Varíola dos macacos: teste rápido e barato da UFG não tem previsão para chegar à população

Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveram um teste rápido para a Monkeypox, conhecida popularmente como varíola dos macacos. O exame Lamp detecta o DNA do vírus, detecta o vírus logo no início dos sintomas, o que agiliza o diagnóstico. Além disso, cada exame custa em média R$ 3. Porém, apesar do custo benefício, ele não deve ser usado pela Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO).

De acordo com a UFG, o teste foi desenvolvido em três semanas, utilizando insumos 100% nacionais. Assim como o teste da covid-19, a solução muda de cor no caso da presença do DNA do vírus e o resultado sai em aproximadamente 40 minutos.

Segundo a professora do Instituto de Química da UFG e coordenadora da pesquisa, Gabriela Duarte, a agilidade no diagnóstico da doença em estágio inicial pode ajudar a conter o avanço e disseminação do vírus.

Professora do Instituto de Química da UFG e coordenadora da pesquisa, Gabriela Duarte (Foto: Arquivo Pessoal)

“Quanto mais rápido o paciente é diagnosticado com a doença, mais rápido pode se fazer esse isolamento e impedir com que ele transmita o vírus a outras pessoas, para que não vire uma coisa tão grande, que não se alastre tanto”, explicou Gabriela.

Diante disso, a professora afirma que “um teste que seja rápido e de baixo custo, pode ajudar muito a população”, não deixando que a doença tome proporções maiores. Ou, que até mesmo fique “incontrolável.”

Mesmo assim, por meio de nota enviada ao Diário do Estado, a SES-GO informou que não deve usar o teste desenvolvido pela UFG, “pois só pode aplicar testes que tenham registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e/ou com protocolos reconhecidos pelo Ministério da Saúde.”

De acordo com a pesquisadora, a melhor amostra é do líquido das erupções da pele, um dos sintomas da doença. Além disso, também é possível encontrar o vírus na urina, sangue e esperma, embora não tão concentrados.

Apesar disso, o teste da UFG ainda precisa ser validado, mas para isso, os pesquisadores precisam conseguir o painel de amostras dos pacientes. Para, a UFG já estabeleceu um diálogo com a SES para aquisição deste material. No entanto, diante da relutância da pasta, os pesquisadores não descartam uma possível parceria com secretarias de outros estados.

“Vai acontecer, às vezes não tão rápido como a gente gostaria, mas vai acontecer. A gente também tem outras possibilidades em outros estados. Então de um jeito ou de outro a gente consegue ( a validação do teste)”, ressaltou Gabriela.

Quadro epidemiológico em Goiás

Goiás já tem 51 casos confirmados de Monkeypox, conhecida popularmente como varíola dos macacos, de acordo com o boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) nesta segunda-feira, 8. Os 13 novos pacientes são todos homens, com idades entre 23 e 43 anos, e moradores de Goiânia.

Além disso, a pasta já aguarda o resultado de exames de 165 pacientes. Outros 35 casos foram descartados. E quatro pacientes contaminados já receberam alta médica. Os casos confirmados estão concentrados em: Goiânia (44), Aparecida de Goiânia (4), Inhumas (1), Itaberaí (1) e Luziânia (1).

“NOTA RESPOSTA SES-GO 

– O Estado não utiliza os exames da UFG, pois só pode aplicar testes que tenham registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e/ou com protocolos reconhecidos pelo Ministério da Saúde, quando se tratar de testes ‘in house’ (testes desenvolvidos por laboratórios clínicos, conforme seus próprios protocolos).

Secretaria de Estado da Saúde de Goiás”

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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