Nas últimas Eleições, a tendência de abstenções vem crescendo. Neste ano, o primeiro turno acontece no dia 2 de outubro, enquanto o segundo ocorre em 30 de outubro. Para entender melhor como a parcela da população que não comparecerá às urnas pode vir a afetar o atual pleito, o Diário do Estado entrou em contato com o professor e consultor de marketing político, Marcos Marinho.
As abstenções nas eleições
Nas Eleições de 2018, houve um índice recorde de quase 30 milhões de abstenções no 1º turno, o equivalente a 20,32% do eleitorado apto a votar. No 2º turno daquele ano, registrou-se uma redução de 1.431.109 no comparecimento dos eleitores, aumentando a abstenção para 21,3%.
Nas Eleições seguintes, em 2020, as abstenções subiram para 23,14% no primeiro turno, e no segundo turno 29,5% dos eleitores habilitados optaram por não comparecer às urnas. No entanto, Marcos Marinho enxerga como normal essa tendência, sobretudo quando analisamos o pleito de dois anos atrás.
“Já havia uma média crescente nos últimos pleitos. Eu considero que com 2020 temos que ter cuidado para analisar por conta da pandemia, que teve uma influência na abstenção exagerada. Mas, entendo como normal essa crescente, porque de fato não temos tido um processo de politização”, explica.
Segundo ele, as pessoas têm cada vez mais ficado descrentes com a atuação dos parlamentares, o que vai desmotivando o grupo no processo das Eleições. Assim, o eleitor começa a perder a vontade de participar, por não haver muita renovação, serem “sempre os mesmos”. Desta forma, tal eleitor não acredita que o seu voto tem de fato algum potencial para mudar o cenário.
Reflexo na disputa entre Lula e Bolsonaro
Marcos Marinho acredita que esse é um processo muito complexo de significação do pleito, da participação individual junto do coletivo. Quanto mais gente deixa de votar, mais pessoas são eleitas com menos votos do que precisariam, em um cenário no qual todos fossem votar. Nas Eleições presidenciais deste ano, o professor entende que isso pode prejudicar mais Lula (PT) do que Bolsonaro (PL).
“Eu penso que é mais possível afetar o Lula. Justamente por ele estar à frente, isso pode gerar o sentimento de que já ganhou, o que desmobiliza o eleitorado. O eleitor do Bolsonaro, com expectativa de derrotar o PT e o Lula, ele é mais aguerrido. O eleitor de esquerda, de centro, que não está satisfeito nem com Lula e nem com Bolsonaro, pode ser que se abstenha mais do que o eleitor do Bolsonaro”, diz.
Por fim, o consultor de marketing político conclui afirmando que, sempre que algum candidato está muito à frente, precisa tomar o cuidado de manter a militância aquecida para motivar o eleitor a ir votar. O eleitor tem o costume de achar que o seu voto não vai fazer diferença. Porém, se muitos não forem votar, isso acaba fazendo bastante diferença.