Apesar de ser 25% da população brasileira, pessoas com deficiência têm dificuldade para acessar mercado de trabalho

O dia 21 de setembro é dedicado à luta das pessoas com deficiência no Brasil. O registro é importante, mas ainda há muitos desafios, principlamente no ingresso desse público. A conquista do emprego geralmente é repleta de dificuldades, que são ainda maiores para candidatos com algum tipo de limitação. Problemas infraestruturais e culturais das empresas costumam ser os principais entraves para a entrada desses candidatos, apesar de corresponderem a 24% da população brasileira ou 46 milhões de pessoas, conforme o Censo 2010.

Empresas e candidatos reclamam de pontos que parecem não encaixar com os interesses de ambos. Uma lei criada há mais de 30 anos obriga o preenchimento de 2% a 5% dos postos de trabalho com reabilitados e pessoas com deficiência (PcD) nas corporações com mais de cem funcionários. Apesar disso, a democratização dos espaços não costuma ocorrer de forma ampla.

Fernanda Gomes, de 42 anos, teve paralisia cerebral ao nascer e se locomove com ajuda de uma cadeira de rodas. Somente há dez anos teve a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho. Ela enfrentou muito preconceito e se deparou com muitas portas fechadas quando os empregadores se davam conta que ela apresentava limitações físicas. 

“Sempre que me viam na entrevista diziam que a vaga já tinha sido preenchida e que naquele momento para determinada função, geralmente eram de auxiliar administrativo. Escutei com frequência, assim como colegas ainda escutam. Nenhuma outra empresa me aceitou. Por causa da questão infraestrutural, fica mais complicado, apesar de muita coisa já ter mudado para melhor”, destaca.

Um convênio entre o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran) e a Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (Adfego) foi a chance que ela precisava para ter a experiência no mercado de trabalho e para garantir renda. Fernanda havia encaminhado um currículo para a instituição de apoio a PcD, que foi redirecionado para a demanda de call center. 

Desde então, ela trabalha seis horas por dia prestando atendimento aos usuários da autarquia na própria Adfego devido ao espaço físico disponível estar adaptado. A coordenadora do departamento de seleção da Adfego, Ana Rosa, confirma o relato compartilhado por Fernanda. 

“As empresas afirmam que não encontram candidatos capacitados para algumas funções. Percebemos que as instituições realmente interessadas e decididas a contratar pessoas com deficiência conseguem. Um exemplo disso é a própria Adfego, que é uma prestadora de serviço e sempre fechamos nossas vagas”, diz.

Libras

Na Associação dos Surdos de Goiânia, a assistente social Marilza Parreira lida com um problema aparentemente simples, mas complicado para resolver em curto prazo. Os envolvidos não falam a mesma língua. Ela afirma que os pretendentes às vagas possuem as competências necessárias, porém os gestores não consegue orientar essas pessoas na equipe por não falarem na Língua Brasileira de Sinais (Libras).

“A meu ver a dificuldade já se apresenta na contratação. Muitos profissionais de Recursos Humanos das empresas perguntam se temos pessoas para preencher determinada vaga, mas pedem que ‘ouçam um pouco’. Alegam que conseguiriam se comunicar com o candidato. Eu respondo ressaltando que trabalhamos com pessoas com deficiência auditiva”, esclarece.

A limitação das vagas surge como mais um empecilho para os trabalhadores com deficiência. As opções costumam se restringir a áreas administrativas e call centers ou serviços gerais e almoxarifado. Para Ana Rosa, da Adfego, essas funções são consideradas pelas empresas mais acessíveis a esse público. 

No entanto, Marilza entende que seria uma espécie de preconceito. “Pensam que eles só conseguem desempenhar essas tarefas, mas sabemos que todos tem um potencial incrível”, pontua, ressaltando que se trata de uma chance para contribuir para a inclusão social, ganhar em diversidade e vivenciar novas experiências.

Incentivo

Um evento nesta quarta-feira, 21, promete colaborar para estreitar o caminho entre quem quer contratar PcD e quem se encaixa nesse perfil e quer trabalhar. A sexta edição do Fórum Goiano de Inclusão no Mercado de Trabalho das Pessoas com Deficiência e dos Reabilitados pelo INSS (FIMTPODER) promove um Dia D voltado para debate sobre superações e desafios no mercado de trabalho

A iniciativa pretende incluir essa parcela da população no mercado de trabalho goiano por meio de uma série de ações permanentes, como capacitações, oferta de vagas e apoio às empresas na preparação para a empregabilidade.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

MS alerta sobre ressurgimento do sorotipo 3 da dengue

O Brasil está enfrentando um aumento preocupante no registro de casos do sorotipo 3 da dengue, especialmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Amapá e Paraná. Essa ampliação foi observada principalmente nas últimas quatro semanas de dezembro de 2024, um período que tem alarmado as autoridades sanitárias do país.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o sorotipo 1 da dengue foi o mais predominante em 2024, identificado em 73,4% das amostras que testaram positivo para a doença. No entanto, estamos vendo uma mudança significativa para o sorotipo 3, como destacou a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, durante uma coletiva de imprensa recente.

O sorotipo 3 não circula no Brasil desde 2008, o que significa que grande parte da população está suscetível a essa variante do vírus. “Temos 17 anos sem esse sorotipo circulando em maior quantidade. Então, temos muitas pessoas suscetíveis, que não entraram em contato com esse sorotipo e podem ter a doença”, explicou Ethel Maciel.

Monitoramento e prevenção

Diante desse cenário alarmante, o Centro de Operações de Emergência (COE) está intensificando o monitoramento da circulação desses vírus. Uma projeção baseada nos padrões registrados em 2023 e 2024 indica que a maior parte dos casos de dengue esperados para 2025 deve ser contabilizada nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná. Nessas localidades, é esperada uma incidência acima do que foi registrado ao longo do ano passado.

O efeito do El Niño e as altas temperaturas, combinados com extremos de temperatura e a seca, contribuem para a proliferação de mosquitos, principais vetores da dengue. “Também temos o problema da seca, que faz com que as pessoas armazenem água, muitas vezes, em locais inadequados. E isso também faz com que a proliferação de mosquitos possa acontecer”, explicou Ethel Maciel.

Outras doenças vetoriais

Além da dengue, outras doenças vetoriais também estão sendo monitoradas. Nas últimas quatro semanas de 2024, 82% do total de casos prováveis de Zika identificados no país se concentraram no Espírito Santo, Tocantins e Acre. Já para a Chikungunya, 76,3% dos 3.563 casos prováveis identificados se concentraram em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul.

Os estados se repetem, alguns deles, para dengue, Zika e Chikungunya, destacou a secretária, evidenciando a necessidade de uma abordagem integrada na prevenção e controle dessas doenças.

A febre do Oropouche também apresentou um aumento significativo, com 471 casos identificados na primeira semana de 2024 e 98 casos na primeira semana de 2025. A maior concentração de casos está no Espírito Santo, com casos importados em outros estados como Rio Grande do Norte, Goiás, Distrito Federal, Paraná e Rio Grande do Sul.

Diante desses dados alarmantes, é crucial que a população adote medidas de prevenção, como eliminar locais de reprodução do mosquito Aedes aegypti e manter hábitos de higiene e vigilância sanitária.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp