Pequenos negócios dentro e fora da internet exigem mais que dom para se tornarem sucesso

O desejo de muitas pessoas é ter a carteira assinada ou a estabilidade do serviço público, mas as mudanças socioeconômicas “empurraram” jovens e adultos a experimentar o empreendedorismo. O atual cenário sinaliza que a tendência é o aumento de brasileiros chefiando seus micro e pequenos negócios, segmento responsável por parte da geração de empregos nacional e pouco mais de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB), chegando a 27%. 

Seja por vocação, necessidade ou acaso, atualmente 8,9 milhões negócios no País, sendo cerca de 645 mil  em Goiás, estão na ativa, de acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O caminho tem muitos obstáculos e quem consegue superar coleciona motivos para celebrar o desenvolvimento e amadurecimento pessoal e profissional. A chef de cozinha Jacqueline Dutra aprendeu a se manter de pé buscando aprimorar habilidades que não tinha antes de montar seu ateliê gastronômico.

Ela garante ter o melhor produto entre os poucos concorrentes na área de alimentação saudável e funcional no mercado goianiense. A ex-líder de bistrôs e restaurantes se arriscou em uma sociedade antes de decidir ter a própria empresa como uma conquista pessoal. Jacqueline buscou conhecer mais sobre o assunto e conseguiu entender como fazer a gestão do tempo para conseguir criar e vender, sem abrir mão de  nenhum dos aspectos. A determinação do preço  tinha parâmetros equivocados, o que comprometia as contas do pequeno negócios.

“Antes eu me baseava apenas na concorrência. Depois, eu entendi que o meu produto é exclusivo e isso não funcionava porque meu produto é de alta qualidade e artesanal. Hoje, me baseio no meu custo tendo o limite de 35% do CMV, que é o Custo da Mercadoria Vendida. Eu uso essa estratégia e consigo arcar com outros elementos, como gás de cozinha, energia, matéria-prima, investimentos…Felizmente tenho bons resultados”, detalha a gastrônoma.

Pré-requisitos dos pequenos

O estudo é a palavra-chave dos micro e pequenos empreendedores. O economista Luiz Carlos Ongaratto defende a capacitação constante como um dos pilares para o sucesso do formato de negócio gerador de renda  para 20 milhões de brasileiros, segundo o Ministério da Economia. As “disciplinas” básicas para os patrões são analisar outras empresas, gestão de negócios, administração, pessoas e finanças. Ele alerta que um bom produto e/ou ideia por si sós não se transformam em um empreendimento, muito menos em dinheiro sem outros elementos.

“Empreendedor é para a pessoa que batalha, estuda, trabalha e persiste. Não tem a ver com o dom, mas com habilidades. Todos têm a capacidade de  desenvolvê-las na área comercial, de gestão e financeira. É preciso entender que um pouquinho de cada coisa forma um negócio. A baixa qualificação, inclusive, costuma ser o maior erro dos empresários. O investimento em marketing também conta, especialmente para os produtos que precisam ser vendidos rapidamente, como os perecíveis”, afirma.

Marcar presença na internet colabora muito para pequenas empresas deslancharem nas vendas. A construção da imagem pesa muito na decisão de compra do consumidor, assim como trilhar a jornada do cliente em potencial. O especialista em marketing Adailson Soares atribuiu ao detalhamento do produto e à diversidade de opções parte dos maiores acertos dos empresários na internet.

“A pessoa pode olhar e não conseguir decifrar o que está sendo vendido nem como está sendo vendido. Um cadastro bem feito ajuda a gerar vendas. Outro aspecto elementar, mas que muita gente não se atenta, se trata da diversificação de redes sociais, que vão além de Instagram e Facebook”, frisa. 

Vencer o medo e reprovação da família foram alguns dos desafios da estilista Letícia Jayme. A empreendedora apostou na no desejo de criar roupas, nascido quando ainda era criança, para conseguir chegar ao patamar atual. O ateliê montado no Jardim Caiçara, em Goiânia, sofreu modificações até ganhar o perfil que a proprietária almejava e a quantidade de clientes sofreu um “boom”. A delicadeza, minimalismo e qualidade das peças atraiu mulheres de outros estados. Criar uma página na internet foi essencial para marcar território dentro e fora da internet mesmo já tendo seguidoras cativas em uma rede social.

“Estamos aprimorando as vendas on-line e criamos um site para facilitar as vendas em outros estados. Nesse momento, a dedicação está em melhorar ainda mais a experiência do cliente nas compras à distância buscando formas de atendimento para que se sintam seguras ao comprar, acertem a numeração e tenham a melhor experiência conosco. O objetivo a longo prazo é adequar a produção e ter uma equipe maior para atender a demanda atual”, projeta.

Para a estilista, uma loja física da marca que leva o seu nome está na lista de sonhos. O trabalho reconhecido pela “comunidade” que criou ao longo do tempo permite almejar outros passos com planejamento. Letícia afirma que as clientes consomem, elogiam e divulgam a marca presencialmente e virtualmente nas mídias sociais. Essa publicidade, especialmente no on-line por meio do marketing digital, exige menos investimento comparado há alguns anos, quando se limitava à tv e rádio e oferece maior possibilidade de alcance de público.

Atenção ao mercado

Adailson destaca que estar na internet pode ser considerado o atributo mais elementar dos micro e pequenos negócios. Conquistar consumidores pede ainda inovações e atenção às tendências, conforme fazem grandes players do mercado. Ele cita como exemplo a falência da maior rede de locadora de vídeos de filmes e videogames do mundo, a Blockbuster, por não migrar para o digital, o que deu espaço para crescimento da provedora de streaming Netflix.

“O online não pode converter em vendas propriamente dito porque quem vai fazer a venda é o empresário. Se você tem um bom produto com boa apresentação e uma boa comunicação, através do on-line essa venda será realizada. Não podemos nos esquecer do peso do pós-venda que fideliza clientes. Quando bem feita, pode fazer com que um cliente satisfeito leve outro a comprar”, frisa o especialista.

Com a pandemia, alguns hábitos de compra mudaram e consumir em micro e pequenos negócios se tornou mais comum pela facilidade e custo. A hashtag “Compre do Pequeno” viralizou na época para impulsionar as vendas em empresas de bairro. O analista do Sebrae Goiás, Paulo Renato Adorno, lembra que as pessoas querem estabelecimentos em diversos segmentos que atendem as necessidades, o que inclui gastar nada ou bem menos com deslocamento. Nesse sentido, serviços e alimentação nas redondezas da casa ou do apartamento acabam sendo mais procurados e tiveram de se adequar à nova realidade. 

“Comprar no bairro pode ser mais barato ou mesmo sair pelo mesmo preço que a pessoa pagaria em um grande mercado se pontuar todos os custos envolvidos. Todo bairro tem um comércio tipo salão, barbearia, depilação, açougue, alfaiate e padaria que juntos criam uma demanda, por exemplo, por avental que pode ser fornecido ou consertado pela costureira ali da região e outros necessidades que são atendidas por eles mesmos”, explica.

Sem querer querendo

A necessidade fez do jovem Ricardo Lemes procurar alternativas para ganhar dinheiro. Aos 20 anos, ele optou por empreender há alguns meses em um pitdog no bairro em que mora. O mercado de alimentação sempre chamou atenção dele, mas teve de passar os últimos dois anos trabalhando com o pai como chaveiro por ainda não ter conseguido entrar para a faculdade de Direito em uma universidade pública. Ele conseguiu juntar algumas economias e investiu na estrutura para montar lanches no setor Vila Nova, na capital.

“Tem sido bom, o retorno é até legal, mas não sabia que seria tão difícil. Eu dependo de entregadores, mas, como são freelancers, nem sempre aparecem e me deixam na mão. Algumas vezes, eu preciso deixar o chapeiro sozinho na produção para fazer o delivery dos sanduíches. Espero conseguir gerir melhor todos esses aspectos para melhorar o atendimento e a cozinha”, diz.

Uma das opções consideradas por ele para manter o pequeno negócio é terceirizar completamente as entregas em aplicativos de comida. Casos como o de Ricardo demandam precauções para evitar que entrem na estatística de mortalidade de pequenos negócios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A estimativa é de fechamento de 60%das micro e pequenas empresas em até cinco anos de fundação. 

O economista Ongaratto explica que as pessoas costumam desistir nesse período e começam a trabalhar em outro emprego com rendimento maior que o lucro obtido quando atuava como empreendedor. Além disso, podem ocorrer falência, crise financeira, inclusive por dificuldade no acesso a financiamento bancário. O capital próprio e fluxo de caixa auxilia a superar esses entraves, conseguir ampliar o faturamento para crescer e honrar os compromissos mensais, segundo ele.

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Início do Verão: O que esperar nas previsões climáticas?

O verão no Hemisfério Sul iniciou neste sábado, 21, às 6h20 (horário de Brasília), trazendo mudanças rápidas nas condições do tempo. Caracterizado por chuvas intensas e ventos fortes, este período também marca os dias mais longos e temperaturas elevadas em todo o país.

Segundo o Prognóstico Climático de Verão divulgado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o fenômeno La Niña terá uma duração mais curta nesta estação. A probabilidade de prevalecimento dessas condições é de 60% entre janeiro e março, caindo progressivamente para 40% entre fevereiro e abril de 2025. A meteorologista do Inmet, Maytê Coutinho, explica que as previsões climáticas indicam o predomínio de chuvas abaixo da média climatológica em grande parte do país.

Regiões afetadas pelas previsões

A região Norte é uma exceção, com previsão de chuvas acima da média. No Nordeste, o total de chuvas entre janeiro e março deverá ser menor. Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, as chuvas devem ficar entre o normal e abaixo da média. “Mesmo com a previsão de chuvas abaixo da média, no noroeste do Nordeste podem ocorrer chuvas mais volumosas em alguns períodos”, pondera Maytê Coutinho.

Na região Sul, onde os volumes de chuvas são naturalmente menores nesta época do ano, as chuvas devem permanecer na faixa normal ou abaixo do normal. No Rio Grande do Sul, a previsão é de chuvas no extremo sul do estado inferiores a 400 milímetros.

Condições oceânicas e zona de convergência intertropical

As águas mais quentes no Atlântico Tropical Norte e mais frias no Atlântico Tropical Sul formam condições para a manutenção da Zona de Convergência Intertropical atuando ao norte da sua posição média climatológica. Essas condições podem impactar atividades econômicas como a agropecuária, a geração de energia por meio de hidrelétricas e a reposição hídrica para manutenção dos reservatórios de abastecimento de água em níveis satisfatórios.

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