médico, a AHEG não é contra o piso salarial da enfermagem, mas o questionamento é o seguinte: de onde vai sair o dinheiro para pagar? De acordo com ele, isso tudo é um jogo político e as pessoas não estão preocupadas com as consequências.

“O estado de Goiás não é diferente. Somos um estado pobre, não temos a condição de nos comparar com estados do Sudeste e Sul. Esse piso salarial deveria ser melhor definido. Criar mecanismos para que a fonte pagadora não seja a única pagadora”, afirma.

Quais são as soluções?

Nesta sexta-feira, 5, haverá uma reunião da AHEG justamente para definir quais serão os próximos passos. Antes disso, aconteceram conversas a respeito do assunto, mas quando tratava-se de uma hipótese. Com a confirmação da lei, a Associação precisa buscar uma maneira de se adequar à nova realidade.

“Vamos sentar com o departamento jurídico para não prejudicar os hospitais, pois a lei tem que ser cumprida. A situação é crítica, mas até semana que vem teremos algum posicionamento”, revela.

As votações do piso da enfermagem ficaram marcadas como um momento de raro entendimento e concordância entre as diferentes vertentes políticas que coabitam o Congresso Nacional. No Senado, a proposta obteve aprovação por unanimidade e, na Câmara, 97,3% das deputadas e deputados votaram a favor da matéria.

A presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO), Edna de Souza Batista, marcou presença na cerimônia de sanção do PL 2564/20, que garantiu o piso salarial nacional da enfermagem.

“Nossa vitória chegou. Com o apoio de cada profissional da enfermagem, chegamos à lei do nosso piso salarial”, diz a publicação do Coren-GO nas redes sociais. Contudo, o texto veta o artigo 15, que estabelece o reajuste anual conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O Coren está atuando para buscar derrubar esse veto.

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Desabamento de ponte TO-MA deixa 16 pessoas desaparecidas

Dois dias após o desabamento da ponte que liga os municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO) sobre o Rio Tocantins, uma força-tarefa composta por agentes dos dois estados e do governo federal continua as buscas por desaparecidos. O incidente ocorreu no domingo, 22. A Polícia Militar do Tocantins confirmou, até a manhã de terça-feira, 24, a morte de duas mulheres.

Uma das vítimas era uma residente de 25 anos de Aguiarnópolis, enquanto os dados da outra vítima ainda não foram divulgados. Além disso, um homem de 36 anos foi encontrado vivo e levado ao hospital de Estreito com uma fratura na perna. Atualmente, 12 adultos e três crianças permanecem desaparecidos.

Veículos envolvidos no acidente

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, ao menos oito veículos caíram no rio: quatro caminhões, dois automóveis e duas motocicletas. A presença de veículos carregados com ácido sulfúrico e herbicidas complica as buscas, pois as autoridades aguardam os resultados de exames da água para determinar se é seguro iniciar os trabalhos de busca com mergulhadores.

A Agência Nacional de Águas (ANA) informou que os caminhões transportavam 22 mil litros de defensivos agrícolas e 76 toneladas de ácido sulfúrico. Como precaução, o governo do Maranhão orientou a suspensão da captação de água para abastecimento público nas cidades banhadas pelo rio Tocantins até que se confirme se esses produtos se diluíram e não oferecem risco.

Condições da Ponte Juscelino Kubitschek

A Ponte Juscelino Kubitschek, inaugurada nos anos 1960, tinha 533 metros e já apresentava problemas conhecidos. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) realizou obras de reparos entre 2021 e 2023, mas a ponte necessitava de ‘obras de reabilitação’.

Em maio de 2024, um edital no valor de aproximadamente R$ 13 milhões foi lançado para a contratação de uma empresa especializada, mas a licitação fracassou. Um relatório obtido pelo jornal Folha de S.Paulo revelou que o Dnit sabia da situação precária da ponte desde 2019.

O professor de engenharia civil da Universidade Federal do Tocantins, Fabio Ribeiro, atribuiu o acidente a uma série de falhas. O Ministério Público do Tocantins aguarda a conclusão dos laudos técnicos para analisar possíveis providências.

O Dnit interditou o local e decretou situação de emergência para facilitar os trâmites burocráticos para a reconstrução da ponte, com um prazo estimado de 12 meses e um custo entre R$ 100 a R$ 150 milhões. Durante uma coletiva de imprensa, o ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou que mais de R$ 100 milhões serão destinados para a reconstrução imediata da ponte e que uma sindicância será instaurada para apurar responsabilidades.

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