Em 2022, fake news eleitorais questionam urnas e atacam Lula

Primeiro turno tem menor taxa de brancos e nulos desde 2006

As fake news estão presentes no cotidiano do brasileiro. Porém, em ano de eleição, a desinformação costuma aumentar muito. De acordo com levantamento da Poynter Institute, quatro em cada 10 pessoas recebem notícias falsas diariamente no país. Em relação ao pleito deste ano, as informações enganosas se concentram em questionar o processo eleitoral, com foco nas urnas, e atacar o candidato à presidência Lula (PT).

Fake news nas eleições 2022

Nas Eleições 2018, as fake news possuíam um objetivo claro. Naquele ano, a estratégia da direita, maior disseminadora de notícias falsas, era aumentar a polarização crescente no Brasil a fim de apresentar o então candidato Bolsonaro (PL) como uma mudança de ares.

Segundo a agência checadora de notícias Aos Fatos, alguns dos conteúdos desinformativos mais virais no Facebook, há quatro anos, eram de ataques ao PT. Entre as fake news, destacavam-se o “kit gay”, que seria utilizado por Fernando Haddad para “doutrinar” crianças; áudio falso de Padre Marcelo Rossi, apoiando Bolsonaro; a “mamadeira de piroca”; e urnas eletrônicas que autocompletavam a favor do PT.

O questionamento às urnas eletrônicas aumentou nas Eleições 2022. Uma das fake news de maior disseminação foi de que o título de eleitor teria um QR code que transferiria os votos a Lula. Além disso, há um vídeo com atribuição à Ursal afirmando que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deixa erros propositais nas urnas para que haja a substituição de votos bolsonaristas.

Seguindo em frente, uma outra fake news diz que Bolsonaro passará de 100 milhões de votos, na opinião de cientistas políticos. Para se ter uma ideia, no primeiro turno de 2018, quando a aprovação de Bolsonaro era maior, ele obteve pouco mais de 49 milhões de votos. No segundo turno, foram 57 milhões de votos.

Acusações ao Grupo Globo também são comuns neste ano. Um rumor expõe que a empresa enviaria recursos para os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, houve uma montagem em que William Bonner, durante o Jornal Nacional, anunciava uma falsa pesquisa Ipec com Bolsonaro à frente.

Sobre o Ipec, inclusive, o youtuber Gustavo Gayer declarou que o instituto fica no mesmo endereço do Instituto Lula. Mais uma fake news.

Panorama da desinformação

Segundo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a maioria das fake news circulava em formato de imagem (59,7%) nas Eleições 2018. Naquele ano, 19,6% do total era por vídeo, 12,5% em texto e 8,2% em áudio. Nas Eleições 2022, o panorama mudou. Agora, a maioria é por vídeo (37,3%). Textos consistem em 32,9% do total, seguidos por imagem (22,6%) e áudio (7,2%).

Uma pesquisa do Ipec, cuja divulgação aconteceu no dia 6 de setembro deste ano, indica que 85% dos brasileiros acreditam que fake news podem influenciar no resultado das Eleições. Dentro desse número, apenas 12% creem que não influencia, enquanto 3% não souberam ou quiseram responder.

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Gabinete de transição ganha reforço com Simone Tebet e Kátia Abreu 

Duas semanas após as eleições, o grupo de trabalho responsável pela transição do governo para a posse Lula ganhará reforços. Na lista de integrantes do gabinete que devem ser nomeados estão a ex-presidenciável Simone Tebet, a filha do cantor Gilberto Gil, Bela Gil, e a ex-ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Os nomes foram anunciados pelo vice-presidente eleito e coordenador do trabalho, Geraldo Alckmin,  nesta segunda-feira. Ao todo são 31 grupos técnicos.

Gil e Tebet fazem parte do tópico Desenvolvimento Social e Combate a Fome, enquanto Abreu de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. As áreas ainda sem nomes definidos são Infraestrutura, Minas e Energia, Previdência Social, Trabalho, Ciência, Tecnologia e Inovação, Desenvolvimento Agrário, Pesca e Turismo. (Veja abaixo todos os nomeados no gabinete de transição).

Na semana passada, a goiana Iêda Leal  foi incluída no grupo para cuidar do eixo e Igualdade Racial com outras seis pessoas, incluindo a ex-ministra da área na gestão de Dilma Rousseff, Nilma Gomes. As outras formações para discussão e planejamento são  Comunicação, Igualdade Racial, Direitos Humanos, Planejamento, Orçamento e Gestão, Indústria, Comércio, Serviços e Pequenas Empresas e Mulheres. 

Há 20 anos, uma lei federal garante acesso de uma equipe formada por 50  pessoas e de um coordenador a informações e dados de instituições públicas. A medida visa colaborar no planejamento de ações a partir da posse do presidente eleito. O trabalho está autorizado a  começar no segundo dia útil do anúncio do vencedor da eleição e deve ser finalizada até o décimo dia após a posse presidencial.

Confira a lista completa dos integrantes do gabinete de transição:

Economia

-Persio Arida, banqueiro, foi presidente do BNDES e do BC

-Guilherme Mello, economista, colaborou com o programa de Lula

-Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento de Dilma (PT)

-André Lara Resende, economista e um dos pais do Plano Real

Planejamento, Orçamento e Gestão

-Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento 

-Esther Dweck, professora da UFRJ

-Antônio Correia Lacerda, presidente do Conselho Federal de -Economia

-Enio Verri, deputado federal (PT-PR)

Comunicações

-Paulo Bernardo, ministro das Comunicações de Dilma

-Jorge Bittar, ex-deputado (PT)

-Cézar Alvarez, ex-secretário no Ministério das Comunicações

-Alessandra Orofino, especialista em economia e direitos humanos

Indústria, Comércio e Serviços

-Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES sob Lula e sob Dilma (2007-2016)

-Germano Rigotto, ex-governador do RS (MDB)

-Jackson Schneider, executivo da Embraer e ex-presidente da Anfavea

-Rafael Lucchesi, Senai Nacional

-Marcelo Ramos, deputado federal (PSD-AM)

Micro e Pequenas Empresas

-Tatiana Conceição Valente, especialista em economia solidária

-Paulo Okamotto, ex-presidente do Sebrae

-André Ceciliano, candidato derrotado ao Senado pelo PT no Rio

-Paulo Feldmann, professor da USP

Desenvolvimento Social e Combate à fome

-Simone Tebet, senadora (MDB)

-André Quintão, deputado estadual (PT-MG), sociólogo e assistente social

-Márcia Lopes, ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Lula

-Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Dilma Rousseff

-Bela Gil, apresentadora

Agricultura, Pecuária e Abastecimento

-Carlos Fávaro, senador (PSD-MT)

-Kátia Abreu, senadora (Progressistas-TO)

-Carlos Ernesto Augustin, empresário

-Neri Geller, deputado (PP-MT)

Cidades

-Márcio França, ex-governador de São Paulo (PSB)

-João Campos, prefeito do Recife (PSB)

Desenvolvimento Regional

-Randolfe Rodrigues, senador (Rede-AP)

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