A confirmação de 58 casos e 10 mortes por meningite em São Paulo acendeu o alerta para a importância de prevenir um eventual surto da doença em Goiás por meio da vacinação. Os casos são recorrentes no país e assustam pelo risco de sequelas e óbito. Em 2022 já foram registrados 108 casos e 17 falecimentos, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO). No ano passado foram 111 casos totais e 10 óbitos.
O infectologista Marcelo Daher não acredita que Goiás terá aumento de casos de meningite, mas a grande circulação de pessoas em todo o País exige atenção. Segundo ele, a imunização evita até mesmo os casos esporádicos com os cuidados individuais. A vacinação evita que as pessoas, principalmente as crianças – o grupo mais acometido pela doença -, desenvolvam quadros graves.
“Podem haver diversos fatores que desencadeiam a doença, como bactérias, vírus, fungos, química, doença autoimune e doença não inflamatória. Não temos vacinas contra todos os tipos, somente contra as causas mais comuns. Na década de 1990 havia uma bactéria com maior circulação entre crianças abaixo de três anos que causava bastante internação hospitalar. Foi criada a primeira vacina que permitiu a imunização para um dos tipos da doença”, diz.
A rede pública de saúde oferece para as crianças a vacina meningocócica conjugada sorogrupo C, a vacina pneumocócica 10-valente (conjugada), a vacina Pentavalente, a BCG e a vacina meningocócica ACWY (conjugada), que está disponível apenas para adolescentes de 11 a 14 anos de idade. Segundo Daher, as doses contra meningocócica B na rede privada é comercializada na rede privada. Pessoas fora da faixa etária estipulada pelo Ministério da Saúde podem se vacinar, mas somente nas clínicas particulares de imunização.
Outra medida de prevenção e de controle da infecção por meningite é baseada na quimioprofilaxia com antibióticos. O tratamento é indicado somente para os contatos próximos de casos suspeitos de meningite por Haemophilus influenzae tipo B e doença meningocócica, sendo de responsabilidade do município onde ocorreu o caso realizar o bloqueio e orientações a todos os contatos próximos ao doente.
Dor de cabeça
A dor de cabeça é o sintoma comum entre as meningites virais e bacterianas. Foi justamente a intensidade que levou a empresária Christiana Resio ao hospital. Ela estava em tratamento contra um aneurisma cerebral quando passou mal. Inicialmente, a família acreditou que a artéria havia se rompido, mas um exame confirmou o diagnóstico de inflamação das meninges por bactéria, a membrana que cobre o cérebro.
“Chegando ao hospital fizeram ultrassom e não identificaram o meu problema. Aplicaram morfina e mesmo assim eu continuava gritando de dor. Por fim minha médica solicitou a coleta do líquido da coluna. Era num sábado e a cirurgia de aneurisma estava marcada para a terça da semana seguinte. Se tivesse sido operada, eu teria morrido. Fiquei internada por um mês tomando medicação na veia”, lembra.
No caso das meningites virais, o quadro é mais leve. Os sintomas se assemelham aos das gripes e resfriados, como febre, dor de cabeça, mas com rigidez da nuca. Por outro lado, as meningites bacterianas são mais graves e devem ser tratadas imediatamente. Os sinais marcantes são febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpovacina
A transmissão da meningite bacteriana ocorre de pessoa a pessoa, por via respiratória, por meio de gotículas e secreções das vias aéreas superiores. No caso da meningite viral, além da transmissão respiratória, há a transmissão via fecal-oral.