Revolta e indignação são algumas das palavras usadas pelo Sindicato do Enfermeiros de Goiás (Sieg) para definir o sentimento dos profissionais após a suspensão do piso salarial para a categoria. Em resposta à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, os profissionais realizaram duas manifestações em Goiânia e organizam outra para a próxima sexta-feira, 9.
De acordo com a presidente do Sieg, Roberta Rios, a categoria espera pela aprovação do piso há 20 anos, por isso, não vai se calar diante da suspensão. Ainda segundo ela, a liminar atende a interesses dos empresários.
“Nós esperamos mais de 20 anos para esse piso ser aprovado. O primeiro projeto salarial tem mais de 20 anos, então tem mais de 20 anos que a gente tem lutado. Quando finalmente a gente consegue, vem essa liminar que suspende temporariamente, tudo isso para defender os empregadores e não o trabalhador”, afirma Roberta.
Ela destaca que, antes do projeto ser votado na câmara, foram feitas análises para verificar a viabilidade dele. Na época, de acordo Roberta, a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) disse que o custo anual seria de R$ 45 mil. No entanto, as apurações mostraram que era apenas R$ 16 milhões, tornando assim o piso de R$ 4.750 viável para as instituições públicas e privadas. Portanto, segundo Roberta, a justificativa apresentada para a suspensão do piso é “falaciosa”, ou seja, infundada.
Sem piso salarial, enfermeiros trabalha muito e ganham pouco
A presidente do sindicato diz ainda que atualmente, os técnicos de enfermagem trabalham 44 horas semanais, ou seja, de segunda a sexta das 8h às 18h e aos sábados meio período, para ganhar um salário mínimo. Enquanto, os enfermeiros graduados, realizam a mesma carga horária recebendo cerca de R$ 2 mil.
Por isso, segundo Roberta, a categoria está empenhada em lutar pelo retorno do piso. Já que estão “cansados da desvalorização”. Ela também afirma que este é o primeiro passo dos profissionais em busca do reconhecimento. E ressalta que a possibilidade de uma greve não foi descartada.
“A possibilidade de greve existe sim. Até porque o piso é constitucional e a categoria já está cansada de esperar”, conclui Rios.
Nesta segunda-feira, 5, um dia após a decisão de Barroso, enfermeiros e técnicos de enfermagem se reuniram em protesto. O movimento ocorreu no período da manhã em frente ao Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), onde uma nova manifestação deve ocorrer nesta sexta-feira, 9.
Roberta explica que o movimento previsto para sexta é um protesto nacional. Ou seja, vai acontecer simultaneamente em várias cidades do país.
Em Goiânia, são esperados ao menos 300, número aproximado dos presentes no último manifesto.