Além da Covid-19 e da Varíola dos Macacos, o estado pode enfrentar nos próximos meses uma epidemia de dengue, provocada pelo aumento assustador de casos da doença. Para se ter uma ideia, até o momento, a Secretária Estadual de Saúde (SES) notificou 226.656 casos de dengue, cerca de 305% casos a mais do que o registrado em todo ano passado. Ou seja, 42 pessoas foram infectadas pelo mosquito Aedes aegypti, por hora em 2022.
O número de mortes por dengue este ano também já é maior do que o registrado durante todo o ano passado. Segundo a SES, foram 85 mortes confirmadas, sendo que ainda existem outras 165 em investigação. Em 2021, por outro lado, 38 pessoas morreram por complicações da doença. Mesmo faltando quatro meses para o ano chegar ao fim, o número de pacientes mortos já é 123,6% maior do que o registrado em todo ano passado. Apenas em Goiânia foram 25 óbitos.
A doença, causada por um vírus, é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, também transmissor de outras doenças como a zika e a chikungunya. Os principais sintomas, conforme o coordenador de dengue, zika e chikungunya da SES, Murilo do Carmo, são febre alta, erupções cutâneas e dores musculares e nas articulações. Nas formas mais graves, a dengue pode causar hemorragia interna em órgãos e tecidos, podendo levar à morte.
“O estado registrou um aumento expressivo de chuvas esse ano, e quanto mais água nos criadouros, mais mosquitos vão aparecer. Outro motivo para o aumento dos casos é a circulação simultânea dos vírus da dengue. Por exemplo, existem quatro tipos de dengue, mas Goiás possui dois tipos em circulação. Além disso, há também o problema com a própria população que não faz o dever de casa, que é cuidar do quintal. Infelizmente, mais de 90% dos criadouros são encontrados em imóveis residenciais”, explicou.
Epidemia
Para Murilo, o estado já passou por uma epidemia de dengue no começo do ano, mas sofreu uma baixa no número de casos devido à estiagem. Porém, semanalmente, o especialista conta que são registradas mil notificações da doença mesmo sem a presença de chuvas no estado. Ainda sim, ele alerta a população para que realize a limpeza dos terrenos, a fim de evitar uma nova onda de casos a partir de outubro, quando as chuvas devem começar a atingir o estado novamente.
“Infelizmente a população tem deixado muito a desejar, em tirar aqueles 10 minutos do seu tempo para fazer o seu trabalho. Não existe nada de inovador para combater a dengue, a não ser as ações que já estão sendo realizadas, como aplicação de remédios e fiscalização. Porém, é preciso que a população ajude, que se tornem agentes de saúde das suas residências”, explicou.
Casos de chikungunya disparam
Além da dengue, a população também precisa se preocupar com a chikungunya, que também surpreendeu as autoridades de saúde após apresentar um aumento de 483,5%, em relação ao ano passado. De acordo com a SES, foram registrados 16 casos da doença por dia esse ano, totalizando 3.332 registros. A letalidade, no entanto, é inferior à da dengue. Até o momento foram duas mortes confirmadas.
“É um tipo de doença que nunca circulou pelo estado de Goiás. Ou seja, toda a população é vulnerável à doença, está suscetível a pegá-la. Os primeiros pacientes que contraíram a doença no estado foram registrados no ano passado. Há dois anos a gente monitorava casos de pessoas que tinham histórico de viagem. Porém, agora a doença se disseminou pelo estado. Já são quase 80 municípios com a presença confirmada da chikungunya”, concluiu.